43 - Sophia

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Demorei a fazer Luke acreditar que apenas não me alimentei direito antes de beber. Ele me olhava desconfiado quando fomos dormir e continuou me olhando desconfiado quando acordamos.

Coloquei um Mike esperneante no carro e seguimos viagem. Não falei durante a viagem, ocupada em meus pensamentos... eu tenho tomado  anticoncepcional, não posso estar grávida, não é?

A viagem não demorou muito, isso explica o motivo de encontrarmos Gustavo no hotel, era perto da casa dele, afinal. Subimos uma serra que pareceu interminável e no fim chegamos a um tipo de bairro? Vilarejo? Não me importo, o lugar parecia mágico.

Luke observou minha expressão e sorriu presunçoso.

- Eu sabia que você ia gostar.

- Ah é? Por que?

- Por causa dos livros que você sempre escolhe pra ler...

Paramos em frente à uma casa que mais parecia um castelinho. Luke puxou meu capuz, tampando meu cabelo e descemos.

- Essa é a casa da sua família? - perguntei impressionada. - que seu padrinho mencionou?

Luke olhou para a casa com as mãos no bolso e um claro desgosto em sua expressão.

- É.

Entramos na casa e tive um acesso de tosse devido a poeira. A quantos anos essa casa estava fechada? Passamos o restante do dia limpando, parando apenas para comer uns lanches que Luke saiu para comprar, e no final do dia não havíamos limpado nem metade.

Dormimos no quarto principal, e recomeçamos no dia seguinte. Luke limpava a estante na sala quando a campainha tocou, ele revirou os olhos e se voltou para mim.

- Que tal você subir e colocar aquela peruca?

Fiz isso enquanto o ouvia resmungar sobre a esperança da campainha não estar funcionando. Ao voltar encontrei uma senhora e uma menina que parecia ser apenas um pouco mais nova do que eu, ambas segurando uma travessa.

- Olá. - A senhora sorriu ao me ver. - Ouvimos que alguém havia se mudado para cá, sabe... achei que haviam vendido a casa finalmente. Mas que surpresa boa que seja você Luke, e sua...?

O olhar de tédio de Luke sumiu ao olhar para mim. Ele deu um sorriso travesso.

- Minha esposa. - Respondeu. Tossi para disfarçar a exclamação que soltei ao ouvir a mentira, Luke me puxou para ele ainda sorrindo cinicamente. - Dona Liz, essa é minha esposa Bela.

A senhora soltou uma das mãos da travessa e apertou a minha, apresentando a jovem que se chamava Liria, sua neta. Ela nos ofereceu as travessas, que continham empadão e um bolo, se oferecendo para ajudar no que precisássemos. Apesar de todo sorriso eu percebi que ela não parava de olhar para as cicatrizes de Luke, claramente curiosa. Quando o viu pela última vez ele provavelmente não as tinha, então.

- Esposa? Bela? - Perguntei quando elas se foram, cruzando os braços.

Luke deu uma mordida no pedaço de bolo e deu de ombros.

- Você é bonita... Bela é fácil de lembrar.

°°°°°°

Os dias se passaram e eu estava encantada com o lugar, o clima frio, as lojas aconchegantes, as casinhas rústicas.... eu poderia ser feliz alí em outras circunstâncias.

Passei mal mais duas vezes, mas não tinha coragem de dizer a Luke minha desconfiança. Eu estava morrendo de medo, na verdade.

- Você está voltando a ficar apática... - Comentou Luke um dia, se servindo de café. - Achei que iria gostar daqui onde não precisa se esconder.

Joguei meu café na pia ao enjoar com o cheiro e me virei para ele.

- Onde não preciso me esconder? - perguntei cruzando os braços. - Me esconder é a única coisa que estou fazendo nesse lugar.

Luke levantou as sobrancelhas e bebeu um gole de sua xícara. Se sentou e me avaliou por uns instantes.

- O que você sugere? - perguntou.

- Como assim o que eu sugiro? Sugiro que me deixe aparecer diante das pessoas como eu de verdade, que me deixe ver minha família e dizer que não estou morta.

- Quer voltar pra sua família? - perguntou se reclinando na mesa e cerrando os olhos.

- É claro! - Respondi exasperada. O que passava pela cabeça dele? Que eu simplesmente abriria mão de vê-los pra sempre?

- Pensei ter ouvido que você nunca iria me deixar, Sophia....

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra...

- Não. - me interrompeu ele ficando de pé.

- Não o que?

- Não, Sophia. Você não vai voltar pra sua família, merda. - Respondeu começando a alterar a voz. Chutei a cadeira ao meu lado, fazendo com que tombasse, Luke não desviou o olhar.

- VOCÊ ESTÁ ME DEIXANDO MALUCA!

- Que bom, querida. Assim você vai combinar mais ainda comigo. - Respondeu com um sorriso. Contornei a mesa para sair da cozinha e Luke me segurou com força pelo braço.

- Eu sempre te disse que cuidaria de você. - falou em um tom de voz muito diferente. - Mas eu não vou admitir que vá para longe de mim. Espero que não esteja criando ideias na sua cabeça, Sophia.

Engoli a vontade de chorar e puxei meu braço de suas mãos. Luke enfiou as mãos no bolso e me olhou como se tentasse ler meus pensamentos. Lhe dei as costas e me tranquei no quarto.

Nota da autora: Oii, vendo que vocês estão ficando ansiosos, então decidi adiantar as postagens da história. Vou esperar dar 00:00 pra postar o próximo capítulo. Tentarei postar dois por dia. 🥰


PrisioneiraWhere stories live. Discover now