86 - Luke

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Acelerei meu carro o máximo que eu podia nas ruas estreitas, disposto a me afastar o mais rápido possível de Gustavo... caso contrário eu voltaria pra socar a cara dele.

Porra. Tantas mulheres no mundo e ele vai se apaixonar pela minha?

Sophia... ela sabia e não me contou. Liguei para ela sem parar de dirigir.

- Alô. - Atendeu ela alegremente.

- Estou indo te buscar. - falei.

- Nossa... nem um oi? - Respondeu ela em tom de riso. - Fechou a loja mais cedo?

- Sim. E estou indo te buscar.

- Mas não combinamos que eu iria na hora do jantar? - Perguntou confusa. - Estou saindo com minha mãe.

- Não, Sophia. - falei tentando controlar meu tom de voz. - Dê qualquer desculpa para sua mãe.

- Mas nós já estávamos de saída...

- Não interessa, porra. Tô indo te buscar.

Sophia ficou em silêncio por alguns instantes antes de responder receosa.

- Ham... okay. Estou te esperando, então.

Desliguei o telefone e fui para a casa dos pais dela. Em poucos minutos cheguei lá... talvez eu tenha tomado algumas multas. Não desci do carro, apenas buzinei e esperei Sophia aparecer no portão com um olhar curioso.

- Oi. - Disse ao entrar no carro e tentar me dar um beijo, mas não virei o rosto para permitir. Sophia franziu o cenho e sentou de braços cruzados.

- Avisou seus pais? - perguntei.

- O que você acha? - Respondeu, claramente irritada. Suspirei e liguei o carro.

- Desculpa. - Falei após um grande silêncio. - Não quero te chatear.

- Imagina se quisesse, não é mesmo? - Respondeu ela revirando os olhos. - Por que está irritado e porque está descontando em mim?

- Estou dirigindo, quando chegar em casa conversamos.

°°°°°°

Parei o carro na garagem de casa e Sophia desceu do carro emburrada. Ela foi direto para a cozinha e abriu minha geladeira, pegou um vinho, abriu e bebeu direto da garrafa.

- Então... - Disse ela se sentando com a garrafa na mão. - Por que o estresse?

Me sentei de frente para ela e puxei o vinho de sua mão.

- Você sabia que o Gustavo é afim de você, não é? - perguntei tomando um gole e lhe devolvendo a garrafa. Sophia franziu as sobrancelhas mas não pareceu surpresa com minha pergunta.

- Ele me disse quando estava bêbado. - Respondeu ela. - O que fez com ele?

- Está preocupada? - perguntei abrindo um sorriso irônico.

- É claro. - Respondeu ela.

- Não fiz nada com ele. Por que acha isso?

- Devido ao seus histórico, talvez? - Respondeu Sophia.

- Por que escondeu de mim? - perguntei começando a ficar nervoso.

- Por que está fazendo um caso sobre isso? - Respondeu ela se alterando também.

- Ele é meu melhor amigo, confiei nele perto de você.

- E daí? - perguntou ela ficando de pé. - Ele deixou de ser seu melhor amigo? Acha que rolou algo entre nós?

- Se ele é capaz de te olhar com malícia, então...

Minha frase foi interrompida por Sophia estraçalhando a garrafa de vinho na parede atrás de mim. Olhei para ela espantado.

- Você não é capaz de ver nada de bom nas pessoas? - perguntou ela. - Gustavo nunca me olhou com malícia. É idiota o suficiente para não conhecer seu melhor amigo? E mesmo que olhasse, mesmo que tentasse algo... você acha que eu te trairia? Você é um imbecil tóxico e possessivo. As pessoas não escolhem o que sentem, mas escolhem como agem.

Ohei para a mancha de vinho em minha parede branca. Sophia errou minha cabeça por poucos centímetros. Lembrei dos primeiros dias no meu apartamento, ela costumava me ver e correr para outro cômodo, agora ela atira garrafas de vidro em mim. Porra... esse é um péssimo momento pra ficar de pau duro.

Respirei fundo para colocar meus pensamentos em ordem, então me levantei e dei a volta na mesa em silêncio. Sophia seguiu meus movimentos assustada, mas ainda com o olhar desafiador. Me aproximei dela e a olhei de cima.

- Você me deixou excitado. - falei calmamente. Sophia olhou para o volume em minha calça e cerrou os olhos para mim.

- Pervertido.

Sorri e a agarrei pela cintura. Sophia protestou, mas seus tapas não faziam o menor efeito. Sentei ela em cima da mesa e me afastei um pouco, apenas para parar de apanhar.

- Eu sei que vocês não fizeram nada, me desculpa. - falei calmamente. - Eu só estou agindo irracionalmente porque quero extravasar. De qualquer forma, não tem como não ficar puto com meu amigo de olho na minha mulher...

- Não sou sua válvula de escape. - Disse Sophia. - Não desconte em mim... e nem em Gustavo, ele não merece isso.

- Ah não? - perguntei inclinando a cabeça para o lado. - E o que ele merece então?

- Que você compreenda os sentimentos dele. - respondeu Sophia descendo da mesa. - Do mesmo modo que ele tantas vezes compreendeu os seus, por mais loucos que fossem.

Sophia saiu da cozinha e ouvi a porta meu quarto batendo. Agora eu estava sozinho com a consciência pesada e de pau duro.

Nota da autora: Tem hot daqui a pouco 🤭

PrisioneiraDove le storie prendono vita. Scoprilo ora