42 - Sophia

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Todas as pessoas no hotel eram muito diferentes, até mesmo estranhas, mas havia algo nelas que me lembrava... bem, me lembrava Luke. Em algum momento comentei isso com ele, que apenas sorriu e disse que eu tinha certa razão.

- Para onde vamos você vai precisar se acostumar a colocar a peruca. - disse Luke ao entrarmos no elevador, passando o braço por minha cintura. Estávamos indo ao salão aproveitar nossa última noite aqui, segundo ele.

Suspirei me questionando para onde ele pretendia me levar. Desde que fui sequestrada eu não faço ideia de em que canto da cidade estou... nem sei se estou na mesma cidade, aliás. Eu desmaiei na explosão e estive apagada na maior parte da viagem até a casa de Luke.

- No que está pensando? - perguntou me observando.

- Naqueles caras que me tiraram da minha casa.... - Respondi. Luke me puxou para fora do elevador.

- Eles te preocupam? - perguntou me guiando até o salão.

- Não exatamente. - Respondi. - Não pareciam saber o que estavam fazendo ao explodir minha casa. Ao ver que havia pessoas na casa eles distribuíram tiros, explodiram alguma coisa e quando percebi estava naquele carro...

Luke sacudiu o cabelo, que agora estava chegando aos ombros, soltou minha cintura e pegou em minha mão.

- Eram dois idiotas. - falou dando de ombros. - Estão mortos.

- Mortos? - perguntei surpresa. - Como você sabe?

- Eu matei aqueles fodidos. - Respondeu revirando os olhos. Não tive tempo de processar a informação, pois chegamos até a música alta do salão. Nós sentamos no bar e Luke cumprimentou o barman com um sorriso, pediu conhaque e um drink que eu havia provado antes e gostado. Olhei para ele um pouco confusa... como alguém pode falar sobre matar tão tranquilamente, distribuindo sorrisos simpáticos logo em seguida?

Observei um casal dançar enquanto Luke conversava com o barman, que parecia ser amigo dele. Tomei mais alguns drinks e um tempo depois toquei no braço de Luke para chamá-lo.

- Vou dar uma volta no salão. Tudo bem? - perguntei. Ele cerrou os olhos para mim, questionador.

- Te deixei chateada? - perguntou receoso.

- Claro que não. - Respondi. Beijei sua bochecha e me levantei.

Havia um pequeno chafariz com peixes em um canto do salão, me sentei na beirada para observá-los. Era engraçado como esse hotel era luxuoso por dentro e por fora era completamente... comum. Talvez as pessoas aqui sejam mesmo como Luke e precisem estar sempre se enfiando em lugares disfarçados assim. Parece ser uma vida bem chata... e era a minha vida agora.

Um rapaz se sentou ao meu lado no chafariz, jogou uma azeitona do seu copo na água e fez sinal para que eu não contasse a ninguém. Dei uma risada me perguntando se isso faria bem para os peixes. O rapaz se aproximou e estendeu a mão.

- Prazer, sou Gustavo.- falou sorrindo. Ele parecia ser jovem, mas era alto e musculoso. Seu cabelo castanho e curto me parecia estranho após tanto tempo vendo Luke com os cabelos despenteados. Ao todo ele era muito bonito.

- Sophia. - Respondi apertando sua mão.

- Desculpa, Sophia... nos conhecemos de algum lugar? - perguntou ele. Senti meu sangue gelar, lembrando da minha foto na televisão.

- Acho que não. - Ele cerrou os olhos com minha resposta mas logo em seguida deu uma risada.

- Desculpa, eu ia usar isso pra te dar uma cantada. Mas acho que esse tipo de coisa não funcionaria com você. Estou certo?

- Ham... eu estou acompanhada. - Respondi.

- Pelo Luke. - Disse ele virando o copo que tinha nas mãos, esvaziando seu conteúdo - Eu sei. Onde está esse idiota que te deixou sozinha nesse salão cheio de gente perigosa?

Abri a boca sem pronunciar nada, completamente confusa, até perceber que devia estar parecendo uma pateta.

- Está conversando no bar. - apontei mas ele sequer olhou, parecia mais interessado em me avaliar.

- Quer dançar? - perguntou apoiando o copo vazio no chafariz e me estendendo a mão. Franzi as sobrancelhas e recuiei instintivamente, fazendo ele sorrir. - É só uma dança, Sophia. Logo Luke vai chegar e te tirar das minhas mãos, não se preocupe.

Dito e feito. Aceitei a mão que ele me oferecia e fui guiada até a pista do salão, onde ele colocou as mãos na minha cintura, me deixando desconfortável e apoiei as mãos em seus ombros.

- Então... - disse ele enquanto giravamos. - Você é tipo... uma parceira do Luke?

- Eu... não sei o que te responder, não te conheço.

Ele levantou as sobrancelhas com minha resposta, mas sem tirar o sorriso do rosto. Abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas foi interrompido pelas mãos de Luke em seu braço.

- Quem te deu autorização para colocar as mãos na minha garota? - perguntou Luke, passando o braço por minha cintura e me puxando para si. Gustavo sorriu abertamente.

- Ora, então é isso que ela é sua? - perguntou. - Mas sabe, ela é uma pessoa não é? Quem decide se alguém vai tocá-la não é ela?

Luke fechou a cara e se virou em direção ao bar me levando com ele, mas Gustavo mos seguiu e se sentou ao lado dele.

- O que você quer, Gustavo? - perguntou Luke com a voz arrastada.

- É assim que que reage a coincidência de encontrar seu velho amigo?

Observei os dois se encararem e pensei que Luke talvez fosse capaz de dar um soco nele, ao invés disso estendeu a mão para um aperto.

- Eu iria te encontrar de qualquer modo... - comentou Luke. - Estou indo pra casa.

- Isso é realmente surpreendente. Qual o motivo? - perguntou Gustavo, mas seus olhos correram até mim e eles fez cara de compreensão. Luke apenas deu de ombros.

- E quando vão partir? - perguntou com um sorriso, puxando o cardápio de bebidas para ler. - Eu estou de saída hoje, se quiser levo Sophia por você... sabe, pra que ela chegue antes e segura. E meu carro é bem confortável... - insinuou ele com uma piscada em minha direção. Luke o olhou de lado, mal humorado.

- Quer perder os dentes? - perguntou, arrancando uma risada de Gustavo.

Luke o ignorou e se voltou para mim perguntando se eu queria algo para beber ou comer, respondi que queria dançar. Luke deu um sorriso e me estendeu a mão. Gustavo deu um muchoco e comentou algo sobre Luke não mudar nunca.

Fomos para a pista de dança e Luke apertou minha cintura com pressão.

- É tão fácil assim outros caras te tirarem pra dançar? - perguntou franzindo as sobrancelhas emburrado.

- Só os bonitos. - Respondi. Luke sorriu de lado. Fiquei nas pontas dos pés para beijá-lo, ele fingiu aceitar mas ao invés disso mordeu meu lábio com força e afastou o rosto.

- Sem beijos para você. - Disse cerrando os olhos. Sorri me divertindo com seu ciúme.

- Como assim vamos pra sua casa? - perguntei, mas comecei a sentir algo estranho e empurrei Luke suavemente para ele me soltar.

- O que foi? - perguntou.

- Eu... - Segurei em seus braços sentindo minha visão sair de foco.

- Sophia?

Senti as mãos de Luke voltarem a me segurar firmemente antes de perder a consciência completamente.

PrisioneiraOnde histórias criam vida. Descubra agora