36 - Luke

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Como esses caipiras conseguiram uma arma? Porra. Ele acertou um tiro de raspão na minha coxa. Rasguei parte da minha calça e fiz uma bandagem para estancar o sangue. Olhei para os corpos dos três na minha frente, um deles era bem jovem. Como podem ser idiotas a ponto de sair em grupo com uma única arma pra caçar alguém?

Agora eu realmente preciso tirar Sophia dessa casa, logo vão dar conta do sumiço desses imbecis e aí sim a polícia não vai poder continuar ignorando a situação. Mas agora... eu preciso me livrar dos corpos.

Não tenho condições de cavar com a perna sangrando desse jeito... preciso escondê-los por enquanto.

Abri a porta do porão e arrastei primeiro o mais jovem, empurrei escada a baixo e ouvi o som de ossos quebrando. Ao arrastar o segundo percebi a listra de sangue que estavam deixando na terra. Merda...

Terminei de jogar os corpos no porão e o fechei. Então peguei um balde e recolhi água do lago, jogando diversas vezes no caminho de sangue até diluir e a terra absorver.

Entrei em casa procurando meu celular, tentei ligar para a equipe de limpeza, mas estava sem sinal.  Senti uma pontada na coxa e minha visão escureceu... não tem como continuar ignorando isso, depois eu resolvo as outras coisas.

Tomei um banho no banheiro do corredor, sentindo que poderia desmaiar a qualquer momento. Eu teria que pedir ajuda da Sophia, mas que porra...

Me enrolei em um roupão, amarrei um pano limpo no ferimento, tentei ligar novamente para a equipe de limpeza e consegui, mandei a localização e eles avisaram que viriam dentro de no máximo seis horas. Então fui até Sophia e abri a porta do quarto dela.

Sophia estava encolhida no canto da cama, com as mãos nos ouvidos e olhos fechados. Mike estava enrolado ao seu lado.

- Sophia? - chamei e ela ignorou... ela nem pareceu ouvir, na verdade.

Me aproximei e pus as mãos em suas pernas. Sem reação..

Porra garota, péssimo momento pra você entrar no modo estátua.

Vi lágrimas escorrendo por suas bochechas e puxei Sophia com força para meus braços, ela enfiou a cara no meu peito e ficou ali. Vários minutos se passaram, até que sua mão se mexeu até o pano sujo de sangue na minha perna.

- Sim... pode me ajudar? - perguntei. Sophia afastou o rosto e olhou nos meus olhos.

- Você matou eles?

- Não. - Respondi sem pensar duas vezes. Nem fudendo vou deixar Sophia saber que tem três corpos em baixo da casa.

- Mas então... - falou ela confusa.

- Só um deles estava armado e foram embora depois de trocarmos alguns tiros. - interrompi. - Você sabe... sou bom o suficiente pra eles se sentirem na desvantagem. - falei piscando para ela, que não sorriu de volta.

Sequei as lágrimas do seu rosto e apertei suavemente seu braço.

- Preciso da sua ajuda, Sophia. Pode costurar minha pele de novo? Estou perdendo bastante sangue.

Ela olhou para o pano que agora estava ensopado, afirmou com a cabeça e se levantou, saindo do quarto e voltando instantes depois com uma caixa de medicamentos e com uma linha e agulha comuns.

- Não tem material específico pra isso. - Avisou.

- Confio em você.

Sophia tirou o pano e limpou o ferimento, não era tão fundo, mas estava feio. Novamente fiquei impressionado com a segurança dela em fazer algo assim.

- Tem experiência com isso, Sophia? - perguntei tentando me distrair da dor da agulha grossa entrando na carne ferida. Ela me olhou por um instante e voltou sua atenção ao que estava fazendo.

- Não... mas eu estava cursando enfermagem.

Levantei as sobrancelhas, a imagem dela se formando passou em minha mente. Ok, mais um lembrete do que eu estava roubando dela.

- Temos no máximo três dias para sairmos daqui. - avisei. Sophia apenas acenou e jogou álcool em cima da minha perna, em seguida fez um curativo.

Antes que eu percebesse, e provavelmente devido a perda de  sangue eu apaguei. Acordei com um grito de Sophia, me levantei correndo ignorando a dor na perna. Não a encontrei dentro de casa. Inferno.

PrisioneiraWhere stories live. Discover now