56 - Sophia

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Passei os próximos dias tentando ao máximo evitar Luke. Não era difícil, a casa era imensa, mas nos momentos em que estavamos juntos sua presença me encurralava.

Ela não tentou me beijar outra vez, mas não fazia questão de conter seus olhos, que me devoravam deixando claro que ele não queria outra coisa além de arrancar minha roupa.

Certo dia Luke chegou até mim me entregando uma tesoura, tirando a camisa e pedindo para que eu aparasse seu cabelo. Sentou em um banco na minha frente e esperou. Suspirei e mesmo sem nunca ter feito isso obedeci.

- Só pra aparar, não é pra deixar curto, entendeu? - disse ele. Tentei deixar do modo como o conheci, grande o suficiente para cobrir os olhos e para Luke manter despenteado como gostava, mas me concentrar era difícil pois minhas coxas encostavam em suas costas nuas, me deixando nervosa. Me abaixei na altura de seu rosto para aparar sua franja, sua respiração quente me atingiu e a proximidade de nossas bocas me fez querer beijá-lo. Luke apenas olhou em meu olhos e deu um meio sorriso, vendo meu nervosismo.

- Pare com isso. - Falei.

- Não estou fazendo nada. - Respondeu sorrindo. Revirei os olhos e fiquei de pé, Luke ficou sério e segurou minha coxa. Ele sempre ficava meio dominante quando eu revirava os olhos. Antes que ele tomasse alguma atitude joguei a tesoura na mesa, avisei que havia terminado e saí de perto bem depressa.

Apesar de sua atitude e de suas palavras descaradas algum tempo depois me levantei de madrugada para dar ração ao Mike, que não parava miar, e o encontrei sentado na sala de estar, com algumas garrafas de bebida em sua frente e... chorando.

Me aproximei dele no escuro, peguei uma das garrafas e cheirei para conferir se era mesmo álcool.

- Oi, amor. - Disse ele me observando. O luar e a luz fraca do lampião na rua entravam pela janela, iluminando a sala razoavelmente.

- Oi. - Respondi me sentando ao seu lado.

Era apenas umas cinco garrafas de coquetel, nem de longe era o suficiente para deixar Luke bêbado.

- Acabei com essas. - Disse ele ao me ver olhando para as bebidas vazias. - Se quiser me acompanhar pego mais na cozinha.

- Não, obrigada. - respondi. Luke se reclinou no sofá e secou as bochechas. Isso era tão estranho... a imagem que Luke sempre me passou não era essa. Vê-lo chorar me fazia vê-lo como o jovem que ele realmente era.

- É a segunda vez que você me vê chorar, mas não pense que são as únicas vezes em que chorei... - Disse ele dando uma risada sem vida. - Apesar de não fazer isso a anos...

- É minha culpa? - perguntei.

- Claro que não. - Respondeu se voltando para mim. - Eu sou o único culpado de toda a merda que acontece em minha vida.

Os olhos negros de Luke brilhavam na iluminação fraca, ele se aproximou de mim e passou a mão no meu rosto carinhosamente. Seu rosto se aproximou do meu e eu instintivamente recuei, Luke franziu o cenho e baixou os olhos.

- Não vou desistir de você, Sophia. - falou pegando minha mão. - Apesar de ser um fodido que não te merece.

Seus dedos acariciaram minha mão e senti um arrepio subir por meus braços... eu precisava sair de perto dele.

- Luke... - falei puxando minha mão. - Vamos dormir e conversamos amanhã.

Luke olhou para as próprias mãos e depois para minha, então me olhou nos olhos.

- Está com medo de mim? - perguntou sério. - Sabe que eu não faria nada que você não quisesse.

- Exceto me trancar num porão. - As palavras atropelaram minha língua antes que eu pudesse conter. Luke ficou lívido, voltando a se reclinar no sofá.

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