63 - Luke

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Uma vez por dia eles me davam um pouco de água e comida. Ângelo deixou claro que se eu não comesse eles me forçariam, mas não era necessário, eu comia com vontade. Eu queria resgatar Sophia, e precisava estar vivo pra isso, afinal.

Ele aparecia toda tarde para fazer provocações e insinuações sobre ela... infelizmente funcionavam.

As surras não surtiam efeito, mas as coisas que ele me dizia me faziam queimar de ódio. Quando ele percebia que eu estava nervoso o suficiente para tremer, se dava por satisfeito e me trancava no escuro.

Eu não apanhava o suficiente para estar quebrado, ele queria me torturar devagar. Mas me machucar diariamente estava me enfraquecendo... eu logo não teria nenhuma força para tentar uma fuga.

Minha confiança estava começando a ir embora, sendo substituída pela culpa. Fiquei tão nervoso ao imaginar Sophia em suas mãos que entrei aqui sem sequer pensar em um plano. Tão acostumado a vencer que não cheguei a acreditar na possibilidade de perder.

- Não sou invencível, porra... - murmurei.

- Que bom que sabe disso. - Disse Ângelo feliz, entrando pela porta para atentar meu juízo mais uma vez.

- Cadê ela? - perguntei pela milésima vez.

- Ora, que pergunta insistente. - disse sorrindo e se sentando á minha frente. - Ela está segura em meu quarto.

- Seu mentiroso desgraçado. - Respondi.

Ângelo gargalhou forçadamente.

- Por que você acha que estou mentindo?

- Eu conheço você. É um covarde. Se escondia atrás do seu pai, se esconde atrás de homens armados e nunca, nunca teria coragem suficiente para estuprar uma mulher.

O sorriso dele sumiu.

- Acha que depois de tudo eu não teria coragem de retribuir o que você fez à minha irmã?

A dor e a inanição estavam me fazendo perder o autocontrole.

- Eu fiz? Seu fodido burro. Seu pai fez, e ela não era sua irmã.

Ângelo se pôs de pé e chutou a cadeira que estava sentado.

- Meu pai não a estuprou. Ele amava a Marcela como filha.

- Como filha? - perguntei gargalhando. - então ele te estuprava junto com os amigos dele no tempo vago também?

Ângelo me deu um soco, antes que eu levantasse a cabeça ele já estava me socando novamente. A cadeira que eu estava amarrado tombou e se estilhaçou, fazendo minha cabeça bater no chão, Ângelo se pôs sobre mim me socando de novo, senti meu rosto molhar com meu sangue quente e meu olho esquerdo se fechou de inchaço. Ângelo me largou e se pôs de pé novamente, respirando pesado.

- Estamos só nós dois aqui, Luke. Até meus homens se foram para trabalhar em meu lugar. Pode admitir que estuprou a Marcela e matou o meu pai para que ele não te matasse depois. A única pessoa que vai te ouvir sou eu e sou eu que vou te matar.

Comecei a rir novamente, meu rosto doía com o ato, mas era impossível não rir com a burrice desse imbecil.

- Por que eu estupraria minha namorada? Seu burro do caralho. - Respondi rindo.

- Eu vou fazer você sentir o que eu senti quando era só uma criança... matei seu padrinho, e vou estuprar sua namoradinha.

- Viu só como você é burro? Acabou de admitir que não tocou nela ainda.

Ângelo andou até mim e me olhou de cima.

- Você a ama?

- É lógico. - Respondi.

Ele sorriu e se dirigiu até a porta.

- Se encostar nela eu juro que vou te fazer em pedaços. - falei. Ângelo apenas me olhou em silêncio e saiu.

Respirei com dificuldade tentando pensar rápido. Esse idiota acabou de dizer que mandou os funcionários embora para trabalharem? Ele está confiante de que estou machucado o suficiente para não dar conta dele ou disse isso para me fazer tentar alguma coisa e me foder?

Rodei para o lado, me desvencilhando da cadeira quebrada, peguei um dos parafusos que voaram dela e com dificuldade me arrastei até a parede para me pôr sentado e comecei a desfiar a corda que me prendia.

A cada minuto eu parava para ouvir se havia alguém se aproximando. Pensava em um modo de pegar Sophia e sair, mas e se ela não estivesse aqui? Ele aumentaria a guarda sobre ela quando eu fugisse, ou a mataria...

Flashs da minha adolescência passavam em minha mente, eu tentava ignorar para apenas focar em Sophia, mas era quase impossível.

Merda.

Deve ter sido realmente difícil para esse garoto acreditar que seu pai estuprou a enteada e depois foi morto pelo namorado dela. Mas que se foda, vou matar ele lentamente.

Meus dedos estavam doloridos quando finalmente consegui arrebentar a corda, me pus de pé e apoiei o ouvido na porta... nada.

Será mesmo que esse desgraçado é tão burro? Empurrei a porta e ela abriu, olhei para os lados no corredor, estava vazio. Voltei para pegar um pedaço de madeira e antes que eu saísse ouvi tiros e o grito de Sophia.

Nota da autora: 23:30 posto mais um 🥰

Ps: estou lançando mais de um capitulo por dia  então lembre-se de conferir se leu o anterior para não se perder na história

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