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LETICIA

Sinto o calor do seu corpo se aproximando e corro o mais rápido possível. O barro sujava meu pés cada vez mais.

Fui desviando de todos os galhos da árvore que apareciam na minha frente. Minha garganta estava fechada e precisei me concentrar para poder voltar a respirar.

Então, quando eu menos esperava, a mão agarrou meu cabelo e...


Sento na cama desesperada e recupero o fôlego perdido pelo pesadelo. Sinto o suor escorrer por minhas costas.

A mulher que estava de frente para minha cama me olhou assustada.

Tá tudo bem agora, foi só um pesadelo.

— O que você tá fazendo aqui? — Pergunto para a senhora de pele enrugada. Era Valentina.

— Desculpa se te acordei senhorita — Ela arrumou a postura e eu percebi que ainda estava ofegante — Só vim deixar seu uniforme.

Reparo na mini pilha de roupas que ela deixou no pé da cama.

— Uniforme?

— Sim, para a escola — Merda — Precisa de ajuda para se arrumar?

— Não, obrigada — Joguei o lençol de seda para o lado e levantei da cama — Vou tomar um banho.

— Tabom, vou preparar o seu café da manhã — Ela vai em direção a porta e saí do quarto.

Fico alguns segundos parada naquele mesmo lugar, raciocinando que já tinha acordado e só foi um pesadelo.


[...]


Ando pelos corredores abaixando a saia grotesca que a cada passo subia. A gravata da cor azul não me ajudava a respirar e é óbvio que vou sujar essa blusa branca assim que me derem um prato de comida.

Passo a mão nos meus cabelos e sinto a macieis que ele estava. Valentina fez questão que eu me produzisse para ir até a merda da escola.

Abro as portas da sala de jantar e só vejo a mesa cheia de comidas com várias frescuras.

Que impressionante, Lucas não está aqui com aquela carranca dele.


Sinto uma mão circular meu braço e rapidamente me esquivo ao lembrar dos sonhos que me perseguiram durante noite.

— Calma! — Olho para o senhor a minha frente.

Suas vestes eram diferentes dos outros funcionários, ele trajava uma jardineira e um chapéu na cabeça. Sua pele era negra, seus cabelos eram grisalhos e seus olhos mostravam felicidade.

— Ah... Me desculpa — Falo para manter uma boa impressão.

— Uau — O senhor me observa de cima a baixo — Você é uma perfeita mistura de seus pais.

— E você é...

— Sou Charles, o jardineiro — Ele estendeu a mão para mim e não me importei em cumprimentá-lo mesmo que tenha observado terra em suas unhas.

— Onde estão meus tios?

— Eles ainda devem estar se preparando, aliás, você acordou cedo hoje — Ele andou em direção a outro cômodo, um que eu ainda não conhecia — Vêm, vamos ver os outros.


O homem abriu a porta e se afastou para que eu pudesse entrar, senti o aroma gostoso que vinha dá cozinha.

Me aproximei daquele cômodo e os barulhos de conversa foram aumentando.

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora