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BRUNO

Eu poderia aguentar ela não me querer mais, poderia apenas ficar quieto e deixar ela usar meu corpo como se fosse um brinquedo de diversão para seu entretenimento, até mesmo poderia aguentar ela não me amar de verdade. Mas eu não poderia viver sem ela, passar uma vida sem olhar seus olhos, sem poder admirar seu rosto a cada segundo.

A dor em meu peito era crescente, as vozes dentro da minha cabeça gritava por socorro, mas eu não poderia fazer isso sem ela, não poderia apenas fingir que não a amava.

Meu corpo inteiro já estava impaciente, as horas se passavam, os minutos se estendiam e os segundo apenas passavam mais lentos. Senti a impaciência me preencher por inteiro, até que saiu.

Suas roupas eram formais e quentes e ela toda se iluminava sozinha, estava tão linda...

Não pude aguentar mais, apenas fui até ela e a impedi que atravessasse a rua. A ruiva me olhou assustada.

— Bruno?!

— Sabrina, eu precisava falar com você.

— Ai meu deus, o que você está fazendo aqui?

— Me desculpa, sei que você me disse para ir embora, sei que falou para te esquecer... Mas eu não posso, eu não consigo.

— Você por acaso é louco? — Ela olhou em volta como se procurasse alguém — É melhor ir embora.

— As coisas não podem acabar assim.

— Bruno...

— Temos uma história juntos, não é possível que Carlos realmente possa mudar isso, todos os anos em que passamos juntos, cada momento, isso não significou nada para você?

Eu queria ouvir suas palavras, queria ouvir ela dizendo que me amava, que tudo ficaria bem e que poderíamos permanecer juntos, ou talvez apenas ouvir que ela me odiava e que me queria o mais longe possível.

Tanto faz, eu sinceramente não me importava, o que importava era ouvir sua voz, escutar ela falando que em algum momento ela realmente me quis, escutar que ela não iria embora e eu ia poder ficar te admirando todos os dias, mesmo de longe. Ela só precisava entender.

— Você não tá entendendo, têm que ir embora, agora.

— Minha mãe está prestes a morrer, já têm muita coisa acontecendo, então por favor...

— Eu tô grávida! Eu e Carlos vamos ter uma filha, Bruno.

Suas palavras foram um soco no meu estômago, foi pior do que minhas expectativas, foi pior do que um pesadelo. Ela o que...?

Você tá grávida?

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Observei a grande escadaria na minha frente e cogitei na idéia de apenas virar e voltar para o bar em que eu estava, acho que seria uma opção muito mais confortável do que isso. Já devia passar de meia noite e pouco e sinceramente não me importava muito, só queria beber até esquecer em como isso era difícil.

Eu tinha um passado muito mal resolvido, mas não era amor que eu sentia, não era saudade ou algo assim, era... Desespero, medo das coisas que não falamos ou apenas a sensação de dor que Sabrina já causou em mim. Mas não amor, isso não.

A casa estava coberta de escuridão e silêncio interrompido apenas pelos cheados do vento, odiava mais que tudo aquela calma, a forma em como me fazia pensar ou só lembrar de situações. Eu preciso beber, preciso urgentemente beber.

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora