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BRUNO

Era nítido a surpresa e o medo em meu rosto, tinha varias perguntas passando sobre mim e mesmo assim ela se manteve com o queixo erguido diante a minha presença.

O que caralhos Leticia planeja fazer?!

— Por que você quer aprender a atirar?

— Só preciso que me ensine.

— Quero saber o que se passa pela sua cabeça — Dei um passo adiante dela — Por acaso pretende nos matar?

— Não teria graça se eu te contasse sobre meus planos — Fazia muito tempo que não escutava uma provocação dela.

— Não vou te ajudar se não me contar.

— Você quer que eu me mantenha segura, não é? Preciso de alguém que me ajude a fazer isso.

Tinha algo a mais, eu sabia que tinha, as perguntas rodeavam a minha cabeça mas era bem difícil me concentrar depois de uma noite cheia e exaustiva como a que eu tive. Por que tudo isso tão aleatoriamente?

— Qual motivo de estar me pedindo isso derrepente?

— Uma vez você me ensinou a me defender, mas acho que agora os riscos são bem mais graves para uma simples luta me ajudar em alguma situação.

— Você têm medo que te façam alguma coisa? — Ela fechou os olhos e ficou pensativa por alguns segundos.

— Vai me ajudar ou não? — Coloquei as mãos no bolso.

Leticia não era santa, isso é um fato, conheço minha sobrinha bem o suficiente para saber que tinha intenções por trás daquele pedido inusitado.

Olhei ela de cima a baixo e notei  a camisola que a ruiva vestia, fazia muito tempo que não a via tão... Confortável desse jeito. Como dizer não para uma coisa dessas?

— Para — Ela disse interrompendo completamente meus pensamentos.

— O que foi?

— Não me olha assim — Aqueles olhos se estreitaram — Sei o que se passa na sua cabeça e não, você não vai fazer nada a mais que me ensinar a usar uma arma.

— Eu não tô te vendo com outros olhos — Evitei olhar para além do seu pescoço.

— Que bom, porque quero que esteja ciente de que não vai rolar nada de mais.

Ok, senti saudades disso, desse tom de voz autoritário que ela faz quando está brava, de como seu corpo simplesmente me atraia com seu comando ou em como ela pisava em mim sem o mínimo de esforço. Porra, Bruno

— Vêm, eu vou te ensinar o que precisa saber.

Eu sou idiota por ela o suficiente para não negar nada aquele rostinho perfeito.

— Já pegou em uma arma?

— Não — Dei um sorriso de lado.
Levei as mãos até a parte de trás do meu corpo e tirei a pistola que estava grudada em minha cintura, entreguei o objeto para ela.

— Meu deus, você sempre anda com isso grudado no corpo?

— Não me faça desistir.

Peguei a mão dela e a puxei até as portas de vidro que tinha naquela sala. Escutei suas reclamações enquanto íamos pelo caminho até o enorme jardim que rodeava a casa inteira.

Não foi difícil achar sacos de areia que fossem firmes o suficiente para se manter de pé em um apoio que tinha colocado embaixo de uma árvore.

Preparei tudo do melhor jeito possível para facilitar ela de acertar no alvo. Acho que esse era o melhor que conseguia com os materiais que estavam disponíveis.

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora