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LUCAS

Tinha uma derrota em meus ombros, a frustração, raiva e tristeza estavam acumuladas em um único peso, tudo em cima de mim. Eu mal conseguia ouvir os sons ao meu redor, a única coisa perceptível era os meus pensamentos todos descarregados em minha mente, pedindo por atenção.

Passei o dia fora, não podia aguentar a decepção nos olhos do Bruno, não podia aguentar a decepção nos olhos da Leticia e eu não podia aguentar a minha própria decepção.

Nada foi como planejado, não que eu quisesse algum dia contar para Bruno que não éramos irmãos, mas a reação dele com certeza não entrava para os meus planos. As lembranças ainda faziam minha garganta secar.

Fechei a porta da casa e notei o silêncio habitual de todos os dias, meu coração estava na boca.

Claro que era nítido em meu rosto a dor que eu sentia por dentro, a dor de ter escondido um segredo tão sujo e que não deveria pertencer só a mim. Acho que voltaria atrás e mudaria isso de algum jeito.

Andei até o centro do hall de entrada e olhei a enorme escadaria que dava acesso em duas direções. Será que algum anjo viria até mim e ajudaria nessa terrível situação causada por meu egoísmo?

Escutei os passos atrás de mim e não precisei me virar para saber quem era. Mesmo assim meu corpo ficou tenso com a presença.

— Você tá péssimo — A voz de Bruno ecoou pelo silêncio.

— Acho que você não está melhor que eu — Me virei para ele e observei seus olhos inchados.

Tinhamos uma conversa pedente, mas o medo impedia de dizermos alguma coisa. Eu tinha tanto a falar para ele, me desculpar...

— Você sabe o que devemos fazer, não é? — Ele perguntou e na hora eu percebi do que se tratava.

— Eu sei — Murmurei me impedindo de pensar em como isso nos afetaria.

Já estava na hora de concertar certas coisa, recuperar o que nunca deveríamos ter feito. Nem todos mereciam um final triste.

Tirei o envelope do meu blazer e estendi para ele, senti o calor da sua mão assim que nossos dedos se juntaram por frações de segundos. Quando tinhamos chegado a esse ponto?

O moreno olhou o que tinha dentro e acenou com a cabeça, confirmando o que eu já sabia.

— Certo, então vamos fazer isso — Ele se afastou mas eu não pude aguentar vê-lo sair.

— Bruno... — Sua atenção voltou para mim — E depois disso como que ficamos?

— Eu vou viajar, não sei você.

— E a empresa?

— Posso deixar um represente da minha confiança para cuidar de tudo que precisar — Engoli em seco.

— Eu não quero que você saía.

— Não é certo continuar aqui — Ele estava certo.

— E se...

Antes de dizer qualquer coisa, algo que podia estragar tudo ou concertar as coisas, uma voz atrapalhou nós dois.

— Quero falar com vocês — Olhei para o topo das escadas e observei a ruiva descendo — Temos que conversar.

— Agora não — O homem ao meu lado disse.

— Agora sim, rápido — Ela foi em direção ao um corredor e eu fiquei confuso.

Olhei o moreno e vi que não era o único a precisar de respostas. Tenho a impressão que essa conversa não vai acabar bem.

— Venham logo! — Ela disse e apressamos os passos para acompanhá-la.

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora