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BRUNO

Tudo estava em uma completa escuridão, tinham poucos funcionários no prédio e o silêncio prevalecia em todos os cômodos.

Exceto por um único sinal de vida em meio de toda essa solidão. Eu sabia perfeitamente quem era.

Entrei na grande sala e observei a ruiva distraída, mas não senti raiva, por algum motivo não fiquei nenhum pouco furioso como deveria.

Estávamos com problemas, isso é um fato. Tinhamos exagerado nas brincadeiras e as coisas ficaram estranhas, sei que a culpa é minha.

Mas simplesmente não consigo me afastar, não consigo me afastar dela por completo e fica bem difícil esquecer a existência de uma certa pessoa quando se convive com ela todo santo dia.

— O que tá fazendo aqui? — Foi a única coisa que consegui dizer.

A surpresa ficou estampada em seu rosto e por alguns segundos as palavras fugiram da boca dela.

— O que tá fazendo aqui Leticia? — Repeti a pergunta.

— Eu... Precisei pegar algumas coisas para o Lucas — Ela arrumou a postura.

Se eu não a conhecesse poderia facilmente cair nessa conversa, a ruiva era bem convincente quando estava mentindo.

— Enfim, eu já estava de saída — Ela levantou da cadeira e andou até a saída.

Juro que tenho sérios problemas em me manter firme quando a vejo com essas malditas saias.

Segurei o braço dela e a impedi de sair do escritório, puxei ela para perto.

— Você tá mentindo — Olhei aqueles lindos olhos verdes.

Tinha ódio alí, sempre teve, mas mesmo mentindo ela conseguia ter essa postura de autoconfiança.

O que tá acontecendo comigo? Por que ela me deixa tão... Fraco.

— Não tô com tempo para brincadeiras, Bruno — Não era um jogo, ela realmente não queria jogos dessa vez.

— Não é uma brincadeira, quero que fale a verdade.

— A verdade? Ainda tá com essa mania de desconfiar cada passo que eu dou?

— Manipulação não funciona comigo — Minha sobrinha suspira.

Que droga, tudo tá fugindo de mim, ela faz as coisas fugirem.

— Não entendo você, por que é tão complicado assim?

— Do que está falando? — Ela tira minha mão do seu braço.

— Você está me evitando a todo custo, não fala comigo, nem sequer olha na minha cara e agora chega assim do nada? Não sou uma peça para você brincar.

— Mas eu sou sua peça para brincar? — A ruiva fez expressões confusas — Não vamos fingir que temos uma relação normal de tio e sobrinha, não vamos fingir que você não me usa para sua diversão.

— Eu te usar? Têm certeza que sou eu quem usa você?

— Tenho e você sabe disso.

Era a mim que ela procurava quando queria um jogo qualquer e isso não me incomodou, não me incomodou até certo ponto.

— Que papo sentimentalista é esse Bruno?

— No elevador você provocou ele.

— O que?

— Só tinha nós três naquela porra de elevador, você tinha uma ótima oportunidade de provocar a mim, — A raiva crescia em meu peito — Mas provocou nós dois, isso significa que Lucas também é uma peça do seu jogo.

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora