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LUCAS

Não podemos controlar o que sentimos por outras pessoas, têm coisas que estão além de nossas capacidades e com certeza nem tudo é como queremos.

Mas o que se faz quando se sente tão confuso por certas situações, certas pessoas?

Eu não queria isso, não queria essa indecisão e muito menos sentimentos tão desconhecidos para minha vida. Tem algo de errado, eu sei que têm.

Não é apenas meus pensamentos que estão traindo meus princípios, mas também meu corpo. Exatamente tudo em mim reagi a ela.

Me olho no espelho pela última vez e termino de secar meu cabelo com a toalha.

Tinha sido um dia longo e por uma grande sorte não foi preciso ficar mais de uma hora naquele elevador.

Preciso admitir que estava exausto e depois de um bom banho quente, não têm nada melhor que minha confortável cama.

Abri a porta do banheiro e entrei no meu quarto. Antes mesmo de poder deitar, meu celular vibrou.

Assim que olhei a mensagem meu coração disparou.


{Já estou com minha passagem comprada, espero que possamos conversar melhor quando eu chegar}


Ultimamente não era apenas minha vida profissional que andava um porre. Também têm a vida amorosa.

Verônica está comigo a anos, malditos anos que aparentemente só serviram para nos mostrar como não somos bons juntos.

Temos uma história e apesar de tudo, eu sei que não estamos bem, sei que precisamos conversar. Tivemos brigas o suficiente para fazer com que víssemos que tem algo errado.

Ela sabe que têm um lado muito ruim na minha vida, um lado que passa por cima de muitas leis e mesmo assim Verônica nunca me julgou, pelo o contrário, ela foi a pessoa mais compreensiva que já conheci.

E torná-la minha esposa pareceu uma boa idéia no início. Não porque eu a amava, mas apenas por ela ser a única que suportou minha verdade e agora envolver ela nisso parece errado. Parece errado fingir que tem algum sentimento nessa relação.


Batidas na porta fizeram eu encerrar meus pensamentos.

Respirei fundo e levei minha mão até a maçaneta. Assim que abri tive um grande surpresa.

— Leticia?

Ela vestia uma calça com um tecido bem leve, usava um suéter de lã e carregava um pote de sorvete nas mãos. Senti uma confusão rapidamente.

A ruiva me olhou de cima a baixo. Porra, não faz isso comigo.

— Desculpa interromper, posso entrar? — Franzi as sobrancelhas — Bruno está fazendo muito barulho.

Entendi na hora assim que ela completou a frase.

— Pode entrar.

Dei espaço e ela entrou. Tranquei a porta

— Se você quiser eu posso falar com ele.

— Acho que isso não ajudaria muito.

Bruno com certeza não é nem um pouco discreto em certos quesitos.

Olhei minha sobrinha e fiquei com dúvida do que eu deveria fazer. Não parecia uma boa idéia ficarmos sozinhos em um quarto.

— Ah... Você trouxe o sorvete pra gente?

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora