100 Camadas De Desejo

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LETICIA

Eu ainda me lembrava da forma em que Richard tinha me tocado, como ele simplesmente pareceu não ligar para a dor que eu sentia ou os pedidos de socorro que eu implorava. Acho que esse tipo de coisa demora para se superar.

E agora, estando prestes a encarar um mundo que me causa medo, parece que todas as sensações daquela noite me assombrava novamente.

Os meninos trabalham com isso e eu apenas tenho que aceitar, mas será que eles sabem do perigo que correm? Talvez eu só fosse ingênua de mais para tudo isso.

O carro parou de frente a um grande lugar e tentei não me impressionar com o que estava diante dos meus olhos. Não demorou muito para que Lucas abrisse a porta para mim e me ajudasse a sair.

O vento beijou meu corpo e meus pelos se arrepiaram de imediato, acho que meu vestido não era muito apropriado para o clima.

— Você tá linda — Bruno disse me observando de cima a baixo.

— É claro que tô — Ele deu um sorriso de lado — Só acho que vocês deviam ter me dado um vestido que cobrisse mais.

— Eu gostei desse — Lucas foi o próximo a me devorar com os olhos — Só não saía muito de perto de nós dois.

— Ah, que ótimo, estão ajudando muito no meu nervosismo.

— É sério Le, eles vão fazer comentários horríveis e talvez falar coisas que vão te deixar constrangida.

— Tá tudo bem, eu posso aguentar essa situação.

— Desculpa por fazer você passar por isso, se ficar muito ruim nos avise.

Lucas passou a mão no meu rosto e deixou um beijo na minha testa, foi delicado tanto com o toque quanto as palavras.

— Vamos logo.

Juntei meus braços com os deles e andei até a curta escadaria que dava acesso para as grandes portas do lugar. Dois seguranças nos deram a passagem.

Os murmurinhos inundaram por todo canto, tinham pessoas diversas, todas com roupas formais e aparentemente muito cara. O foco da maioria veio para nós três.

Certo, seria apenas uma festa como qualquer outra, mas dessa vez com um monte de criminosos.

Descemos as escadas e até mesmo a música parou de tocar, tive a impressão que dava para escutar meus saltos entrando em contato com o piso.

A maioria das pessoas eram homens, e na verdade aqueles olhares tão voltados a mim parecia um pesadelo, mesmo assim mantive a cabeça erguida.

Quando pisamos no último degrau eles fizeram uma referência com a cabeça. Que porra é essa?

— Agora vão vir muitas perguntas ao seu respeito — Bruno murmurou no meu ouvido.

Passamos pela multidão e os dois seguraram minha mão fortemente, eles me levaram até uma mesa cheia de aperitivos. A música voltou a tocar e todos pareceram lembrar que isso era uma festa, me aliviei um pouco.

Os meninos se posicionaram ao meu lado e ficaram como dois cães de guarda.

Um homem loiro, alto e muito bonito foi o primeiro a vir até nós junto com outra mulher dos cabelos claros, ondulados, e olhos surpreendentemente azuis.

Quando eu pensei que ficaria um clima tenso o desconhecido abriu um sorriso e meus noivos o cumprimentaram com um abraço.

— D'angelos é um prazer está aqui! — Eles pareciam íntimos.