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LETICIA

Termino de ler as últimas informações que eu precisava e finalmente consigo dar um tempo de todo esse trabalho. Bom, podemos dizer que eu não tive um sono muito tranquilo e que com certeza eu não estou preparada para o dia de hoje, parece que o mundo conspira em tornar tudo um inferno para mim.

Quando finalmente tinha conseguido alguns segundos de paz, escutei uma voz por trás.

— O que está fazendo? — Arrumei minha postura no mesmo instante.

Podia sentir que por um momento meu coração tinha saído pela boca. A raiva logo me preencheu.

— Bruno você quer me matar? — Ele solta uma risada e se posiciona ao meu lado.

— Desculpa, não foi a intenção — Seus olhos percorreram a tela do meu computador — Por que tudo isso?

— Hoje eu vou ter a maldita prova — Suas expressões mostraram compreensão.

— Você vai se sair bem, não se preocupe — Senti sua mão fazer um carinho leve na minha cabeça — Agora, trocando de assunto, precisamos falar com você.

— Sobre o que?

— Vamos até a sala do Lucas — Meu tio arrumou a postura e pareceu completamente sério.

Algumas ideias vieram na minha cabeça, tentei procurar algum motivo para receber uma bronca e não vi nada tão importante. Será que fiz alguma coisa de errado?

Parei de me questionar sozinha e levantei da minha cadeira. Acompanhei Bruno até a sala do meu outro tio.

Podemos dizer que as coisas estão bem melhores entre mim e eles, por incrível que pareça, acho que voltamos a nossa rotina normal. Ou só estamos fingindo que nada aconteceu.

Bruno abriu a porta do escritório e assim que entramos ele fechou. Fui até a cadeira de frente ao moreno e me sentei.

Os dois ficaram diantes de mim e tentei não me sentir levemente atraída por aquilo.

— O que querem? — Mantive um semblante sério.

— Bom, queremos fechar um contrato com uma empresa muito grande — Lucas começou falando — Mas ainda não sabemos quais peças devemos mexer.

— E o que exatamente isso têm a ver comigo?

— Vai acontecer uma festa daqui alguns dias, em outra cidade, — Bruno prosseguiu — Mas infelizmente eu e meu irmão não fomos convidados.

Por que não tenho uma sensação boa sobre isso?

— Porém, temos você — A dúvida ficou em minha expressão — Precisamos que você se instale nessa festa e converse com o dono.

— Querem que eu seduza ele?

— Não é bem essa palavra que devemos utilizar.

— Por que eu?

— Porque confiamos em você.

— Não deviam, não sou de confiança.

— Leticia, por favor — Lucas olhou no fundo da minha alma. O filha da puta era lindo. Apenas revirei os olhos e arrumei minha postura.

— Quando vai ser?

— Semana que vêm.

— O que os outros diriam se soubessem que estão praticamente prostituindo a sobrinha de vocês?

— Acho que se os outros soubessem de tudo que acontece eles não se importariam tanto com essa questão — Meu sorriso se abriu assim que entendi as palavras de Bruno.

— Tudo bem, vamos fazer uma viagem então — Levantei da cadeira e fui até a saída.

Por algum motivo sentia que os dois não queriam que eu fosse embora.

— Leticia — Lucas me chamou e eu voltei minha atenção para ele — Boa sorte com a prova.

Não, não era isso que ele queria me falar.

— Obrigada — Ofereci um sorriso e saí do escritório.

Parece que vou ter outra oportunidade para descobrir mais coisas da família.


[...]


Minhas mãos tremiam desesperadamente e minhas pernas estavam mais bambas do que o comum.

Não sei como, mas por algum motivo comecei a me importar com o meu futuro, algo que não acontecia a muito tempo.

A escola diante a mim parecia meu pior pesadelo, simplesmente não conseguia entrar.

Meu celular começou a tocar e saí da confusão que se instalava. Estava tudo um caos.

Peguei o aparelho e vi o contato que me ligava, o dia só piora. Ignorei as chamadas da minha mãe e finalmente tomei a atitude de seguir o caminho até a entrada. Não entendia o motivo de eu estar tão agitada assim.

Segui pelo corredor e a cada passo meu coração acelerava mais um pouquinho. O que pode acontecer de tão ruim se eu não passar nessa prova? Acho que estou exagerando.

Fui até a sala que mandaram eu ir e vi uma mulher parada, sozinha. Bizarro.

— Ah... Oi, eu vim fazer a prova — A desconhecida percebeu minha presença.

— Olá! Letícia, não é?

— Isso mesmo — Entrei naquele sufocante cômodo.

— Eu estava te esperando para iniciar a prova, está pronta para isso?

— Sim — Não.

— Bom, acho que você já sabe as regras, mesmo assim eu vou repassar.

Sentei em uma cadeira e ouvi o que a moça tinha para dizer.

— Nada de aparelhos eletrônicos, nenhum tipo de "cola", — Ela pegou um papel da mesa — Apenas caneta, borracha e lápis sobre a mesa.

— Ok — A mulher abriu um sorriso.

Recebi o pedaço de papel e respirei fundo. A professora sentou na mesa que ficava a minha frente.

— Boa sorte querida, têm uma hora e trinta minutos para responder todas as perguntas.

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora