100 Camadas De Desejo

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LETICIA

Eu estava em uma posição perfeita, a macieis do colchão, os travesseiros bem posicionados, o quarto escuro.

Era um incrível e silencioso sono, cada centímetro de meu corpo estava posicionado no seu devido lugar, até que...

Escutei um barulho alto e estridente ecoar por todo o quarto, meu maravilhoso sono foi interrompido e senti o brilho da luz em meus olhos. Acordei imediatamente.

Sentei na cama desesperada e olhei o meu redor em busca de algo errado. Vi apenas meu tio com uma panela e uma colher de pau nas mãos.

Podia sentir meu sangue fervendo de puro ódio.

— Você por acaso é idiota?!

— Bom dia sobrinha — Ele sorriu de lado — Está na hora de acordar.

— Já viu que horas são?

— Hora de trabalhar, você começa hoje.

Passei a mão em meu rosto e respirei fundo.

— Você está desposto a tornar isso um inferno, não é?

— Claro, até você desistir.

— Lamento por você, mas eu nunca desisto.

— É isso que veremos — Aquele divertimento dele me deixava nos nervos — Se arruma logo, tenho certeza que você não quer se atrasar.

Ele falou enquanto ia até a porta e saía do meu quarto. Precisei de muito tempo para me acalmar e garantir que eu não matasse ninguém.

...

Não demorou muito até que eu estivesse pronta para o dia. Eram sete e vinte quando tinha acabado de me arrumar.

Sinceramente pensei que estaria bem mais ansiosa para isso, mas... Nada, não sentia nada.

Passei pelo corredor e tentei não parecer um zoombie enquanto caminhava, eu só precisava de mais cinco minutos de sono.

Respirei fundo e entrei na sala de jantar, a atenção veio a mim e vi Bruno com aquele sorriso cínico.

— Bom dia, pensei que iria dormir um pouco mais — Lucas me cumprimentou.

— Bruno fez questão de minha presença logo cedo.

— Eu não disse que seria fácil — Revirei os olhos.

Fui até a minha cadeira de sempre e me sentei. Começei a me servir das variadas comidas.

— No que exatamente eu vou trabalhar? — Perguntei para eles.

— Por enquanto você vai apenas observar — Lucas respondeu — Betânia, nossa secretária, vai te ajudar nisso.

— Sem querer colocar nenhuma pressão, — Mas ja colocando — Somos exigentes e não vamos dar nenhuma vantagem para você.

— Não se preocupe Bruno, vou oferecer o meu melhor — Tinha uma certa provocação no meu tom de voz — E como vai funcionar minhas aulas? — Mudei de assunto.

— Eu já te falei sobre a prova, contratei um professor particular para você conseguir melhorar nos estudos e como sou uma pessoa muito boa, você vai se ausentar da escola por algumas semanas.

Foi impossível não sorrir com uma notícia dessas.

— E se eu não conseguir passar na prova?

— Então começa tudo de novo — Me forcei a não revirar os olhos — Não se preocupe com isso, sei das suas habilidades intelectuais, você não é uma má aluna.