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LETICIA

A linha de calor beijava meu rosto com suavidade, a brisa gelada abraçava meu peito e os sons do canto dos passarinhos era maravilhoso, foi impossível não sorrir comigo mesma.

Abri os olhos lentamente e aos poucos me acostumei com a claridade que cobria o quarto todo, não o meu quarto mas sim o hotel que tinhamos ficados, o lugar onde tínhamos feito muitas coisas.

Sento na cama e de imediato sinto a dor ondular meus músculos, acho que o impacto ficou nítido em meu rosto. Observo as roupas e preservativos jogados no chão e o sorriso aumenta em meu rosto, agora eu era uma mulher casado.

Nossos corpos tinham marcado as quatro paredes do cômodo, até as janelas, nem mesmo o pequeno sofá escapou. Acho que acumulamos muita agitação.

Senti o olhar deles em mim e me virei para poder observar os dois com características tão cansadas, tinha sido uma noite longa.

— Bom dia — Bruno foi o primeiro a dizer enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Bom dia.

Voltei a deitar e cobri meus seios com o cobertor, os dois se aproximaram deitando nos meus ombros.

— Vocês não parecem ter descansado bem — Perguntei sentindo o carinho deles.

— Talvez seja porque uma garota nos acordou de vinte a vinte minutos para transar — Deixei a risada escapar com o comentário de Lucas.

— Desculpa — Passei a mão no rosto dele e fechei os olhos aproveitando aquele momento.

Era bom a sensação de está protegida, sentir que nada podia te afetar com esses toques e carinhos. Moraria nessa sensação se pudesse.

— Você tá bem? Não tá sentindo dor em nenhum lugar?

— Tô sentindo dor em tudo — Os dois levantaram de imediato.

— Aonde? Quer que a gente compre algum remédio? — Eles pareceram realmente preocupados.

— Não, não precisa — Depositei um selinho na boca de cada um — Ontem foi incrível.

— Têm certeza que não tá muito machucada? — Bruno perguntou com o olhar de cachorrinho.

— Só tá ardendo um pouco lá embaixo.

— Espera aí.

Lucas estendeu o corpo e pude vê os hematomas nas suas costas. Os arranhões tinha sido eu, mas as mordidas com certeza foi Bruno.

O moreno abriu a gaveta da mesinha e vi o tubo de pomada que ele tinha tirado.

— Isso vai ajudar — Ele levantou o cobertor e percebi o que estava prestes a fazer.

— Não! — Segurei sua mão.

— O que foi?

— Deixa que eu passo — Peguei a pomada e me poupei daquilo.

— Eu posso cuidar de você amor.

— Eu sei que pode, mas lá embaixo é muito pessoal.

— Sério isso, sabe que eu já toquei nisso aí muitas vezes né? E nem tô falando só dos dedos — Senti minhas bochechas esquentando.

— É sério sim! — Voltei a me cobrir e os dois riram.

Eles voltaram a deitar do meu lado mas dessa vez muito mais próximos, era bom a sensação de nossos corpos nus se tocando, mesmo que minha concentração fosse apenas para os volumes.

Bruno passou a mão na minha barriga e começou a fazer carinho naquela região, Lucas se concentrava na coxa. Acho que gostava desses toques delicados deles.

— Não posso acreditar que estamos casados — Murmurei para mim mesma enquanto olhava meu dedo com aquela aliança.

— Já tá arrependida? — Bruno perguntou me olhando.

— Não, claro que não — Soltei uma risada baixa — É que... O que a gente faz agora? Nem sabemos como vamos levar nossa vida em diante, vocês têm um trabalho nada legal e eu só sou... Sem rumo.

— O que você quer fazer? — Lucas Sentou na cama e me puxou para perto.

— Como assim?

— Fala algo que quer fazer, trabalhar, mudar de casa, abrir um negócio, alguma coisa você têm que querer.

— Bem... Eu já quis muito fazer faculdade, mas eu perdi um ano de escola e pensei que isso ia me prejudicar bastante.

— Isso prejudicou com certeza, mas não significa que você seja incapacitada — Bruno disse dando um beijo na minha bochecha — Se é isso que você quer então apenas nos avise, vamos te apoiar em qualquer decisão.

Ele se aconchegou no meu ombro e senti aquela paz.

Muitas coisas nesses longos anos me machucaram, criaram cicatrizes irrecuperáveis que até hoje machucam imensamente, mas quando estou com eles tudo aprece tão mais tranquilizante que é quase como se a dor nunca tivesse existido.

Jamais imaginaria que nos tornariamos isso, no começo era tudo tão carnal, mas agora... Eles eram meus pontos de paz, como Ben uma vez me disse.

— Meninos e quanto a nós? O que vamos fazer agora?

— Agora a gente pode tomar um banho juntos e cuidar desses machucados — Senti o carinho de Bruno mais malicioso.

— Não tô falando disso, mas com certeza vamos fazer depois — Dei um selinho nele.

— Então do que você tá falando?

— Vocês querem ter filhos? — Os dois congelaram com minha pergunta tão direta.

Eu sabia que essa parte ia ser um assunto sensível, que enrolariamos muito para entrar nessa questão e com certeza era algo muito mais doloroso do que pensávamos. Não só para eles mas para nós três, não tenho muitas expectativas em ser mãe.

— Amor...

— Eu sei que não é bem uma questão agradável nesse momento mas precisamos falar sobre isso, nos casamos sem nem ao menos termos planos de vida e...

— Leticia — Bruno me interrompeu com os olhos compreensíveis — Nossos planos de vida é ficarmos juntos até envelhecermos e te fazer feliz de todas as maneiras possíveis, queremos construir uma vida inteira com você.

— E filhos pode ser uma prioridade para depois, claro que queremos ter uma família com você, mas sinceramente não acho que no momento somos capacitados para isso, foi um ano agitado e ainda não é um assunto para agora.

Os nós dos meus músculos se desenrolaram, senti o alívio instantâneo e tive que me segurar para não soltar um suspiro. Meu corpo relaxou muito mais.

— Graças a Deus pensamos a mesma coisa — Os dois riram juntos com meu desabafo — Eu não sei ser mãe, não tive uma família muito equilibrada e só de pensar em crianças um nó embrulha minha barriga.

— A gente sabe, rainha — Bruno deu um beijo na minha bochecha — Vamos ter muito tempo para ter essa conversa.

Ficava feliz por termos os mesmos propósitos, ainda tinhamos muitas coisas para tratar, muito o que conhecer um do outro, mas estávamos juntos e o que importa é essa harmonia pacifica. Meu peito se aquecia com isso.

— Então, o que vocês acham de tomarmos um banho agora? — Mudei o foco da conversa.

— Ah, com certeza é uma ótima idéia.

Os dois vieram até mim e afastaram o cobertor do meus corpo, Lucas foi o primeiro a me beijar.

Fazia muito tempo que não me sentia feliz assim. Viva.

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora