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LETICIA

As coisas estavam... Intensas. Eu não tinha certeza se foi uma boa idéia pedir para dormir com eles a uma semana atrás, com certeza algo mudou desde aquele dia.

Os dias ainda estão repetitivos e entediantes, mas de um jeito diferente. É óbvio que eu ainda me sinto desprotegida nesse lugar, presa nessa cabana, porém, agora estamos em um ambiente muito mais positivo, eu acho que posso chamar dessa maneira.

Apesar de algum jeito ter deixado um voto de confiança na mão de meus tios, eu só estou esperando a oportunidade perfeita de sair daqui. Por bem ou por mal.

Desliguei chuveiro e a brisa gelada beijou meu corpo fazendo todos os meus pelos se arrepiarem. Peguei a toalha e a enrolei em volta do meu corpo, garanti que meu cabelo estava preso firmemente e fui até o espelho.

Nunca tive muita empatia pela minha aparência, sempre sentia algo vazio em meus olhos, mas agora... Não sei descrever com as palavras certas o que eu sentia.

Sabia que tinha algo de diferente e não só internamente, mas... A exaustão em meu rosto era nítida, era vergonhosa e eu fazia o possível para evitar os espelhos que tinha pela casa.

Fechei os olhos e engoli o bile que havia subido pelo nó da minha garganta, quanto tempo eu ainda vou aguentar isso?

Coloquei a melhor expressão em meu rosto e saí do banheiro, foi impossível não sentir susto ao ver que não estava sozinha no quarto.

— Cacete! — Coloquei a mão no peito e vi as bochechas de Bruno ficarem vermelhas.

— Desculpa! Eu não sabia que você ia sair agora, eu só trouxe o novo livro que você pediu — Olhei o objeto na mão esquerda dele.

— Ah, sim.

Respirei fundo e fui até a cama onde estava minhas roupas. Reparei que os olhos do meu tio ainda estava sobre mim, não me permiti encolher com aquilo.

— Precisa de mais alguma coisa? — Ele tirou a atenção da minha toalha.

— Não! Eu, só queria... Bom, vou esperar você lá embaixo — O moreno saiu sem dizer mais nada.

Sim, de fato as coisas estava diferentes. A um mês atrás Bruno teria tido uma reação bem diferente ao me ver desse jeito, porém, os dois se tornaram mais educados... Carinhosos.

Coloquei as minhas roupas e prendi o cabelos de qualquer jeito. Não me preocupei em olhar o livro que ele tinha deixado na penteadeira, apenas saí do quarto.

Eu tive chances de conhecer a casa por completo, de algum jeito sei onde está cada coisinha nesse lugar. Mas não havia sequer um cômodo que me ajudasse a sair daqui, exceto pelo quarto dos meninos.

Bom, podemos dizer que na noite em que pedi para dormir com eles não foi pelo frio, tinha percebido que aquele quarto ainda era desconhecido para mim e minhas respostas foram confirmadas.

Aquele cômodo era o único meio de fugir, tirando a porta principal, as janelas do quarto deles eram as únicas que não tinham madeiras impedindo a passagem. Eu precisava de um jeito para entrar lá novamente e acho que para isso vou ter que continuar com esse papel de menina conformada. Só Deus sabe o quanto é difícil para mim não mandar os dois tomarem em certos lugares.

Voltei com as minhas expressões neutras no rosto e desci as escadas apressadamente. Assim que entrei na cozinha olhei os dois me esperando para o café da manhã.

— Bom dia — Lucas falou enquanto arrumava a postura — Têm torta de frango hoje, como você pediu.

— Ótimo.

100 Camadas De DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora