Capítulo 15: Conjuradoras de Magia.

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Vesti a roupas que Axel havia arrumado pra mim. Estava feliz por pelos menos não precisar usar vestidos de novo. Nós estávamos em um quarto de um hotel qualquer da Cidade Dos Ossos.

—Ainda não respondeu minhas perguntas. —Falei, mexendo minha perna e sentindo que o ferimento já havia se curado. Deus abençoe as bruxas.

—O que quer saber? —Indagou, com a atenção presa em algo que acontecia na rua.

—Tudo. Porque vir atrás de mim? Porque roubou a safira quando eu estava na floresta? Porque me tirou da biblioteca e me trouxe pra cá? Porque temos que fugir juntos? O que diabos são essas safiras?

—Calma. Deus, eu gostava mais de você quando sentia medo de mim. —Resmungou impaciente e eu soltei uma risada alta, chamando a atenção dele.

—Eu não tenho medo de você. Minhas facas são a prova disso. —Declarei e vi seus olhos ganharem um tom sombrio.

—Você é doída? —Questionou e cruzou os braços na frente do corpo. —Você me esfaqueou duas malditas vezes! —Exclamou com raiva e eu mordi o lábio para segurar a risada que se entalou na minha garganta. —Isso não tem graça!

—Pra mim tem muita graça. Até porque, eu te esfaquearia uma terceira vez se fosse necessário. —Afirmei. —Então é melhor não me provocar ou me ameaçar.

—Você é um demônio, garota. —Resmungou e eu abri um sorriso.

—Isso é um elogio vindo do próprio diabo. —Revidei e ele revirou os olhos e bufou. —Axel o trevoso.

—Estou a um passo te de entregar ao rei. —Afirmou e se afastou da janela, se virando totalmente para mim. —Olha só, as safiras são objetos mágicos. Conjuradoras de magia. Existem 4 delas. Cada uma pode conjugar uma magia diferente. Água, ar, fogo. —Axel puxou a safira verde do bolso da jaqueta. —E terra. Todos os reis estão procurando por elas. Querem usá-las para conquistas as outras cidades e até mesmo os outros reinos. As quatro juntas são capazes de tornar qualquer pessoa invencível.

—Peraí, então temos o poder da terra nas nossas mãos? —Apontei para a safira na mão de Axel e ele confirmou com a cabeça.

—Você conjurou ela quando caiu da árvore na Floresta do Medo. Criou uma camada de folhas e flores no chão, onde você caiu. —Prosseguiu e eu me lembrei de como ela brilhou naquela noite. —Eu quero ir até a Cidade Marítima e conseguir a outra safira antes que um dos quatro reis a pegue primeiro.

—Porque? —Cruzei os braços, imitando ele.

—Você realmente quer que um dos reis tenha o poder de controlar os quatro principais elementos da natureza? Eu tenho certeza que não quer saber como o mundo ficará se isso acontecer. —Axel afirmou e eu tombei a cabeça para o lado.

—E porque você se importa? —Ele soltou uma risada irônica e mordeu o lábio. Engoli em seco quando meus olhos acompanharam aquele movimento.

—Não me importo. Tenho meus próprios planos em relação as safiras. —Afirmou.

—E o que eu tenho a ver com isso? Sabe, não confio nada em você. —Declarei e ele balançou a cabeça, como se estivesse entediado. —E que planos são esses? Você é um Portador das Sombras. É mais poderoso que as quatro safiras juntas.

—Isso não é da sua conta. E aliás, é uma ótima decisão sua não confiar em mim. —Afirmou com certa ironia. —E sobre à primeira pergunta... Bem, eu preciso da sua ajuda.

Soltei uma gargalhada e vi ele franzir a testa como se eu fosse louca. Levei a mão a boca, tentando segurar a risada. Aquilo definitivamente era inédito na minha vida.

—Você quer a minha ajuda? —Coloquei as mãos na cintura e encarei ele com uma expressão de deboche. —Se vira, portador. Usa seus cães de caça.

—Você não estava tão engraçadinha assim quando rolou escada abaixo. —Zombou, abrindo um sorriso travesso. —Parecia um saco de batatas rolando. Se você não fosse tão magra, certamente serviria como referência a um.

—Hilário, Axel. Realmente muito engraçado. —Murmurei, prestes a voar no pescoço dele e o enfocar. —Você também não estava tão engraçadinho assim quando te esfaqueei.

—Se citar isso de novo, juro que entrego você ao rei. —Afirmou e eu soltei uma risada.

—Vá em frente. Acha que eu dou a mínima pra isso? —Virei as costas, pronta para sair pela porta. Dei um passo para trás quando Axel apareceu na frente dela, em meio as sombras.

—Eu pago você para em ajudar, está legal? —Propôs e eu engoli em seco. —O quanto você quiser de moedas.

—Como tem tantas moedas de ouro morando naquela floresta? —Ele soltou uma gargalhada, me deixando surpresa. Me remexi sem graça, percebendo o quanto aquela pergunta soou idiota. —Okay, você não vive lá.

—Obvio que não. Eu vou pra lá a noite pra assustar os otarios que acreditam nessa baboseira de fantasma. —Axel estalou a língua e balanço a cabeça para os lados.

—E onde você mora? —Ele tombou a cabeça para o lado e ergueu uma das sobrancelhas. —Que tipo de ajuda você quer?

—Ainda não disse se aceita. —Rebateu.

—Ainda não disse o que quer. —Retruquei e ele soltou um suspiro impaciente.

—Primeiro me diz se aceita. Então quando chegarmos a Cidade Marítima eu digo o que quero de você. —Afirmou e eu engoli em seco.

Me afastei de Axel. Eu queria sair da Cidade dos Ossos. Mas minha ideia era ir para a Cidade do Porto e recomeçar lá. Não ir parar em um reino vizinho e em uma cidade que eu mal sabia onde era.

—Kayla, eu não tenho a merda do dia todo. —Axel alertou e eu revirei os olhos, vendo ele analisar esse ato com os olhos curvados.

—Mil moedas de ouro e eu te ajudo a conseguir a safira. —Falei e ele passou a língua sobre os lábios, abrindo um sorriso logo em seguida. Ato que fez todo meu sangue esquentar.

—Mil moedas de outro por cada safira que conseguir pra mim. —Axel afirmou e eu quase me engasguei. —Estou te devendo mil pela safira da terra já.

Ele estendeu a mão pra mim, como se estivéssemos prestes a firmar um acordo. 4 mil moedas de ouro era muita coisa. Eu não sabia onde ele arrumaria aquilo, mas não fazia diferença. Ergui a mão e apertei a mão dele, sentindo o quanto a pele dele era gelada.

—Se não me pagar, mato você e fico com as safiras pra mim. —Afirmei e ele sorriu como se aquilo fosse um jogo.

—Fechado. -Concordou.




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora