Capítulo 72: Sangue de Pirata.

2.3K 412 70
                                    

Trevis

Ele não acordou mesmo depois de Alex dar uma poção de cura a ele, para os cortes que o Lusion havia feito no seu queixo. Ele estava deitado sobre o sofá, completamente pagado. Lyra estava abaixada ao lado dele, colocando uma toalha úmida na sua testa, já que ele parecia quente demais.

—Porque não se livrou dessa coisa ainda? —Diana resmungou, apontando pra porta que dá para a caverna.

—Ele tem informações valiosas. Não posso perder a oportunidade de saber sobre tudo. —Alex encolheu os ombros, parecendo culpado. —Não imaginei que ele fosse atacar um de vocês.

—É claro que não. —Ela cruzou os braços na frente do corpo, com as bochechas vermelhas como os cabelos. —Ele teria o matado se não tivéssemos chegado a tempo.

—Lamento. —Alex abaixou a cabeça, culpado. Andei até o sofá. Me sentando ao lado de Lyra para ficar perto de Cedric. No fundo eu estava sentindo que a culpa era minha. Já que eu quis entrar na caverna pra conversar com a criatura. Mas eu não imaginava que isso ia acontecer.

—O que foi? —Diana indagou, se sentando ao meu lado, olhando para Cedric.

—Só quero que ele acorde logo e fique bem. —Falei, encolhendo meus olhos e olhando para a lareira. —Cedric e Kayla eram as únicas pessoas que se importavam comigo nas ruas. Kayla já está sumida. Não quero que algo aconteça com Cedric também.

—Não vai acontecer. —Diana me puxou, me deixando surpreso quando me abraçou. —E você não está mais nas ruas, Trevis. Eu e Lyra também nos importamos com você.

Assenti com a cabeça, vendo ela e Lyra trocarem olhares, antes de virarem os rostos, parecendo tímidas. Me escorei no sofá, observando Cedric e desejando que ele acordasse logo.

[...]

Me sobressaltei, percebendo que havia dormido escorado no sofá. Lyra e Diana estavam conversando, sentadas ao lado da lareira. Observei as duas, vendo que elas pareciam estar se aproximando bastante. E se dando mais do que bem.

—Trevis? —Me virei, arregalando os olhos ao perceber que Cedric estava acordado. Ele se mexeu, tentando se sentar na sofá.

—Você está bem? Como se sente? —Indaguei, enquanto as garotas chegavam ao meu lado. Cedric fez uma careta, passando a mão no queixo que estava completamente curado.

—Ótimo. —Resmungou, levando as pernas para o lado, para por os pés no chão e se colocar sentado. —Me diz, por favor, que ele está morto agora.

—Não está. Alex está conversando com ele agora mesmo. —Diana falou, em um tom de reprovação. —Mas não acho que ele vá tentar nós atacar de novo.

Cedric ficou em silêncio, encarando um ponto fixo no chão como se estivesse pensando longe. Ele ergueu a cabeça, encarando nós três como se não soubesse ao certo o que fazer.

—O que foi? —Lyra indagou, parecendo preocupada com a forma que ele estava nos olhando.

—Eu não... eu... —Cedric engoliu em seco, passando a mão na nuca. —Quando você me perguntou sobre a minha vida, no navio... bem, eu não sabia. Não me lembrava de nada antes das ruas. —Falou, parecendo com medo das próprias palavras. Olhei para Lyra, vendo que ela o encarava, ansiosa. —Ela era filha de um mercador. Minha mãe, quero dizer. E meu pai... um pirata.

—Ele te disse isso? —Lyra questionou e ele assentiu, parecendo envergonhado.

—Eles estão mortos. Os dois. Mas... —Cedric ficou em silêncio, as bochechas vermelhas. Ele baixou a cabeça, agarrando os cabelos loiros com as mãos. Lyra se sentou ao lado dele, tocando seu braço.

—Cedric, está tudo bem. Não tem problema ser filho de um pirata. Não tem problema nenhum. —Lyra afirmou, tentando fazer com que ele olhasse pra ela.

—Eu, particularmente, acho super legal. —Diana exclamou, chamando a atenção de todos nós. —O que foi? O Cedric é um pirata. Tem sangue de pirata. Eu queria ser uma pirata.

—Você é a princesa mais estranha que eu já vi na minha vida. —Falei, a encarando como se ela fosse um tipo de maluca. Diana soltou uma risada e apertou minhas bochechas.

—Bem, não importa. Eles estão mortos. —Cedric deu de ombros. —Nunca vou poder conhecê-los.

—Bem vindo ao clube. —Falei, tentando abrir um sorriso, que saiu mais como uma careta. Cedric me lançou um olhar triste, mas me puxou para um abraço, que eu aceitei na mesma hora.

—Ah, pessoal? —Nos afastamos, olhando para a porta, por onde Alex havia acabado de entrar. Ele estava nos encarando sem qualquer expressão, mas parecia visivelmente nervoso. —Temos um problema.

—Que problema? —Indagamos todos juntos.

—Os homens da Rainha das Rainhas estão se movimentando. Eles sabem onde estão as outras duas safiras e estão indo atrás delas. E os guardas do rei solar também. —Alex se aproximou da mesa, abrindo um mapa que eu não havia notado que ele segurava. Andamos até ele, vendo o mesmo apontando para a Cidade da Esperança no mapa.

—E onde as outras safiras estão? —Indaguei e ele assentiu.

—É onde Kayla e o portador estão. —Lyra afirmou. —Eles estavam com uma safira. Então eles estão indo atrás dos dois. Precisamos achar o conjurador, independente deles conseguirem as outras safiras.

Nós três concordamos, assentindo com a cabeça. Olhamos para Alex, quando ele coçou a garganta. Ele passou as mãos no cabelo, parecendo um pouco nervoso.

—Mais alguma coisa? —Diana questionou, fazendo Alex erguer os olhos até nós.

—O conjurador também está lá. —Declarou.


Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora