Capítulo 22: O Poder dos Mares.

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Não demorou muito para que eu fosse amarrada. Olhei para Axel, de joelhos aos meu lado e vi a expressão dele mais tranquila possível. Balancei a cabeça negativamente, desejando esgana-lo nesse momento.

—Como isso aconteceu? Como deixou eles te pegarem? —Indaguei e ele suspirou, deixando o cheiro da bebida alcoólica chegar em mim. —Inacreditável! Você bebeu, Axel?

—Pra aguentar esse lugar só bebendo. —Retrucou, um pouco exasperado. —Foi só uma garrafa. Nada que me deixasse bêbado. Apesar de eu querer. —Sussurrou a última parte e eu o encarei indignada. Ele só podia estar de brincadeira com a minha cara. —Eles batizaram a garrafa. Eu perdi os poderes aí. As correntes vieram depois.

—Você tentou lutar pelo menos? —Ele negou com a cabeça.

—Porque eu faria isso? Nós temos que chegar até a Cidade Marítima. Nesse navio ou no pirata, tanto faz. —Afirmou e eu abaixei a cabeça. Eu estava prestes a ter um ataque de raiva e se não fossem as cordas, eu já teria pulado no pescoço de Axel.

Olhei para frente, vendo dois piratas se aproximando de nós. Fomos colocados de pé e empurrados até uma prancha que estava colocada entre os dois navios.

—Foi bom fazer negócio com você, Beron. —O elfo falou ao pirata, quando recebeu um saquinho de ouro. Olhei para Axel, quando percebi que aquilo era uma provocação a ele.

—Damas primeiro. —Axel murmurou, apontando para a prancha. O encarei com raiva e cerrei meus punhos. Mas que filho da mãe!

—Pode dar uma facada nele por mim? —Questionei ao pirata que me empurrava em direção a prancha. Ele soltou uma risada e me colocou sobre ela. —Que agradável. Eu queria ser uma de vocês quando era criança, sabia? —Comecei a falar, tentando atravessar aquela tábua minúscula sem cair na água. Eu estava quase morrendo por dentro.

—É mesmo? —O pirata respondeu atrás de mim e eu balancei a cabeça positivamente. Agora ele já não me empurrava mais. Eu estava quase no meio da prancha.

—É sim. Se tiver um lugar pra mim na tripulação, eu ainda quero. —Afirmei e sem querer olhei pra baixo, engolindo em seco. —Deuses, é muita desgraça pra uma pessoa só.

Pulei para o outro navio quando finalmente cheguei na ponta da prancha e caí de cara no chão, sem jeito por conta das mãos amarradas pra trás. Fui puxada para ficar de joelhos e olhei para trás, vendo Axel desfilando até pular ao meu lado e abrir um sorriso presunçoso.

—Eu te odeio. —Murmurei me colocando de pé e ele riu. Olhei para frente e engoli em seco quando um homem que aparentava ter mais de 40 anos se aproximou de nós. Ele tinha pele negra e cabelos longos presos em várias tranças. Um chapéu de pirata na cabeça e os olhos tão claros como o oceano.

—Vejam só o que temos aqui rapazes. —Ele cantarolou, olhando de Axel para mim. —Um famoso Portador das Sombras e sua amiga...?

—Mendiga. —Axel respondeu e eu me virei no mesmo instante, erguendo o joelho e acertando o meio das pernas dele. Ele soltou um gemido de dor e caiu no chão, enquanto eu ouvia a risada dos marujos envolta de mim.

—Parece que a mendiga sabe se defender muito bem. —O capitão murmurou e os homens riram de novo.

—Prefiro ser chamada de Kayla. —Declarei. —E não sou amiga dele.

—Você me paga, Kayla! —Axel gemeu, se colocando de pé com a ajuda de um dos piratas e me lançou um olhar furioso. —Doeu, merda!

—Era pra doer mesmo, cachorro raivoso. —Retruquei e ele estalou a língua e balançou a cabeça negativamente.

—Acho que eu não entendi. Vocês dois não se dão bem, mas estão viajando juntos. —Ele colocou a mão no queixo, parecendo pensativo.

—É o famoso instinto de sobrevivência. Tive que me unir a esse idiota pra me safar da corda. —Zombei e ele piscou algumas vezes, olhando pra mim.

—Sei. —Ele começou a andar envolta de nós e eu vi Axel suspirar, como se aquilo já estivesse o deixando sem paciência. —Onde está a safira que roubaram do rei?

Meu sangue gelou e eu pensei que havia ficado surda por um momento, quando um zumbido invadiu meus ouvidos. Engoli em seco e olhei com o canto dos olhos para Axel.

—Não sei do que está falando. —Axel murmurou com tranquilidade. O pirata tombou a cabeça para o lado e aspirou o ar.

—Revistem os dois. —Mandou e eu senti a descarga de energia que atingiu meu corpo quando eles começaram a me revistar. Não demorou um segundo para eles puxarem as moedas do bolso de Axel, junto com a safira da terra. —Agora você sabe do que eu e estou falando?

—Como sabia que ela estava com a gente? —Indaguei e ele soltou uma risadinha, trazendo os olhos até mim.

—Todos já sabem sobre a existência das safiras. Todos já sabem que foram vocês dois que roubaram uma delas do rei solar. —Explicou e eu olhei para Axel, vendo ele prestar atenção no que o capitão dizia. —Todos em terra estão em busca das safiras agora.

—O que quer dizer com todos? —Indaguei um pouco nervosa. Era só o que me faltava mesmo.

—Todos os 4 reis. E temo que coisas mais piores e ruins que eles também. —O capitão analisou a pedra verde com certo interesse e fascínio. —Terra? É uma pena. Eu ia ficar animado se fosse a da água. —Comentou. —Imagine só, ter o poder dos mares em sua própria mão.

—O que vai fazer com a gente agora? —Questionei. —Ja tem a pedra. Pode nos soltar no continente. A não ser que esteja procurando um novo membro pra sua equipe de piratas. Se estiver, já deixei meu desejo explícito a...

—Fica de boca fechada, Kayla! —Axel murmurou entredentes e eu revirei os olhos.

—Você não manda em mim, tá legal? Então vê se dá um tempo. A gente está nessa situação por culpa sua! —Resmunguei.

—Que adorável vocês dois. —O capitão soltou uma risada junto com os outros marujos. —Prendam eles lá embaixo.







Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now