Capítulo 21: Piratas.

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Kayla

Fiz uma careta ao ver os homens e elfos bêbados brigando entre si. Rindo sobre coisas idiotas e lançando sorrisos marotos na direção das mulheres. Eu realmente achava que um navio era um ambiente bom para si estar. Pelo menos os de piratas. Eles certamente são mais educados do que isso.

Balancei a cabeça negativamente quando um deles me ofereceu uma garrafa de vidro com um líquido suspeito dentro. Tudo que eu não precisava era ficar bêbada uma hora daquelas. Axel estava fora de vista. Notei que ele parecia não curtir muito o sol forte. Agora eu sei como fugir dele por alguns minutos.

Suspirei. Olhando para o horizonte e vendo nada além de água por todo lado. Não havia uma ilha sequer a vista. Nenhum outro navio ou qualquer outra coisa. Olhei para a água que batia no casco do navio. Violenta e implacável. Me surpreendi com a figura que nadava mais ao fundo.

—Ai meu Deus! —Sussurrei. Percebi que não havia sido a única a notar, quando os homens bêbados começaram a gritar.

—Olha só, as sereias vieram nos visitar. —Um deles gritou. Eu observei a cauda da sereia bater contra a água enquanto ela nadava junto ao navio. Era linda. De um tom laranja com manchas vermelhas. Os cabelos eram tão negros quando a escuridão da noite.

—Vem aqui, coisa linda! —Outro deles disse, soltando uma risada alta logo em seguida. Fiz uma careta, olhando para eles e balancei a cabeça negativamente. Olhei para a água de novo, vendo uma das sereias com o rosto para fora da água, me observando. Talvez porque eu era a única sóbria ali naquele momento, que não estava berrando.

Abri um sorriso pra ela e a mesma sorriu em resposta. O sorriso dela desapareceu aos poucos e ela afundou na água, como se algo tivesse a assustado. As outras sereias que estavam envolta sumiram na mesma velocidade.

—Ela gostou de você. —Axel comentou atrás de mim, me fazendo dar um salto de susto. Coloquei a mão no peito e me virei de olhos arregalados.

—Qual o seu problema? —Indaguei, fazendo uma careta. —Achei que estivesse entocado em algum lugar.

—Vim ver qual o motivo do alarde de todos. —Ele se escorou, olhando para a água. —Ja tinha visto uma sereia antes?

—Não. Eu morava em uma cidade continental, esqueceu? —Declarei e ele deu de ombros. —E você, já tinha visto uma?

—Já, mas elas não costumam gostar muito de mim. —Eu soltei uma risada e tombei a cabeça para o lado.

—Porque será, Axel? Talvez seja sua grande simpatia e seu jeito fofo de ser. —Zombei e como esperado ele estalou a língua. Ri da sua expressão de impaciência e me afastei. —Eu vou achar um lugar pra dormir. Ficar em um mesmo ambiente que você, Axel, pode não ser bom para minha saúde mental.

—Claro, sua saúde física já está caída o bastante para uma mendiga. —Ele retrucou e me olhou de cima a baixo. Eu havia ganhado um pesinho nos pouquíssimos dias que fiquei na biblioteca. mas estava longe de parecer uma pessoa saudável.

Deixei Axel para trás, indo em direção a escada que ia para parte inferior do navio. Desci a mesma vendo o local com algumas redes penduradas e caixas e sacos para todos os lados. Me afastei da visão de todos, entrando no meio de todas aquelas mercadorias. Eu só precisava dormir sem ninguém para interferir.

Me ajeitei em um dos cantinhos mais vazios do navio. Entre caixas de mercadorias e sacos. Suspirei cansada e escorei minha cabeça em uma das caixas. Minha mente passou em um segundo para Trevis e Cedric, e o que eles estariam fazendo uma hora dessas. De todas as pessoas que viviam nas ruas, eles eram os únicos que falavam comigo e eu considerava meus amigos.

Deixei o sono tomar conta de mim, me encolhendo naquele lugar desconfortável. E apaguei por completo.

[...]

Acordei ouvindo o som de vozes altas e correria no deck superior. Me sentei no chão vendo os homens passando por ali e subindo as escadas às pressas. Me coloquei de pé e fui em direção a escada para ver o que estava acontecendo.

Havia uma confusão no lado de cima. Homens e elfos corriam por todos os lados, pegando espadas e ajeitando os canhões para atirar. Já estava noite e o navio era clareado por luzes de tochas.

—O que está acontecendo? —Questionei a uma das elfas que passou por mim. Mas ela me ignorou e apenas pegou uma espada. Olhei envolta tentando achar Axel, mas não havia sinal algum dele.

Meus olhos pararam em algo que vinha no horizonte. Caminhei até a ponta do navio e vi a silhueta de outro navio vindo em nossa direção. Também repleto de tochas e com uma bandeira negra balançando com o símbolo de uma caveira.

Agora eu entendia toda a confusão no navio. Estávamos prestes a ser atacados por piratas. Okay, eu queria ser um uma vez. Mas ser ataca por um grupo deles não estava nos meus planos. Comecei a correr procurando por Axel. Ele resolveria isso em 2 segundos.

—Desculpa... —Falei, quando comecei a bater nas pessoas que passavam por mim. —Axel? —Olhei envolta e franzi a testa. —Onde diabos você se meteu?

—Ei, mocinha, procurando por isso? —Me virei ao ouvir a voz do capitão do navio, vulgo elfo mal humorado, e o encontrei segurando Axel pela gola da camiseta. Axel tinha a expressão mais neutra possível, enquanto o elfo um grande sorriso no rosto.

—O que está fazendo? —Questionei, vendo todos agora com a atenção em nós, e não no navio pirata que se aproximava. —Usa suas sombras! Faz alguma coisa!

—Eu não posso. —Axel ergueu as mãos, mostrando as correntes que prendiam elas. Fiz uma careta e olhei para os homens envolta, vendo eles se aproximarem de mim.

—É encantada, flor. Ele não pode usar seus poderes enquanto estiver com elas. —A mulher que havia tentando falar comigo mais cedo explicou, soltando uma risadinha.

—O que vocês querem? —Indaguei e engoli em seco quando todos eles sorriram.

—Acabamos de ser vendidos para os piratas. —Axel murmurou, tombando a cabeça para o lado. —Seu sonho vai ser realizado.




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora