Capitulo 26: Bandeiras Vermelhas.

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Kayla

—Vento a estibordo. —Ouvi um dos marujos gritar. Olhei para a bandeira negra com o símbolo de uma caveira ser puxada até ficar fora de visita. Pelo que eu entendi, eles só usavam ela durante a noite quando faziam alguma pilhagem.

Suspirei indo até onde o capitão estava e o vi analisando um mapa das nossas terras. Na outra mão ele usava uma bússola e analisava algum ponto em específico.

—Pra onde estamos indo? —Não suportei a curiosidade e acabei perguntando. O capitão ergueu a cabeça e suas tranças balançaram com o movimento.

—Até a Cidade Marítima. Temos uma entrega para fazer lá. —Eu balancei a cabeça e olhei para o mar. Iríamos parar na Cidade Marítima de qualquer forma. Mas agora sem a safira da terra.

—Vai soltar eu e Axel? —Questionei e vi ele ir até o timão e olhar a bússola, mudando a rota do navio.

—Ainda não pensei nessa parte. Mas provavelmente sim. Vocês não servem de muita coisa pra mim. —Fiz uma careta. —Sem ofensa.

—Ja pegou a safira. Pode nos soltar na Cidade Marítima e vamos sumir da sua vista. —Afirmei e ele abriu um sorriso, balançando a cabeça negativamente.

—Não é assim que as coisas funcionam. Você sabe que está sendo procurada, não é? Eu não sou o único que está atrás das safiras e sabe sobre você. —Balancei a cabeça e suspirei. É, eu sabia. Mas isso não significava nada. Eu ainda tinha que achar as outras para pegar as moedas com Axel. —Vá fazer alguma coisa e relaxe, Kayla. Nenhum dos dois vai morrer. Eu só não decidi o que fazer ainda.

Balancei a cabeça afirmativamente e me afastei dele, indo até a ponta do barco para olhar o horizonte.

[...]

Me aproximei da cela sobre o olhar atento de um dos piratas. Infelizmente ficar livre não estava sendo tão bom quanto eu imaginava. Era entediante e eles não me deixavam ajudar em nada, mesmo eu pedindo 50 vezes. Então eu resolvi descer e ver se o senhor irritadinho já havia acordado do seu sono de bêbado.

Parei na frente das grades e olhei para Axel, sentado no chão com as pernas esticadas e as mãos acorrentadas sobre elas. Ele ergueu os olhos até mim e os curvou.

—Porque você está livre? —Questionou e eu dei de ombros.

—Talvez seja porque eu sou legal e você um imbecil. —Soltei uma risada debochada e vi ele estalar a língua. —Eu não tenho poderes sobrenaturais e não apresento risco a eles.

—Me tire daqui. —Mandou e eu soltei uma risada.

—Você não manda em mim, Axel. E pra falar a verdade. —Me escorei nas grades e abri um sorriso zombeteiro. —É engraçado vê-lo preso.

—Não me teste, Kayla. Não se esqueça de que está trabalhando pra mim. —Eu soltei uma gargalhada, atraindo o olhar furioso dele pra mim.

—Eu não trabalho pra você. Ainda não me pagou por nada. Além do mais, eu tenho que encontrar as safiras e estou longe disso por sua culpa. —Afirmei, apontando pra ele. —Se está preso aí, é porque foram suas escolhas que causaram isso. —Axel balançou a cabeça negativamente e eu suspirei. —Antes de ser uma mendiga, eu sou uma ladra. Nunca duvide de uma ladra.

Me afastei das grades sobre o olhar atento de Axel e o vi abrir um sorriso malicioso. Me afastei, subindo as escadas para o convés, quando ouvi o grito dos piratas. Eles passavam ordens uns aos outros, enquanto corriam de um lado para o outro.

—O que está acontecendo? —Subi até onde o capitão estava, olhando para o horizonte com uma luneta.

—Navio inimigo. —Ele me estendeu a luneta e eu olhei para o horizonte, vendo o navio com bandeiras vermelhas se aproximando. —Abrir escotilhas! Preparar os canhões!

O navio se aproximava rápido, também se preparando para atacar. Todos os marujos já estavam com as espadas em mão, predando os canhões para atirar. Corri até a escada e encarei o local cheio de caixas e redes. Fui até a parede e peguei a primeira espada que encontrei.

Cai sobre as escadas quando uma bala de canhão atingiu o navio. Arregalei os olhos e voltei a subir só para encontrar o navio do nosso lado agora. Não demorou para os piratas começarem a pular para o outro navio, assim como eles virem para o nosso.

Me coloquei de pé e segurei a espada. Okay, eu não sabia usar uma direito. Não tive tempo de aprender, mas preferia morrer tentando do que sendo covarde. Olhei para o capitão Henry, vendo ele lutar contra um dos piratas inimigo.

Ergui minha espada e arregalei os olhos quando um deles me atacou. Me defendi, enquanto ele tentava me acertar com aquela espada várias vezes. Meus pés se moveram para trás até eu alcançar uma garrafa de rum que estava em uma mesa. Assim que eu a segurei, a joguei em direção a cabeça do pirata. Ele ficou zonzo e eu aproveitei para dar um soco no rosto dele. O mesmo desabou e eu corri quando percebi outro deles vindo na minha direção.

Corri e desci as escadas até onde ficava as celas. Peguei as chaves que estavam penduradas na parede e corri até onde Axel estava. Ele estava de pé, olhando entre a escotilha, vendo o outro navio.

—Estava me perguntando quanto tempo iria demorar para aparecer. —Comentou, se virando para mim assim que abri a cela. Corri até o mesmo, jogando aquelas chaves no chão e pegando um grampo no meu bolso.

—Faça sua parte que eu faço a minha. —Retruquei e ele me lançou um olhar travesso, quando abri as correntes que prendiam suas mãos. Axel soltou um suspiro assim que elas caíram no chão e as chutou para longe. Engoli em seco vendo-o parado bem na minha frente. Assim que as correntes mágicas pararam do outro lado da cela, o poder dele se libertou.




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now