Capítulo 57: Cidade do Sol.

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Olhei para Axel, vendo ele aguardar que eu falasse alguma coisa. Mas encolhi os ombros e balancei a cabeça negativamente, empurrando ele para o lado e saindo de vez dali. Axel já sabia demais sobre a minha vida. Sabia de coisas que eu jamais me permiti dividir com alguém.

Eu consegui passar quatro anos nas ruas, escondida. Eu era um fantasma que não deveria mais existir para aquelas das pessoas da Cidade da Esperança. Mas agora meu nome e meu rosto estavam espalhados por todas as cidades, por todos os reinos. E minha cabeça estava a prêmio. Conhecendo bem Simon, sei que ele vai querer tirar vantagem nisso.

—Kayla? Você está bem? —Henry questionou, quando parei ao lado do parapeito e olhei para a Cidade do Sol do outro lado do mar. Assenti com a cabeça e não olhei para ele. —Não vamos entregar vocês, se é que isso passou pela cabeça de um de vocês.

—Vamos descer. —Axel afirmou, aparecendo ali ao lado de Kenji. —Temos que saber sobre as outras safiras. Ficar em alto mar não vai nos ajudar em nada agora.

Ignorei os dois e apenas caminhei até Henry. Ajeitando a espada na minha cintura e estendendo a mão para apertar a dele.

—Obrigada. —Foi tudo que consegui dizer, vendo ele me olhar com preocupação. Henry apertou minha mão e então deixou a bússola na palma dela, como uma segunda promessa.

Olhei para Axel e Kenji, vendo que agora seríamos só nós três. Havia algo ali que me trazia tranquilidade, mas também uma certa tensão. Eu precisava voltar a ser um fantasma. Mas andar com eles estava fazendo meus planos irem por água a baixo.

[...]

—Pra onde estamos indo? —Questionei, enquanto nós três andávamos por algumas ruas vazias da Cidade do Sol. O calor era insuportável e eu estava morrendo de cede. As casas eram de pedra, como na Cidade dos Ossos. As ruas eram estreitas na sua maioria. Me encolhi, andando atrás de Axel e Kenji.

—Precisamos reunir informações. Vamos nos encontrar com alguns conhecidos e ver o que fazemos agora. —Foi Kenji quem respondeu. Assenti com a cabeça e olhei para uma das casas, vendo o anúncio das nossas cabeças a proêmio, colocada lá. Haviam mais desses anúncios por toda cidade. Foi inevitável não perceber isso.

Continuei seguindo eles, até os dois irem em direção a um bar em um beco. Revirei os olhos automaticamente e ajeitei a touca da jaqueta na minha cabeça, enfiando as mãos no bolso. Havia um elfo carrancudo na porta, usando uma espada presa na cintura. Ele olhou para Axel e Kenji dos pés a cabeça e fez uma careta.

—Ela está? —Axel tirou uma saquinho de moedas do bolso e o elfo assentiu, então Axel entregou o saquinho a ele e o elfo abriu a porta para que entrássemos. Fiz uma careta ao ouvir uma música alta vindo lá de dentro. —Se alguém perguntar, não estamos aqui, entendeu?

O elfo assentiu, sem exibir qualquer expressão e nós entramos. Engoli em seco ao perceber que aquilo era mais que um bar. Olhei para Kenji com as sobrancelhas erguidas e o mesmo soltou uma risada.

—Eu disse que íamos encontrar uns conhecidos. —Ele deu de ombros.

—Podia ter avisado que era em um lugar como esses. —Fiz uma careta, vendo a fada de cabelos rosas se aproximar de mim com um sorriso imenso, mostrando os dentes brancos.

Fadas podem ter várias variações dentro da espécie. Fadas normais, sem nenhum tipo de poder. Fadas da Luz, que controlavam uma magia dos portadores. Fadas da realeza, que podiam criar suas próprias asas. E então a pior delas, fadas do sexo. Elas viviam muito mais do que as outras, séculos. Tinham cabelos rosas e olhos azuis vibrantes.

—Não toque nela. —Axel segurou o braço dela, quando a mesma fez menção de me tocar. A fada o encarou, cerrando os olhos e abrindo mais o sorriso.

—Ah, perdão, portador. Pode ser nós três se quiser. —Ela olhou para Kenji. —Ou nós quatro.

Fiz uma careta e olhei de olhos arregalados para Kenji, que parecia se segurar para não rir.

—Apenas dê o fora. —Axel mandou, soltando o braço da fada. Ela estalou a língua e virou as costas, andando para o meio das pessoas. —Não confie nelas, Kayla. Na primeira oportunidade elas te matam.

—Eu sei. Já morei nas ruas, esqueceu? —Retruquei e ele me encarou. —Conheço todos os tipos de criatura, boas e ruins.

Ele balançou a cabeça negativamente e voltou a andar. Segui atrás dele, e Kenji veio atrás de mim. Passamos pelo meio de todas as fadas e criaturas bêbadas que haviam ali. O cheiro de álcool me deixava enjoada. Kenji tocou minha mão de leve e eu segurei a dele, parando de andar, enquanto Axel ia em direção ao bar.

Fiquei ali, parada enquanto via ele conversar com o cara do bar e empurrar uma moeda de ouro em cima do balcão, entregando pra ele. O homem respondeu alguma coisa e então apontou para uma escada na lateral. Axel se virou e balançou a cabeça para que nós dois o seguíssemos.

Fomos até as escadas, subindo ela e entrando em um corredor cheio de portas. Axel andou em direção a última no corredor, onde havia mais dois elfos parados na porta como se estivessem fazendo guarda.

—Estamos aqui para vê-la. —Kenji declarou, parando entre mim e Axel. —Diga a ela que o Kenji está aqui.




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Место, где живут истории. Откройте их для себя