Uma Conjuração de Magia / Vol. 1

Capítulo 92: Vilões e Heróis.

Olhei para o rei, vendo a cabeça dele pendendo para o lado, sem vida. O joguei longe, para o meio das chamas que começavam a tomar a cidade e então comecei a caminhar em direção a carruagem, por onde a rainha tentava sair.

-Kayla! -Lyra chamou, ainda presa no ar. -Não pode matá-las. Não pode deixar o reino exposto. Sabe o que vai acontecer se matá-las.

-Que se dane o reino. -Ergui a rainha no ar, vendo ela arregalar os olhos e tentar se debater. A trouxe na minha direção, terminando de esmagar a carruagem com as duas princesas.

-KAYLA! -Ouvi um grito de Cedric. Me virei para Lyra, vendo ela me olhar como se não me reconhecesse. Mas ela não me conhecia de verdade. Nenhum deles me conhecia.

-Por favor, pare! -Pediu, e eu balancei a cabeça negativamente. Os gritos ao meu redor me faziam sentir uma sensação de euforia e vitória. -Não seja essa pessoa, Kayla!

-Que pessoa? -Abri um sorriso irônico. -Isso não é sobre vilões e heróis, fada. Acho que se esqueceu que não sou uma de vocês.

Eu não seria mais a garota de rua que deixava ser passada para trás. A garota que as pessoas pisavam e jogavam fora quando queriam. Não me importo de ser a vilã. Não me importo com mais nada.

-Fique longe do meu caminho, Lyra. -Afirmei, erguendo minhas mãos e intensificando o ar ao redor dela, vendo-a se engasgar sem ar. -Ou mato você também. E acredite, não vou sentir remorso disso.

Girei a mão, jogando Lyra para longe, na direção que Cedric vinha. O corpo dela acertou o dele e os dois foram parar do outro lado da praça. Me virei para a rainha, que agora tinha os olhos arregalados e uma expressão de pavor.

-Quem é a fraca agora? -Indaguei, impedindo o ar de entrar nos pulmões dela, vendo ela arfar e tentar gritar. Sorri com aquilo, vendo o desespero dela. Ergui minha mão, puxando uma onda de chamas que estavam nas casas e laçando em direção a ela. A bela rainha solar iria queimar até a morte.

O grito dela chegou aos meus ouvidos, me fazendo soltar seu corpo que caiu em chamas no chão. Observei o fogo consumir cada vez mais dela, enquanto as safiras ainda giravam ao meu redor.

Olhei ao redor. A Cidade dos Ossos estava em chamas. O castelo havia caído. Os guardas estavam mortos. Comecei a andar, observando as ruas estreitas que foram minha casa por anos. Eu passei quatro malditos anos da minha vida tentando fugir de quem eu era. Me escondendo em um galpão abandonado, em um buraco no fundo da terra.

Ergui a mão, vendo as quatro safiras pararem acima da minha palma, flutuando enquanto giravam em círculo e brilhavam, soltando faíscas azuis, verdes, vermelhas e brancas. Balancei meus dedos, vendo o poder passar para minhas mãos e criar uma corrente elétrica que varreu minha espinha.

Olhei para a cidade de novo, onde as pessoas corriam e tentavam apagar as chamas que se espalhavam. O poder chegou ao ápice e eu me coloquei de joelhos, atingindo o solo com as quatro safiras. Fechei meus olhos, sentindo a energia varrer meu corpo. O chão tremeu ao meu redor. O mundo pareceu ficar em silêncio naquele instante, enquanto toda aquela magia fazia o chão explodir, varrendo tudo ao meu redor e destruindo cada milímetro daquela cidade.

Eu odiava essa cidade. Odiava essas pessoas. Odiava a mim mesmo. Sangue escorreu pelo meu nariz, quando minha mente ficou nublada e meus braços tremeram em contato com o chão. Parei o poder, sabendo que não aguentaria mais. Meu corpo foi para o chão, com minha mente girando e um zumbindo invadindo meus ouvidos.

Abri os olhos, vendo tudo ao meu redor destruído. As casas estavam em pedaços. O que restava em chamas. Pessoas correndo em meio ao caos, outros caídos em meio a destruição. A Cidade dos Ossos não passava de destroços e morte.

Meus olhos pesaram, com minha mente se esforçando para me manter acordada. Pisquei, vendo a silhueta de alguém se aproximando. Os braços de Axel me envolveram, me erguendo e me aconchegando contra seu peito e as sombras que me abraçavam, protetoramente.

-Não se preocupe, Kay. -A voz de Axel soou longe, enquanto as sombras tomavam conta de nós. -Vou cuidar de você agora. -Os lábios dele tocaram minha testa.

Continua...