Capítulo 88: Plano do Século.

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Cedric

Fechei a porta, sentindo meu rosto pegar fogo e abri um sorriso, balançando a cabeça negativamente. Pegar Diana e Lyra se beijando não estava nos meus planos. Mas eu também não pretendia atrapalha-las. Pelo menos alguns de nós ainda vão ter algo bom no meio de tudo isso.

Desci as escadas, vendo Trevis conversando com Vlad, que parecia mostrar algo a ele me um mapa que estava em cima da mesa. Os outros piratas haviam saindo, aproveitando para explorar a cidade antes de colocarmos em prática o plano do século que tiraria Kayla dessa furada que ela está.

—Ei? —Olhei pro lado, vendo o capitão com um copo na mão, bebendo alguma coisa que provavelmente era ruim. —Senta aqui, rapaz.

—Vai me dar uma lição de moral? —Indaguei, me aproximando dele, me sentando na cadeira de frente pra ele e olhando para a janela.

—Por que eu faria isso? Você não estava errado quando disse aquilo pra mim. Sabe mais sobre coragem que qualquer pirata. —Ele deu de ombros e eu engoli em seco, virando o rosto para encara-lo.

—Eu sou um de vocês também. —Falei, vendo ele parar com o copo no meio do caminho. —Mas morei a vida toda nas ruas porque meus pais morreram. Não conheci nenhum deles.

—Mas o sangue é de pirata. —Afirmou, soltando o copo no suporte da janela. —Quem era seu pai?

—Não faço ideia. —Dei de ombros. —Não acho que isso tenha importância agora.

—Você é um garoto inteligente. Se um dia quiser saber como é ser um pirata de verdade, meu navio está a seu dispor. —Afirmou e eu soltei uma risada.

—Fez essa proposta pra Kayla também?

—Fiz. Não se pode perder a oportunidade de conseguir bons marujos. O mar é um lugar perigoso quando não se tem homens fortes para lutar ao seu lado. —Afirmou, girando o copo. —E você já é um pirata. Só não está em um navio porque o destino foi infeliz com você.

—Acho que não combino nem um pouco com o mar. —Afirmei, pesando na imensidão azul que me rodearia se eu escolhesse algo assim. E então pensei nas ruas, o lugar onde eu havia passado toda minha vida.

—Nunca se sabe. —Ele deu de ombros. —Nunca é tarde para descobrir.

[...]

Olhei para o mapa da biblioteca real que Lyra havia arrumado. Mostrava todo aquele prédio e passagens secretas que saiam em vários pontos da cidade. No bosque, na igreja e até no castelo. Dentro do castelo.

—Podemos usar essas passagens pra entrar e sair de lá. —O capitão afirmou, apontando para elas. —Mas a questão é quando estivermos dentro do castelo.

—Vão haver guardas por todos os lados. —Comentei e eles concordaram. —Ah não ser que... —Ergui a cabeça, com a ideia que estava se formando na minha mente. —Ah não ser que a gente arrume roupas de guardas e se passe por eles.

—E onde você acha que vamos arrumar roupas da guarda? —Trevis fez uma careta. —É impossível.

—É só invadir o depósito deles. Já invadimos vários lugares. Um depósito de roupas não é nada. —Afirmei, vendo ele parecer hesitante com a minha ideia. —É isso ou a gente entra desfilando lá, prontos para sermos presos e enforcados.

—Ideia adorável. —Diana murmurou, ignorando meu sarcasmo.

—Quando é o casamento? —Lyra indagou, mordendo a ponta do dedo, parecendo pensativa.

—Pelo que ouvimos nas ruas, amanhã ao amanhecer. —O capitão falou, encarando uma adaga. —Podemos invadir no horário do casamento, antes que a levem para sei lá onde isso aconteça.

—É na igreja do castelo. —Lyra falou e todos nós olhamos pra ela. —O que foi? Acham que o rei vai querer casar na mesma igreja que uma pessoa normal?

—Bando de preconceituoso. —Trevis resmungou.

Encarei o mapa, ainda pensativo. Estávamos prestes a entrar em uma grande confusão. Mas se tudo desse certo, iríamos tirar Kayla de lá e depois nos esconder no navio do capitão Henry até as coisas se acalmarem. Ou até a Rainha das Rainhas resolver dar as caras.

—O que você acha Vlad? —Lyra indagou. Olhamos para o lado, vendo que a cadeira que ele estava sentado antes estava vazia e sua garrafa de rum solta ali, pela metade. —Vlad?

—Acho que alguém se mandou. —O capitão comentou, olhando para a porta aberta por onde Vlad deveria ter saído. —Sabia que não deveria ter soltado ele.

Soltei o peso na cadeira atrás de mim, frustrado pelo único guardião que tínhamos do nosso lado ter se mandado. Definitivamente, estava tudo errado.




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora