Capítulo 41: Ilha dos Piratas.

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—Ora, então estão interessados nas safiras? —Vlad comentou, com um ar de quem tinha acabado de achar um mapa dos tesouros.

—Quem faz as perguntas aqui somos nós. —Axel comentou, virando a garrafa na boca. Fiz uma anotação mental de ficar a noite toda longe dele, já que da última vez ele vomitou e eu quem tive que cuidar de tudo. —O que sabe sobre elas? Disse que tinha ouvido os piratas falando sobre a safira.

—Eu ouvi, sim. —Vlad balançou o copo, afirmando que queria mais. Henry o encarou com pura irritação e encheu o copo de novo, que na mesma hora Vlad bebeu com um gole só.

Caminhei lentamente para de trás da mesa e sem que Henry visse, me sentei na sua cadeira estofada de capitão. Se era permitido, eu não sabia, mas me sentei mesmo assim.

—Alguns piratas estavam comentando sobre um tesouro perdido do lendário rei dos mares. Dizem que era mais ouro do que qualquer um nessa dimensão já tinha visto. Que haviam peças de ouro, mas também objetos mágicos. —Vlad começou a contar, enquanto Henry enchia seu copo sempre que ele esvaziava, como se fosse um incentivo para ele continuar falando. —Um desses objetos de ouro era uma safira. O problema é que muitos piratas tentaram encontrar esse tesouro. Mas ninguém nunca voltou vivo pra contar se conseguiu ou não.

—Rei dos mares? —Falei, quando minha atenção ficou presa nisso. Henry se virou, curvando os olhos quando percebeu que eu estava sentada na sua cadeira. Abri um sorriso nervoso e pisquei algumas vezes, como um cachorro abandonado.

—Era o pirata mais rico e mais temido dos mares. Ele foi capitão de um navio chamado Rainha Vermelha. Ele assombrou os mares a décadas atrás. Matando e roubando tudo que via pela frente. —Henry começou a andar pela sala, enquanto falava. —Alguns dizem que ele foi assassinado. Outros dizem que ele simplesmente se cansou da vida que levava. Mas a única certeza que temos é que ele simplesmente sumiu dos mares. Seu navio nunca mais foi visto e seu tesouro virou uma grande lenda.

—Dizem que a carcaça do Rainha Vermelha está na parte mais sombria da ilha dos piratas. —Vlad completou. —E que todo sei tesouro está lá. Amaldiçoado.

—Você já procurou por ele? —Questionei e Henry negou com a cabeça.

—Como Vlad disse, ninguém que foi procurá-lo, sobreviveu. —Henry se virou para Vlad de novo. —Então uma das safiras está entre os tesouros do rei dos mares.

—Foi o que eu ouvi. —Vlad deu de ombros, balançando o copo para que Henry o enchesse.

—Vamos para as terras piratas então. —Kenji olhou para Axel. —Eu e Axel podemos encontrar esse tal tesouro.

—Vão se arriscar na parte mais sombria da ilha? —Henry abriu um sorriso ácido. —Vocês não vão sair vivos de lá.

—Será? —Axel virou a garrafa na boca de novo. —Está se esquecendo de quem eu sou, capitão. Posso controlar toda a noite se eu quiser. —Axel tombou a cabeça. —Aquele lugar deve ser um parque de diversões perto do que eu posso fazer com a escuridão.

—Bem, é melhor estar certo. —Henry olhou de Axel para Kenji. —Vou comprar o melhor rum de todos para comemorar, caso vocês dois morram.

[...]

Segurei o corrimão, vendo todos os marujos bebendo e cantando. É claro que a maioria deles estavam bêbados. Olhei para a outra ponta do barco, vendo Axel e Kenji sentados em uma mesinha. Axel estava com outra garrafa na mão, mas Kenji parecia passar bem longe de qualquer bebida.

—Kayla? —Olhei para trás, vendo Henry sair de sua cabine com os cabelos molhados. —Você pode ficar com a minha cabine. Não quero que durma lá embaixo com os outros marujos. Eles não costumam ser muito educados.

—Esta falando sério? —Questionei e ele parou ao meu lado, assentindo. Nós já estávamos indo em direção a Ilha dos Piratas e Vlad tinha voltando para sua cela. —Valeu, isso é legal da sua parte. Na verdade, você está sendo até legal demais comigo.

—É... —Ele fez uma careta, olhando para mim. Por um segundo ele pareceu triste. —Eu tinha uma filha. Você me lembra ela. Me lembrou desde o primeiro momento que eu te vi. O jeito, a coragem... —Henry deu de ombros.

—O que aconteceu com ela? —Questionei e ele suspirou.

—Ela morreu a alguns anos. Um ataque de outro navio pirata. Eles acharam que seria bom usá-la para me atingir. E estavam certos. —Henry abaixou os olhos para o chão. —Eu dei tudo que tinha para que eles não a matassem. Mas não adiantou...

—Sinto muito, Henry. —Afirmei e ele me lançou um sorriso genuíno.

—Tudo bem. Eu me vinguei. A cabeça no vidro, é do capitão que a matou. —Henry comentou e eu soltei uma risada supresa. —Eu sou gentil, mas também posso ser cruel.

—Notei. —Falei e ele riu. —Obrigada por isso.

—Disponha. Fique a vontade na cabine, apesar de eu achar que você já está. —Ele arqueou as sobrancelhas e eu soltei uma risada sem graça. —Ninguém vai te incomodar ali.

—Tudo bem. —Olhei para onde Axel e Kenji estavam. —E eles?

—Tenho uma cela vaga lá embaixo. —Eu me virei rapidamente e no mesmo instante ele gargalhou da minha reação. —É brincadeira. Tenho redes de sobra lá embaixo. Eles dormem junto com os outros.

—Bem, vai ser bom ter um tempo sozinha. Pelo menos pra dormir. Meus últimos dias foram um pouco malucos. —Afirmei, pensando na sucessão de coisas bizarras que me aconteceram.

—Olha, eu não sei o que seus amigos querem com as safiras. Eu quero a safira da água. Realmente quero. Mais sei que elas são perigosas. —Henry afirmou, coisa que mais parecia um alerta. —Apenas tome cuidado, entendeu? Precisa estar ciente da situação em que está se metendo.

—Tudo bem. —Afirmei e ele assentiu.




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt