Capítulo 79: Guardas Solares.

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A Cidade do Porto estava como eu me lembrava, cheia e cheirando a peixe. Os cartazes com meu rosto, de Axel e de Kenji estavam por todas as ruas, como se fôssemos os piores criminosos que existiam naquele lugar. Ajeitei a touca na minha cabeça e tentei andar atrás de Cedric, já que ele era mais alto e podia me esconder.

—Acha que seu pai mandaria guardas para pegarem você até nessas cidades? —Trevis questionou e eu vi a princesa dar de ombros.

—Acho que sim. Sou a única filha que ele tem. Herdeira do trono. Não acho que ele vá descansar até eu estar de volta. —Ela soltou um longo suspiro desanimado. —E tenho certeza que não vai ser nada agradável se ele me achar.

—Isso não vai acontecer. —Lyra afirmou, lançando um olhar confiante a ela, e um sorriso  tímido que me fez franzir a testa.

—Então... —Comecei, me sentindo um pouco fora do eixo no meio daquelas quatro pessoas. —Você deveria se casar com o príncipe solar?

—É, era a ideia do meu pai. Unir os reinos e aumentar o poder. —A princesa explicou. —Mas eu não tinha muito interesse nisso. Pelo que eu sei, você conheceu o príncipe. Sabe o tamanho da simpatia dele.

—Um verdadeiro amor de pessoa. —Ironizei, lembrando do meu encontro com ele na biblioteca, quando ele me contou a verdade sobre minha ida pra lá. Isso só mostra o quanto eu estava encrencada desde o início. Tudo pela minha grande burrice de roubar aquela safira no meio da comemoração do rei.

—De qualquer forma, fugir foi minha única solução. E os três estarem lá, só facilitou isso. Pelo menos agora tem algo que eu deseje realmente fazer. —Ela abriu um sorriso fraco. —Evitar o caos nos reinos.

—Não acho que isso seja possível. —Trevis comentou, franzindo a testa pelo sol que tocada seu rosto. —Alguém sempre vai estar atrás das safiras, independente do que a Rainha das Rainhas fizer.

—Por isso precisamos recuperá-las e escondê-las muito bem. —Lyra afirmou.

—Destruir é uma melhor opção. —Sussurrei, para mim mesma, sabendo que nenhum deles iria ouvir. Tudo começou a dar ruim quando os conjuradores criaram elas, então se destruir, o problema acaba. Teoricamente...

Parei de andar, quando chegamos a uma rua mais vazia e silenciosa, os quatro pararam ao meu redor, observando eu puxar a bússola. Como da outra vez, desejei que Henry me encontrasse, então a bússola sumiu das minhas mãos.

—Agora temos que esperar ele vir. Precisamos achar um lugar que dê pra ver o cais. Ficar fora das ruas é a melhor opção. —Olhei ao redor, para as casas e lojas que haviam ali. —Não sei quanto tempo Henry vai demorar para vir.

—Vamos achar uma estalagem pra ficar. —Lyra propôs e eu concordei.

[...]

Peguei um dos livros de Lyra, observando que ela havia trazido vários na mochila. A maioria era sobre os reinos. Havia um de capa preta, que citava o famoso Mundo Inferior.

—O que sabe sobre o Mundo Inferior, Lyra? —Indaguei, deixando o livro de lado e pegando outro.

—Não muita coisa. Portal para outras dimensões. Cheio de criaturas ruins. Péssimo lugar pra humanos. Essas coisas. —Ela deu de ombros, se sentando na beirada da cama. —Eu trouxe os livros quando estava ainda tentando descobrir o que eram as Terras Esquecidas e as safiras.

—O que descobriu sobre os conjuradores? —Indaguei, olhando pra ela por cima do ombro.

—Uma raça totalmente diferente. Alguns confundiam eles com os portadores, já que eles também tinham poderes e eram mortais. Envelheciam como os humanos. Mas a vida deles estava totalmente ligada à natureza. —Lyra se levantou, caminhado até mim e observando os livros. —Alex me disse que antes de eles criarem as safiras, eles retinham todo o poder da natureza. Quando um novo conjurador nascia, ele não herdava o poder dos seus progenitores, a natureza o escolhia de acordo com a personalidade. Eles podiam criar um mundo novo se desejassem. Podiam dar vida a seres da natureza.

Ela parou de falar, folhando um dos livros sem qualquer interesse. Observei cada movimento, como se soubesse o que se passava na cabeça dela.

—Todos eles morreram e apenas seu sangue ficou por aí, esperando para um dia dar as caras de novo em algum descendente. —Completou.

—E a azarada da vez foi eu. —Falei, abrindo um sorriso fraco que a fez erguer os olhos e me encarar.

—Isso não me parece algo ruim. Você só não é humana. Mas ainda é como nós. —Afirmou, me fazendo soltar uma risada.

—A parte de não ser humana é o que me incomoda. Porque aqui, ou você é humano, bruxa, ou mago. E ser algo diferente e único, não é nada legal quando todo mundo está atrás do que você é ou tem. —Declarei, me afastando dela para olhar a paisagem pela janela. —Independente de qualquer coisa, tenho certeza que o que quer eu seja, vai morrer comigo.

—A não ser que você tenha filhos. —Ouvi a voz de Diana, na outra extremidade do quarto. —Ai o seu filho seria um conjurador também.

Balancei a cabeça negativamente, ignorando aquele comentário. Se o que eu estava pretendendo desse certo, eu iria para o mar e ficaria lá o resto da vida, até morrer. E com isso não tinha a mínima chance de eu passar o que sou pra um filho, porque eu não pretendo ter um. Não pretendo ter nada.

—Gente! —Trevis atravessou a porta, tropeçando nos próprios pés, com a respiração pesada e os olhos arregalados. —Os guardas solares estão aqui. Tipo... vários deles.



Continua...
......
Voltei, voltei pra comentar sobre os tesouros dimensionais de novo. Tava esperando pra ver se alguém acertava. Primeiro, no livro da Holly como vi nos comentários, é mesmo o Poço das Almas. No livro da Zaia, teve uma única pessoa que chutou e acertou. É a Espada dos Deuses. No final do livro eu vou comentar algumas coisas com vocês e daí explico mais sobre o poço e a espada pra quem não leu esses livros.

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now