Capítulo 85: Segundo Guardião.

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Diana

Minha vida toda girou em torno de um castelo, uma coroa, vestidos brilhantes e sapatos de cristal. Mas eu sempre soube que havia muito mais no horizonte do que só um trono e um reino para governar. E subir em um navio pirata, sendo a princesa herdeira de um dos reinos, dever ser algo único. Imagino que nenhuma outra princesa de outro reino teria coragem de fazer isso.

—Vamos para alto mar, capitão? —Um marujo parou na frente do capitão, com uma respiração pesada e um ar ansioso.

—Não, tenho que decidir o que fazer primeiro. Vamos ficar atracados até segunda ordem. —Afirmou e os marujos começaram a se movimentar ao nosso redor, puxando cordas e bandeiras. —Venham comigo.

Seguimos ele, vendo o mesmo subir uma escada e então entrar em uma porta, que eu descobri ser a cabine dele. O capitão caminhou até se sentar atrás de uma mesa e então ergueu os pés sobre ela.

—O que pretendem? —Indagou, quando nós quatro paramos lado a lado. Olhei para Lyra, vendo que ela parecia estar pensando longe.

—Precisamos achar um jeito de tirar Kayla de lá. Ela provavelmente está na cadeira ou... —Cedric deu de ombros e engoliu em seco.

—Não acho que eles enforcariam ela. —Lyra afirmou. —Não se souberem o que ela é.

—O que já chegamos a conclusão que provavelmente sabem. —Completei, observando os olhos de Lyra se voltarem para mim, com um sorriso tímido.

—Você pode nos ajudar, não pode? Vai ser muito mais fácil se estivermos em mais. —Trevis comentou, encarando o pirata. —Quatro contra um reino todo é impossível.

—Eu não pretendo me envolver em uma guerra com um reino. —O capitão declarou, batucando os dedos no braço da cadeira. —Não quero acabar tendo um reino todo atrás de mim.

—Achei que fosse amigo da Kayla. —Cedric murmurou, e ele encolheu os ombros.

—Eu gosto dela. É uma garota de espírito forte. Mas eu não arrumaria confusão com um reino por nenhum dos meus marujos. —Afirmou, se ajeitando na cadeira. —Posso ajudar vocês com o que quiserem. Mas não vou invadir um reino. Posso perder metade dos meus homens. Ou pior, ser preso e enforcado.

—Argh! —Cedric começou a se afastar até a porta. —Grande covarde você é.

—E o que você entende sobre coragem? —Indagou, se colocando de pé para encarar Cedric, que havia parado com a mão na maçaneta.

—Eu morei anos nas ruas. Sei o que é sempre correr o risco de ser preso e enforcado. Mas quer saber? Isso não me impedia de roubar qualquer coisa que eu conseguia. Sendo ela o mais fácil ou difícil. —Cedric afirmou, indiferente a expressão séria do pirata. —Sei mais de coragem do que você, que se esconde em um navio no meio do mar.

Cedric saiu da cabine batendo a porta atrás de si. Nós três nós viramos para o capitão, vendo ele parado, completamente mortificado. Saímos dali sem dizer nada, vendo que Cedric estava andando pelo navio sem rumo.

—Vamos atrás dele, antes que ele faça alguma besteira. —Trevis afirmou, já indo em direção a ele. Cedric havia acabado de passar por uma porta do outro lado do navio, que dava para um tipo de corredor. Descemos as escadas e passamos pelo deck, passando pela porta e vendo que aquilo dava para uma escada.

—Cedric? —Lyra chamou, indo em direção a mesma e começando a descer. Balancei a cabeça negativamente, puxando Trevis para irmos atrás dela.

—Vocês não acham que é uma péssima ideia ficar entrando em corredores dentro de um navio pirata? —Indaguei, encarando as paredes mofadas ao meu redor, que tinham cheiro de peixe. —Quer saber, aquilo que eu disse sobre querer ser uma pirata... mudei de ideia.

—Que nojento. —Ouvi a voz de Trevis atrás de mim, mas não ousei olhar pra ele pra saber do que ele estava se referindo. Desci as escadas, vendo Lyra parar no primeiro degrau.

—Você deu uma bela lição de moral nele. Não precisava ter saído correndo. —Afirmou, e eu vi Cedric parado no início do que parecia ser uma fileira de celas.

—Eu só tô cansado de tudo isso. A gente só se mete em encrenca e nada tá dando certo, nem por um segundo. —Resmungou. Descemos os restantes das escadas e paramos ao lado dele, vendo que ele parecia exausto, com os ombros encolhidos. —Sabe o que é pior? Eu sou um deles.

—Mas é mil vezes mais corajoso que qualquer pirata. —Declarei, vendo ele tombar a cabeça para o lado, me encarando. —Vamos ser sinceros, estamos correndo atrás de 4 safiras mágicas, enquanto todos os reinos, incluindo uma rainha adoradora de magia das trevas, também estão atrás das mesmas. Ou nós somos muito corajosos ou um bando de idiotas suicidas.

—Eu aposto no idiotas suicidas. —Trevis comentou ao meu lado, dando de ombros, me fazendo soltar uma risada.

—Eu conheço um bando de idiotas suicida que também corriam atrás de safiras mágicas. —Nos quatro nós viramos ao mesmo tempo, ouvindo a voz masculina vir de uma das últimas celas.

—Quem tá aí? —Cedric questionou, começando a dar passos naquela direção. Lyra segurou minha mão quando o homem soltou uma risada, parecendo se divertir a nossas custas. Olhei pra ela, vendo a mesma estalar os dedos e criar uma esfera de luz para clarear o caminho até aquela cela, sem soltar a minha mão.

Paramos quando vimos quem era o homem. Ele tinha cabelos brancos e uma barba enorme. Mas não parecia nem um pouco velho. Na verdade, ele parecia ter a idade de Alex. Só que... sem o mínimo cuidado com a própria aparência.

—Quem é você? —Lyra indagou, vendo ele se levantar e bater as mãos na roupa, para tirar a poeira.

—Vlad, ao dispor de vocês! —Ele tocou a cabeça com a mão e fez um tipo de aceno com ela. Nossos queixos caíram, enquanto nos quatro trocávamos olhares, percebendo que estávamos na frente do segundo guardião em menos de uma semana.



Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now