Capítulo 91: As Quatro Safiras.

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-Vossa alteza, senhorita... -A sacerdotisa falou, abrindo um sorriso para nós dois. A mão dele apertou a minha, fazendo o calor da mão dele causar um desconforto dentro de mim. Os olhos de todos estavam sobre nós, enquanto ela falava todo aquele diálogo irrelevante de casamento.

-Sim! -O príncipe proferiu ao meu lado, respondendo a pergunta que ela havia feito, e a qual eu não havia ouvido. Suspirei, encarando um ponto fixo no chão. -Kayla?

Ergui os olhos, vendo que agora todos me observavam. Olhei da sacerdotisa, que tinha um sorriso meio confuso no rosto e então para o príncipe, que me olhava com uma expressão irritada e nervosa.

-É a sua vez de dizer sim! -Sibilou, me fazendo piscar várias vezes. A sacerdotisa refez a pergunta, enquanto eu olhava para o rei e a rainha de novo. Então quando ela parou de falar, eu abri um sorriso.

-Não! -Falei, alto e claro. O príncipe soltou o ar com força ao meu lado, olhando ao redor, antes de se virar pra mim.

-O que está fazendo? -Questionou, baixo. -Diga sim!

-Não! -Repeti, vendo a fúria tomar conta dele. -Eu não aceito me casar com você.

Ele segurou meu braço com força, puxando meu corpo para perto dele e ignorando as pessoas ao nosso redor, que soltaram um arquejo.

-Não brinque comigo, garota! -Afirmou, com a mão queimando meu braço sobre o fino tecido do vestido. -Ela aceita, sim. Finalize a cerimônia.

-Não vou fazer o que você quer. -Afirmei, aproximando meu rosto do dele. -Não vou me casar com você ou com qualquer um que se interesse pelas safiras. -Ele cerrou os olhos.

-A sacerdotisa vai terminar a cerimônia. Você não entendeu que não tem mais escolha? -Questionou, com o rosto tremendo de raiva. Curvei a cabeça na direção dele, exibindo uma expressão confusa.

-Que sacerdotisa? -Perguntei, vendo os olhos dele voarem para a mulher na nossa frente. Puxei meu braço de volta, arrancando a adaga de dentro do buquê e lançando ela em direção à sacerdotisa. Os gritos preencheram o ar quando a lâmina acertou o peito dela e a mesma caiu. O buquê caiu da minha mão quando o príncipe agarrou meu braço de novo.

-Sua imunda... -Agarrei o pulso dele, enquanto as pessoas no salão começaram a correr. O príncipe arregalou os, arfando de dor quando sentiu meus dedos envolverem sua pele.

-Eu. Não. Gosto. Que. Me. Toquem! -Afirmei, pausadamente, vendo os joelhos dele começarem a tremer e ele cair com os mesmos no chão, enquanto meus dedos apertavam a pele do seu pulso. Chamas tomaram as minhas mãos, queimando a mão dele e o fazendo gritar.

Ao meu lado, surgindo como magia incandescente e infinita, flutuando no ar, estava a safira do fogo. Então eu ergui minha outra mão, apontando ela em direção a porta, por onde as pessoas tentavam sair. Galhos e raizes surgiram, selando as portas e impedindo-os. A safira da terra surgiu do meu outro lado, flutuando no ar e fluindo toda magia pra mim.

Virei o braço do príncipe, com o grito dele ecoando por todos os cantos daquele salão. As chamas incessantes das minhas mãos passaram para o braço dele, enquanto um círculo de fogo surgia ao redor do rei e da rainha, e de suas filhas.

-Vocês não queriam o poder? -Segurei o queixo do príncipe, com sua outra mão tentando me empurrar para longe. -Eu mostro a vocês o poder.

Ergui a ponta do dedo, vendo de relance a safira azul, da água, surgindo ao meu redor também. Então toquei a ponta do dedo na testa dele. Água desceu pelo seu rosto, até molhar seu pescoço e seu peito. Fechei minha mão quando as chamas no braço dele havia se apagando e o chão embaixo de nós estava molhado.

Gelo se formou, congelando o chão e subindo pelo corpo dele, enquanto ele arregalava mais os olhos e tentava dizer alguma coisa. Seu rosto se contorceu e ele arfou sem ar, quando seu peito congelou por completo e a magia subiu pelo seu pescoço. O príncipe solar agora não passava de uma estátua de gelo.

Me afastei dele, ouvindo os gritos e pedidos de socorro de quem estava ali. Olhei para o rei e a rainha, vendo eles me encararem com o medo cintilando em seus olhos. As chamas sumiram do chão quando desejei.

-Corram! -Sussurrei pra eles, me virando para as pessoas que estavam correndo para procurar uma saída. Caminhei pelo tapete vermelho, erguendo minhas mãos e escancarando a porta, vendo a última safira surgir ao meu redor, cinza, bela e brilhante. Estalei os dedos, fazendo as chamas atingirem todos que estavam no salão, saindo do mesmo enquanto ouvia os gritos de desespero. E eram como música nos meus ouvidos.

Sai andando pelos corredores, vendo as quatro safiras girando ao meu redor. Estalei os dedos, fazendo o chão tremer e se abrir para dar lugar a raizes que se grudaram na parede, destruindo cada pedaço daquele castelo. Ergui minha mão, apenas para gira-la e enviar uma onda de ar para os guardas que estavam prestes a me parar, lançando eles longe. O castelo começou a tremer ao meu redor, despedaçando aos poucos.

Meus pés pisaram o chão da praça do castelo. A carruagem real havia passado pelos portões e estava indo para além da cidade. Chamas explodiram ao meu redor, transformando em pó as flechas que eram laçadas na minha direção e queimando os guardas. Raizes derrubaram os muros, abrindo passagem para que eu chegasse as ruas da cidade.

Ergui a mão, abrindo um sorriso e apontando para a carruagem real no final da rua. O gelo se formou embaixo de mim, se espalhando para frente com velocidade, até atingir as rodas da carruagem e congelarem ela. As árvores da rua se curvaram, caindo sobre a mesma e prendendo a família real.

Comecei a caminhar até lá, laçando os guardas para longe, queimando e destruindo todos que ficavam no meu caminho. Usei as raizes para remover o teto da carruagem, agarrando o rei com elas e o trazendo na minha direção, perdendo ele cada vez mais naquele emaranhado de folhas e raizes.

-KAYLA! -Não olhei para o lado ao ouvir o grito de Lyra. Apertei meus dedos uns nos outros, apertando as raizes no seu pescoço. Ele não conseguia falar. Sua boca estava aberta em busca do ar que eu havia removido do seus pulmões. -Kayla, pare!

Os gritos ao meu redor meu redor eram como uma canção infinita. Senti o ar mudar ao meu redor, com a voz de Lyra mais próxima e sua mão a centímetros de me tocar. Ergui a mão, parando-a no lugar, virando meu rosto para vê-la de olhos arregalados, supresa e assustada. Balancei meus dedos para cima, erguendo-a e a deixando flutuando ali, sem poder fazer nada.

-O que está fazendo? -Questionou, tentando se mover, mas seus braços estavam colados ao lado do corpo, com o ar preso ao seu redor. -Kayla, pare!

-Me de um bom motivo para parar. -Pedi, fechando minha outra mão e vendo o rei ficar ainda mais sem ar, com a boca aberta e os olhos vazios. -Eles são sujos, preconceituoso e cruéis . Tudo que pensam é no que podem ganhar, mesmo que pra isso precisem pisar no restante do mundo. -Balancei a cabeça negativamente. -Não me parece nada justo.

-Você não é assim. -Lyra afirmou, me fazendo rir. -Você está matando pessoas inocentes, Kayla. Precisa parar!

-Vai perceber, Lyra, que eu já não me importo com isso. -Abri minha mão, relaxando o corpo e ouvindo o estalo do pescoço do rei se quebrando.



Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum