Uma Conjuração de Magia / Vol. 1

Capítulo 87: Casamento.

Lyra

—Que caras são essas, hein? —Ele se segurou nas grades da cela e olhou pra nós com uma careta. —Nunca viram um pirata na vida?

—Pirata ou guardião? —Indaguei, vendo ele piscar surpreso, antes de abrir um sorriso largo.

—Quem foi que contou sobre mim? —Ele tombou a cabeça. —Miriam ou Alex?

—Que importância isso tem? —Diana exclamou. —Por que está preso nessa cela?

—Longa história. —Ele deu de ombros, analisando as próprias unhas da mão, antes de soltar um suspiro pesado. —Então, quais são as novidades do mundo lá fora? Aqueles dois portadores e a garota já conseguiram todas as safiras? Ou foram os reis?

—Os dois portadores trabalhavam para a Rainha das Rainhas. E sim, eles conseguiram as quatro. —Cedric respondeu. —E a garota em questão, é uma conjuradora.

—Mentira! —Vlad ficou ereto, arregalando os olhos. —Cara, então ela é uma descendente? Ela sabe realizar uma conjuração de magia?

—Não sabe. E agora ela está no Reino Solar, presa pelo rei de lá. —Trevis esclareceu, se aproximando das grades. —Como guardião, pode nos ajudar?

—Ah, eu não sei. —Ele deu de ombros, se empertigando. —Se as safiras estão com a Rainha das Rainhas, só a garota poderia pega-las de volta. Além do mais, eu estou preso aqui.

—Se o soltarmos, vem com a gente até o reino? —Indaguei, vendo ele cerrar os olhos e remexer os ombros, pensativo.

—E como vocês iriam me soltar? Estão pensando em travar uma luta com o capitão lá em cima? —Ele arqueou as sobrancelhas, se escorando nas grades.

—Seria interessante de se ver. —Olhamos para o lado, vendo o capitão Henry ali, com as chaves na mão. Ele arqueou as sobrancelhas e se aproximou de nós, abrindo a cela de Vlad. —Guardião, é?

—Um pirata não pode querer salvar o mundo? —Vlad abriu um sorriso animado e saiu da cela, olhando pra nós quatro. —Mas antes eu quero uma garrafa de rum!

[...]

Um dia inteiro perdido indo da Cidade do Porto até a Cidade dos Ossos, para chegar lá e descobrir que todo o reino estava se preparando para o casamento do príncipe herdeiro com ninguém menos que Kayla.

—Cara, isso é mais ruim do que eu imaginava. —Cedric afirmou, enquanto andava de um lado para o outro do quarto que havíamos alugado em uma hospedaria. O capitão também estava ali, sendo obrigado a vir apenas pela sua imensa vontade de provar que não era um covarde, junto com alguns dos seus homens. E Vlad, com uma garrafa de rum na mão.

—Precisamos tirá-la de lá antes que esse casamento aconteça! —Afirmei, mesmo sabendo que era algo completamente impossível.

—Quer invadir o castelo? —O capitão questionou e eu dei de ombros.

—Tem uma ideia melhor? —Retruquei, vendo ele exibir uma careta. —É isso ou ele se casa com ela e controla tudo de vez.

—Por que se casar com ela se ela nem sabe conjurar as safiras? —Trevis indagou.

—Ela pode não saber, mas se tiver um herdeiro, ele pode aprender desde cedo. Seria um conjurador também. —Falei, pensando em tudo que havia descobertos sobre os conjuradores nos últimos dias.

Olhei para o outro canto da sala, vendo Diana subir a escada. Ela havia ficado em silêncio o tempo todo, desde que chegamos e descobrimos sobre os planos do príncipe. Deixei os outros conversando e subi as escadas, olhando para as portas dos quartos, tendendo saber em qual ela havia entrado. Parei no último, vendo que ela estava de pé na frente da janela, observando a rua.

—Não está chateada por que ele resolveu se casar com ela, não é? —Questionei, comprimindo os lábios com o desconforto que me invadiu ao pensar nela com ciúmes dele.

—O que? —Ela se virou, parecendo surpresa com a minha pergunta. —É claro que não. Ele é um babaca. Estou com pena de Kayla por ter que passar por isso. Sei o quanto é ruim ser obrigada a fazer algo que não quer.

—Vamos ajudá-la. —Afirmei, me aproximando até parar ao lado dela na janela.

—Vamos. Não sonharia me permitir que ninguém fosse obrigado a se casar com ele contra a vontade. —Declarou, me fazendo sorrir pela determinação em suas palavras. Diana não era uma princesa como as outras. Ela sabia o que queria e não se limitava a coroa e o trono.

Fiquei em silêncio, olhando para os cabelos vermelhos que contornavam seu rosto. Havia um brilho diferente nos olhos dela, enquanto ela também me observava. Diana tinha algumas sardas pintando a linha do nariz e abaixo dos olhos, que ficavam mais evidentes quando ela sorria.

Ergui o queixo, esperando ela dizer algo, quando ela deu um passo, parando bem na minha frente. Sorri, não sabendo como reagir. Ela sorriu de volta, segurando uma das minhas mãos.

—O que foi? —Perguntei, vendo ela analisar meu rosto.

—Gosto dos seus olhos. Violeta é minha cor favorita. —Ela deu de ombros, parecendo sem jeito. —E eles brilham mais quando você usa seu poder.

Meu coração acelerou, com borboletas dançando no meu estômago. Nossos rostos se aproximaram ao mesmo tempo. Enquanto nossas respirações ficavam altas e nossas bochechas ficavam vermelhas. Fechei meus olhos quando nossas respirações se encontraram. Nossos lábios se tocaram e foi como fogos de artifício explodindo dentro de mim.

Senti ela sorrir, enquanto nossos lábios descobriam um ao outro, tentando não deixar escapar nenhum detalhe. Me aproximei mais dela, com sua mão tocando minha nuca e nossos lábios cada vez mais grudados.

Quando nós afastamos, seus lábios estavam rosados e ela tinha um sorriso no rosto.

—Está quebrando todas as regras, princesa. —Falei, e o sorriso dela aumentou mais ainda.

—E não pretendo parar de quebrá-las agora. —Afirmou, se aproximando e me dando outro beijo.

—Er... —Nos duas nos afastamos quando escutamos um arfar de surpresa. Olhamos pra porta, vendo Cedric parado ali, parecendo mais vermelho que um pimentão.

—Eu não vi nada! —Ele ergueu as mãos pro alto. —Po... podem continuar.

Começamos a rir ao ver que ele estava se segurando para não sorrir, ao mesmo tempo que estava morrendo de vergonha.

—Já tô saindo. Já tô saindo. —Repetiu, apontando para a porta e a fechando, como se quisesse nos dar privacidade. Olhei para Diana e nossos sorrisos se alargaram.

Continua...