Capítulo 25: A História da Magia.

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Cedric

—Três passagens para a Cidade do Porto, por favor. —Observei Lyra empurrar as moedas de ouro e esperar a elfa do outro lado do balcão entregar as três fichas. —O trem sai em 10 minutos.

Olhei para Trevis ao meu lado, que devorava uma maçã em uma velocidade improvável de ser real. Suspirei, puxando ele para longe e olhei para os trens que chegavam e saiam. Eu já conhecia a estação de trem. Já vim aqui roubar muitas vezes. Mas andar em um? Jamais.

—Não confio nela. —Falei, olhando para Lyra que conversa sobre algo aleatório com a elfa do caixa. —A gente nem a conhece direito. Ela nem ao menos era amiga da Kayla.

—Acha que devemos dar o fora? —Trevis questionou. —Eu quero encontrar a Kayla. Ela precisa saber o que está acontecendo.

—Eu sei. Eu também quero. Só não curto muito a ideia de ir com essa fada. Ela não tem motivos para vir com a gente e para ser tão simpática assim. —Afirmei e fiz uma careta ao vê-la se aproximando de nós com as três fixas.

—Podemos entrar no trem já. —Ela olhou para nós dois. —Que caras são essas? Parecem que viram um fantasma. —Ela fez uma careta e revirou os olhos em seguida. —Ta, já sei. Estão desconfiando da minha boa vontade de novo. Já disse que estão livres para fazerem o que quiserem. —Ela empurrou as fixas para minha mão e pegou a sua, indo em direção ao trem. —Eu tenho algo a desvendar.

Olhei para Trevis e ele deu de ombros. Segurei a mochila e puxei Trevis para que seguíssemos ela. Certamente nos íamos nos separar assim que chegássemos a Cidade do Porto. Entrando no trem sobre o olhar desconfiado de um dos guardas. Trevis seguiu Lyra para ver em que cabine ela entraria. Suspirei vendo ele ir na mesma que a dela. Trevis tinha a mania de confiar em todo mundo e isso era um problemão pra mim.

—O que são essas coisas? —Trevis se sentou no banco de frente pra Lyra. Fechei a porta e me sentei ao lado dele, vendo ela tirar vários livros de dentro da mochila.

—Eu ouvi umas conversas suspeitas de Devlon e Miriam. Quero tentar descobrir algo sobre o que eles falaram. Esses livros eram da sessão particular da biblioteca. Nem todos tem acesso a eles. Se tiver alguma coisa importante sobre essas tais safiras, vai estar aqui. —Afirmou, pegando um e começando a folhear. Olhei para o título do livro que estava na mão dela e li "A História da Magia".

Acha que elas são mágicas? Essas safiras? —Indaguei e ela deu de ombros.

—Eu não sei. Mas se todos os reinos estão atrás delas, então certamente alguma coisa ligado a magia deve ter. —Afirmou e começou a ler o livro com atenção. —Você sabe ler? —Ela indagou, erguendo os olhos até mim por cima do livro.

—Obviamente. —Afirmei, um pouco ríspido. A resposta dela foi jogar outro livro na minha direção. Segurei o mesmo e encarei o título. —Cinco reinos? Sabe que são apenas 4, não é?

—Eu sei, gênio. Mas ouvi Miriam falar algo relacionado a terras esquecidas e depois achei esse livro aí. —Lyra apontou para minhas mãos. —Aposto que tem algo relacionado.

—Quem é Miriam? —Trevis questionou em meio a uma careta.

—A bibliotecária. —Lyra voltou a ler. Trevis me encarou com as sobrancelhas erguidas e eu dei de ombros. Abri o livro pensando que talvez aquilo me desse um pouco de paz até chegamos na cidade.

[...]

—Viram, eu sabia que eu ia achar! —Lyra exclamou, depois de algumas horas em silêncio. Eu havia lido parte do livro e não encontrei nada além de baboseiras sobre os reinos. Trevis estava comendo outra maçã e olhando a paisagem que passava pela janela. —Elas não são só ligadas a magia, elas são pura magia. —Lyra se colocou de pé e começou a ler para nós dois. —As safiras são pedras mágicas capazes de conjurar a magia dos quatro elementos principais da natureza, terra, fogo, água e ar. Cada uma delas é específica para um desses poderes e...

—E...? —Trevis gesticulou com a mão para que ela continuasse. Lyra fez uma careta e abaixou o livro, olhando para nós dois.

—Não tem mais nada. Só diz que não a mais informações sobre elas ou sobre suas localizações. —Lyra se sentou de novo e bufou. —Que droga. Isso não ajudou em nada.

—E você, já achou algo? —Trevis olhou pra mim e eu neguei com a cabeça. Olhei para Lyra vendo ela mexer na mochila, onde eu pude ver mais livros, e puxar de lá um outro livro. Esse tinha a capa dura e parecia velho, muito, mas muito velho.

—O que é isso? —Questionei.

—Miriam me deu ele antes de eu ir embora. Ela disse que eu acharia o que provocava aqui e não nos outros livros. Não sei porque eu não parti logo pra esse aqui de início. —Ela riu e eu fiz uma careta.

—Espera, Miriam sabe que você está indo atrás das safiras? —Ela confirmou. —E você conta isso só agora? E se ela tiver avisado Devlon e ele estiver mandando alguém atrás de nós agora mesmo?

—Miriam não é assim. Você não a conhece. —Lyra rebateu, balançando a cabeça negativamente. —Ela só estava tentando me ajudar.

—Ou ferrar com tudo. —Exclamei e ela revirou os olhos. —Assim que chegarmos na Cidade do Porto, você segue seu rumo e eu e Trevis o nosso.

—Tanto faz. —Murmurou e eu cerrei os punhos. Lyra abriu o livro e eu olhei para o chão quando algo caiu dele e saiu quicando. Trevis se abaixou no chão e juntou a coisa que havia ido para baixo do banco.

—Isso é o que eu estou pensando? —Ele se ajeitou no banco e mostrou a pedra de tom cinza cintilante que tinha na mão.




Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now