Capítulo 80: Pólvora.

2.2K 415 35
                                    

Cedric

A primeira coisa que pensei quando vi os guardas é que estávamos muito, muito ferrados. E a segunda, é que deveríamos dar o fora dali no mesmo instante. Não é difícil de imaginar que alguém com certeza viu a Kayla e avisou os guardas. Agora eles vão revirar a cidade atrás dela. E o pior de tudo, ela e Diana ficariam muito encrencadas se fossem pegas.

—E agora, o que a gente faz? —Lyra questionou, enquanto trancávamos a porta do quarto e colocávamos o armário na frente dela, como uma barreira. —Podemos ficar aqui e esperar eles irem embora, não?

—Eles sabem que estamos aqui. —Kayla respondeu. Observando a rua por uma fresta na cortina. —Alguém deve ter me reconhecido. Talvez até mesmo o dono da estalagem que estamos.

—Vamos ganhar uma bela corda no pescoço se formos pegos. —Trevis exclamou, com os olhos arregalados. —Cara, eu sou muito novo pra morrer.

—Vira essa boca pra lá. —Lyra resmungou. —Vamos tentar achar uma solução pra isso.

—Só tem uma solução. —Kayla olhou pra mim, destrancando a janela. —Fazer o que fazemos de melhor nas ruas.

—Correr. —Completei, vendo ela abrir a janela. Andei até a mesma, observando a rua três andarem abaixo de nós. Os guardas surgiram na esquina, gritando e dando ordens. Olhamos para a porta, com a armário na frente, quando alguém começou a bater nela.

—Aqui é o dono. Preciso que abram a porta agora mesmo! —Ele voltou a bater, praticamente esmurrando a porta e fazendo o armário balançar.

—Vamos embora. —Afirmei, puxando Lyra e Diana pra perto da janela também. Kayla já estava lá, pendurada no suporte, usando tudo que havia aprendido nas ruas pra subir até o telhado.

—Meu Deus! —Lyra exclamou, de olhos arregalados. —Se eu cair ainda vou quebrar alguma coisa.

—Nessa altura? —Diana riu. —A gente vai é morrer se cair.

Mais batidas na porta, seguidas pelos gritos dos guardas dentro da estalagem. Esperei Kayla escalar tudo, até estar no telhado. Olhei pra cima, apenas para vê-la fazer um sinal de confirmação.

—Kayla vai ajudar vocês. —Afirmei, pegando o lençol da cama e criando alguns nós, fazendo uma corda e jogando para que Kayla pegasse uma ponta. —Diana, você primeiro.

—Maravilha. —Falou animada, como se os guardas lá fora não fossem um problema tão grande quanto pareciam ser. Olhei para a porta, enquanto Diana passava a janela e escalava a parede com a ajuda de Kayla. Mais e mais batidas, agora com os berros dos guardas.

—Eles estão aqui! —Trevis empurrou Lyra para a janela, já que ela parecia estar congelada no lugar. —Vai logo!

—Eu já fiz isso antes. —Afirmou, passando as pernas pela janela. —Lá na biblioteca. Para ver a Cidade dos Ossos por completo pelo telhado.

—É? Excelente, agora vai de uma vez! —Exclamei, vendo que ela tava mais conversando do que escalando. E nossa situação estava ficando precária. As batidas na porta haviam se tornado pancadas, com alguma coisa muito pesada, já que o armário estava balançando, pronto para cair.

—Grosso! —Resmungou, subindo com a ajuda do lençol pendurado. Peguei Trevis e ajudei ele a atravessar a janela, subindo muito mais rápido do que Diana ou Lyra. Passei a perna pelo suporte da janela, no exato instante que o armário tombava pra frente e a porta era arrombada.

Arregalei meus olhos quando os guardas correram na direção da janela. Agarrei o lençol, enrolando ele no meu braço e pulei, ficando completamente pendurado. Senti meu corpo cair no ar por um segundo, até meu corpo bater contra a parede quando o lençol foi segurado. Olhei pra cima, arregalando os olhos ao ver a cara de Kayla, mais pálida que papel. Me encolhi, escorando os pés na parede e indo para o outro lado da estalagem, quando os guardas surgiram na janela e começaram a atirar flechas.

Me choquei contra a parede quando meus pés escorregaram. Podia ouvir os gritos dos guardas na rua embaixo de mim e as flechas se chocando contra a parede.

—Me puxa pra cima! —Exclamei, sentindo meus joelhos doerem com o impacto com a parede. Comecei a subir, conseguindo escorar meus pés na parede de novo, com o lençol enrolado nos meus braços. As mãos de Kayla alcançaram as minhas e ela me segurou, contando com a ajuda de Diana para me puxar para cima, em meio a um grunhido pela força.

—Você pulou da janela! —Diana murmurou, quando eu já estava deitado de costas no telhado. —Ficou maluco? E se a gente não conseguisse segurar o lençol?

—Era isso ou os guardas. —Falei, me colocando de pé e puxando a mochila que Trevis estava levando nas costas. —Vamos atrasar eles.

Peguei os saquinhos de pólvora, que eu havia feito enquanto estava nas ruas da Cidade dos Ossos. Eram pequenos, feitos de pano velho, pólvora e um barbante para acender com qualquer faísca que conseguir. Então, temos uma pequena bomba.

—Vamos! —Kayla chamou, começando a correr, saltando pelos telhados, enquanto a seguíamos. Peguei o fósforo, parando um segundo para acender e então joguei em direção a rua que os guardas vinham, voltando a correr em seguida. Saltei por cima de uma rua estreita, caindo de joelhos ao mesmo tempo que ouvia ela explodir na rua.

—Ah, eu quero acender e jogar uma também. —Diana exclamou com um sorriso, enquanto pulávamos para o telhado de outra casa. O sorriso que ela tinha no rosto morreu quando ouvimos os gritos dos guardas mais perto. Olhei pra trás, vendo que eles haviam subido para os telhados também.

—Acendam, joguem e corram! —Falei, distribuindo os saquinhos pra eles. —E tentem não explodirem as mãos.

Não demorou muito para os estouros começarem atrás de nós, a cada bomba de pólvora que era jogada nas ruas ou nos telhados atrás de nós. Saltamos uma rua estreita, caindo no telhado de outra casa. Arregalei os olhos quando o telhado cedeu embaixo de Kayla e ela ficou completamente pendurada.

—Kayla! —Escorreguei até onde ela estava, agarrando seus braços um segundo antes de ela quase despencar. Arregalei meus olhos, vendo Kayla completamente pendurada ali, apenas com minhas mãos a segurando.

—Me solte. Eles vão pegar você. —Afirmou, enquanto eu tentava fazer força para erguê-la. Os outros não haviam notado o que tinha acontecido. Olhei para trás, vendo os guardas se aproximando. —Vai logo, Cedric. Eu me viro.

Olhei pra ela, vendo ela abrir um sorriso fraco e então deslizar as mãos das minhas, se soltando e caindo dentro da casa.



Continua...
.....
Amanhã eu tenho uma prova a tarde, se eu sobreviver a ela tento postar cap, se não só domingo mesmo kkkkkk

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora