Uma Conjuração de Magia / Vol. 1

Capítulo 23: Pesadelo.

Suspirei frustrada, vendo Axel escorado na parede com as mãos ainda presas por aquelas correntes. Eu estava com as mãos livres, mas na mesma cela que ele. E sim, eu estava me segurando para não pular nele a qualquer segundo e não o enforca-lo com meus próprios dedos.

—Você está deixando minhas sombras nervosas, sabia? —Ele comentou ainda de olhos fechados. —Não posso usá-las. Mas ainda posso ouvi-las na minha cabeça. E elas estão bem agitadas por sua causa.

—Deve ser porque eu estou imaginando várias formas diferentes de te matar, de uma forma bem cruel agora. —Falei entredentes e ele soltou uma risadinha.

—Você é um pouco agressiva. —Ele exibiu um sorriso sarcástico e abriu os olhos negros cheios de estrelas. —Acho que gosto disso.

—Vai a merda, Axel! Isso tudo é culpa sua. Agora estamos presos nessa cela. —Resmunguei e ele suspirou de forma breve, voltando a fechar os olhos.

—Vamos estar na Cidade Marítima em breve. Apenas relaxe. —Afirmou e eu revirei os olhos, ouvindo ele estalar a língua logo em seguida. Fechei meus olhos e me deitei no chão frio. Não era a primeira vez que eu dormia no chão e certamente não seria a última.

Encarei a pequena janela circular, vendo a noite se estender pelos céus estrelados sobre o mar. Os piratas ainda pareciam uma opção muito melhor que os guardas. Mas eu estava com problemas. Muitos problemas. Agora todos estavam atrás das safiras. E o pior, de mim.

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—Kayla, onde você está? —Corri escada a cima com a saia do vestido se enrolando nas minhas pernas. Entrei no quarto e corri até o armário, me enfiando dentro dele e das roupas. Me encolhi, abraçando meus próprios joelhos e fechando meus olhos com força.

—Filha, papai está te procurando. —Ouvi a voz do meu padrasto e meu peito se apertou ao ouvir o som dos passos no corredor. —Kayla?

Não, ele não é meu pai. Ele nunca vai ser. Ele não é meu pai. Não, não, não!

—Kayla, apareça aqui agora. Eu já estou ficando sem paciência! —Ouvi a porta sendo aberta bruscamente. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu sufoquei um soluço quando vi pela frente do armário, a sinta que ele carregava na mão. —Você sabe que eu não gosto quando se esconde. Apareça pra mim, filha.

Fechei os olhos de novo e tampei meus ouvidos para não ouvir mais o que ele dizia, ou pelo menos tentar, enquanto via ele se aproximar do armário.

—Você sabe como funciona. —Ele sussurrou, parando na frente da porta do armário. —É só pedir por favor.

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—Kayla? Kayla, acorde! —Ouvi a voz de Axel, enquanto meus braços se debatiam nas mãos que me tocavam. —Kayla, isso é só um pesadelo. Acorde!

Abri meus olhos e empurrei Axel para longe de mim, quando vi as mãos acorrentadas dele me chacoalharem tentando me fazer acordar. Me arrastei até a parede, com o coração acelerado e os olhos arregalados. Axel de colocou de pé, com certa cautela, e ergueu as mãos me pedindo calma.

—Foi só um pesadelo. Está tudo bem. —Ele afirmou com a voz baixa e meu peito se afundou em um certa vergonha, por ter passado por aquilo na frente dele.

—Eu estava gritando? —Questionei, virando o rosto para não encarar a expressão indecifrável dele. Abracei meus próprios joelhos e vi Axel se escorar nas grades.

—Sim, estava. Você estava gritando "por favor", sem parar. —Explicou e eu engoli o nó que se formou na minha garganta. —Você está bem?

—Acha que eles ouviram? —Questionei, ignorando a pergunta dele. Axel deslizou pelas grades até se sentar no chão. —Os piratas lá em cima. Acha que eles ouviram?

—Acho que não. Eles teriam decidi aqui se tivessem ouvido. —Axel afirmou, me fazendo suspirar de alívio.

—Eu ouvi. —Eu e Axel olhamos na direção da voz masculina, que vinha de outra cela. A maioria delas ali estava vazia. Exceto pela nossa e agora, a do senhor com cabelos brancos e barba longa. —Vlad, é uma honra conhecer vocês. —Ele soltou uma risadinha. —Você me acordou com esses gritos.

—Desculpa. —Foi tudo que eu consegui dizer, andes de desviar os olhos para os meus pés. Axel analisou cada movimento meu, enquanto eu apenas o encarava por entre meus cílios.

—Porque está preso aqui, Vlad? —Axel questionou, ainda sem tirar os olhos de mim. Eu estava tentando regular minha respiração e meu coração acelerado.

—Bem, é uma história engraçada, sabe? Eu estava na maior tranquilidade bebendo meu rum, em um bar lá na ilha dos piratas, quando ouvi uma história engraçada sobre pedras mágicas. —Eu ergui a cabeça na mesma hora para encarar o homem, que tinha a cabeça encostada na parede mofada. —Fiquei ouvindo a conversa, numa boa, vendo eles falarem sobre todos os reis e o que eles queriam com as pedras. Governar uns aos outros. A mesma baboseira de sempre, sabe? —Ele soltou uma risadinha e eu percebi que ele parecia um pouco bêbado. —Eu fui me achegando mais e mais no grupo de piratas que conversavam. Até que... —Eu arquei as sobrancelhas, esperando alguma informação surpreendente. —Eu vi um saquinho de moedas e passei a mão. —Olhei para Axel vendo ele balançar a cabeça negativamente, como se achasse aquilo o cúmulo. —Eles me pegaram roubando e me trouxeram pra cá. Qual é, minha alma é de pirata.

Ele soltou outra risadinha, olhando pra nós com uma expressão completamente de bêbado e eu fiz uma careta. Observei ele abrir uma garrafa de rum e virar na boca.

—Onde arrumou isso? Eles te deram? —Axel questionou e ele balançou a cabeça negativamente. Vlad ficou de pé e subiu em um banquinho que havia na cela dele. Observei ele parar sobre um pequeno buraco na madeira do teto e enfiar a mão lá. Ele fez uma careta, parecendo procurar algo e então puxou a mão de volta, passando outra garrafa de rum pelo buraco.

—As celas ficam bem embaixo do depósito deles. —Vlad riu e passou a garrafa pelas grades, a colocando deitada no corredor. —Eu consigo alcançar as que ficam no chão. —Ele empurrou a garrafa a fazendo girar e parar na mão de Axel, que ele já havia passado pelas grades para pega-la. —Faça bom proveito.

Olhei para Axel, vendo ele tirar a tampa e abrir um sorriso, antes de virar a garrafa na boca sem qualquer controle.

Ótimo, eu estava presa com dois bêbados.

Continua...
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Eu não estou atualizando as outras duas histórias (Holly/Zaia), porque estou um pouco bloqueada gente. Então vou terminar o livro da Bia que faltam 3 caps e postar esse aqui, que já tenho até o cap 50 pronto.