Capítulo 24: Capitão Henry Bart.

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Axel bebeu aquela garrafa de rum em poucos minutos. Meu estômago chegou a se revirar com aquilo. Ele não havia comido nada decente esse último dia e agora havia se enchido de puro álcool.

—Você costuma beber com que frequência? —Questionei, vendo ele soltar a garrafa no chão e girar ela na minha direção, completamente vazia.

—Sempre que tenho uma garrafa em mãos. —Murmurou, já um pouco alterado. Fiz uma careta ao vê-lo me observar com um sorriso.

—Não tem medo de ficar bêbado demais e acabar se metendo em confusão? —Ele riu da minha pergunta, como se eu tivesse falando uma grande baboseira.

—Kay, querida, ninguém ousa mexer comigo sóbrio e muito menos bêbado. —Ele tombou a cabeça para o lado. —E as que tem a coragem de fazer isso, normalmente não saem vivas pra contar histórias.

—Mas você não tem seu poder agora. —Comentei e ele sorriu mais ainda, exibindo uma expressão completamente diferente do que eu estava acostumada.

—Acredite, eu não preciso usar meus poderes para matar alguém. —Comentou, escorando a cabeça nas grades. —Consegue outra, Vlad?

—Não! —Olhei para Vlad quando ele fez menção de se levantar. —Ele não quer outra. Já está alterado o suficiente.

—E quem é você pra decidir algo por mim? —Axel questionou com uma risadinha e eu revirei os olhos. —Eu odeio quando faz isso.

—E eu odeio você por completo. Agora fique de boca fechada, Axel. —Exclamei. —Eu estou trancada aqui com você. Então pelo menos esteja sóbrio. Não quero ficar aguentando você falando coisas desconexas.

—Puts, você é chata. —Ele se colocou de pé tentando se segurar nas grades para não cair, já que estava claramente tonto. —A próxima garrafa deveria ser sua. Assim você se solta mais e tira essa cara de mendiga emburrada da cara.

—Vai... —Eu ia falar um palavrão, mas parei quando vi que Axel iria desabar no chão. Me levantei e sustentei o corpo dele como pude, vendo o mesmo tentando se segurar nas grades. —Solte as grades. —Ele fez o que eu pedi e eu o ajudei a se sentar. Puxei Axel pelo braço, tentando ajeitá-lo no chão de um jeito confortável, enquanto ele falava coisas desconexas.

—Você é atraente demais para uma mendiga. —Eu parei e encarei o rosto dele, vendo o mesmo me olhar com uma expressão confusa. —Isso me assusta.

—O que? Eu ser uma mendiga atraente? —Falei entredentes e ele riu sem humor, observando meu rosto com atenção.

—Não. —Ele balançou a cabeça e fechou os olhos lentamente. —Me sentir atraído por você me assusta.

Curvei os olhos o encarando, tentando ter certeza que aquilo não era uma piada de bêbado idiota. Axel estava mais do que alterado. Eu nem precisava ter uma bola de cristal para saber que a cabeça dele estava girando naquele momento. E como se fosse para piorar ainda mais a situação, Axel vomitou no chão, nele próprio, e o pior, em mim.

—Inacreditável! —Falei, fazendo uma careta e vendo a expressão zonza de Axel.

[...]

Passei a água no rosto de Axel, tentando limpar toda a sujeira que ele havia feito. Para minha sorte, ele só havia se sujado apenas no rosto e não nas roupas. E em mim, ele teve a audácia de vomitar nos meus sapatos. É claro que eu me limpei primeiro, enquanto ele ficava resmungando no chão.

Eu havia praticamente implorado para que os piratas me deixassem usar o banheiro. Depois de uma longa discussão sobre como Axel ficou bêbado, Vlad foi trocado de cela para parar de roubar o rum e o capitão me permitiu sair de lá com Axel. Pelo menos até ele ficar apresentável de novo.

—Kay? —Ele chamou, quando passei mais água no seu rosto. Ele fez uma careta ao sentir a água gelada e eu revirei os olhos.

—Ninguém mandou beber demais. —Afirmei e ele estalou a língua. Mesmo bêbado ele continuava irritante. —Pronto.

Bati na porta e ajeitei o braço de Axel no meu ombro, tentando conter o peso dele. Um dos marujos abriu a porta e o puxou para si, o carregando pelo corredor de volta para as celas. Parei ao ver o capitão no corredor e fui até ele com a maior cara de cachorro abandonado.

—Assim, muito obrigada por me deixar usar o banheiro. Não seria legal ficar com ele lá naquele estado. —Comecei e ele arqueou as sobrancelhas. —Olha, eu não tenho poderes igual ele. Não preciso ficar presa naquela cela. Eu não tenho como fugir daqui. Estamos no meio do mar e eu não sei nadar. Então não me prenda lá de novo. Juro que vou me comportar.  Posso até ajudar em alguma cosia aqui do navio. Qualquer coisa que seja...

—Você sempre fala demais? —Ele indagou, me cortando e eu abri a boca várias vezes, sem conseguir dizer nada. —Tudo bem. Mas vou deixar alguém de guarda com o seu amiguinho lá.

—Eu não pretendo soltá-lo. —Fiz uma careta. —Ele preso lá me dá algum momento de paz. Você não tem noção de como ele é irritante.

—Sei. —O capitão curvou os olhos na minha direção. —Então, você realmente queria ser uma pirata, ou era apenas conversa fiada?

—O que? Não, era verdade. Eu queria. —Afirmei e ele apontou para o corredor para que eu o seguisse. —Meu plano antes de Axel aparecer era ir para a Cidade do Porto e conseguir embarcar em um navio. Bem, em parte deu certo. Só que eu não imaginava que seria presa por piratas.

—Essa é a realidade do mar. —O capitão respondeu e eu balancei a cabeça. Ele passou pela porta e eu encarei o horizonte, podendo ver o sol nascer, enquanto os marujos andavam pelo deck do navio. —Fique a vontade. Mas não tente roubar nada ou volta para aquela cela.

—Pode deixar. —Afirmei, mais do que feliz por poder sair daquele cubículo. —Você não me disse seu nome. —Falei, quando o capitão já estava se afastando.

—Capitão Henry Bart, senhorita. —Ele ergueu o chapéu em um cumprimento.





Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang