Capítulo 46: Leis Piratas.

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Acordei sentindo algo pesado sobre minhas pernas. Assim que olhei, vi que Kenji estava com uma das pernas em cima das minhas, enquanto um dos braços de Axel estava preso na minha cintura. Talvez se fosse antigamente, eu me incomodaria com isso. Mas dessa vez eu não senti absolutamente nada. Eu não confiava neles. Mas os conhecia o suficiente para saber que não fariam nada comigo. Nada que eu não quisesse. Talvez isso fosse o suficiente para meu corpo entender que estava seguro entre os dois.

—Terra à vista! —Ouvi a voz de Beron, alta e clara do lado de fora. Suspirei, empurrando a perna de Kenji e depois tirando o braço de Axel da minha cintura. Me levantei a passos leves, sem fazer barulho e sai da cabine.

O sol estava ganhando vida no horizonte e a nossa frente, uma grande massa te terra se estendia. A famosa Ilha dos Piratas. Ah tantas histórias e lendas sobre esse ilha. Mas agora eu vou poder tomar com os próprios olhos a minha conclusão sobre esse lugar.

—Vamos atracar! —Henry ordenou, com a voz ecoando por todo navio. Me escorei no parapeito, vendo o navio se aproximar cada vez mais do mar cheio de outros navios piratas e da própria ilha. Olhei para o lado quando Kenji e Axel apareceram e se escoraram no parapeito ao meu lado. Abri um sorriso para Kenji, quando ele sorriu pra mim e então me deu um leve empurrão com o ombro.

Voltei a olha pra ilha, escorando minha cabeça no ombro de Kenji e aguardando o momento que estaríamos em terra, prontos para encontrar outra safira. Duas. Teríamos duas delas. A outra está com Devlon e ele provavelmente entregou ao rei solar. E a última, escondida em algum lugar.

—Para todos os efeitos vocês três fazem parte da minha tripulação. São piratas assim como todos os outros aqui. —Henry começou. —Não podem usar seus poderes de jeito nenhum. Isso pode desencadear uma grande confusão.

—Uma confusão que nos venceríamos sem nenhum esforço. —Axel murmurou e eu revirei os olhos. Até nessa situação ele se acha.

—As leis piratas proíbem que qualquer capitão tenha portadores na tripulação. Então é melhor não usar esse poder. —Henry se aproximou de Axel. —Se arrumar problemas pra mim, pode ter certeza que arrumo um jeito de te colocar naquela cela de novo.

—Tanto faz. —Axel tombou a cabeça em indiferença. —Agora nos mostre o caminho até o tesouro, capitão.

[...]

Desci a rampa até estar em terra firme. Havia muitas pessoas andando por ali. Piratas e mais piratas por todo lado. Axel e Kenji estavam atrás de mim. Andando silenciosamente como se nem existissem. Comecei a seguir os outros piratas, vendo que eles estavam indo para um prédio velho que parecia um bar.

A ilha dos piratas era estranha e tinha um cheiro ruim de rum, peixe morto e suor. Haviam decks por todos os lados, passando por cima do chão cheio de lama e peixes mortos.

Parei na porta do bar, vendo uma mulher e uma criança com roupas surradas e sujas de lama, conversando com um homem. Pisquei algumas vezes, confusa ao vê-los se aproximando e passando os braços um envolta do outro.

—Kay? —Kenji ergueu as sobrancelhas. —Vamos?

Vi que ele e Axel me observavam, como se eu fosse um mapa a ser descoberto. Assenti e entrei atrás dos outros piratas no bar. Estava lotado deles por todos os lados. O cheiro de bebida era irritante demais pra mim.

—Se misturem. —Henry ordenou, baixinho. —Vou tentar descobrir algo. —Ele se afastou, indo até o balcão e se juntando com os outros homens.

—Ei, sabem jogar? —Olhei para o lado, vendo uma mesa cheia de piratas jogando baralho enquanto bebiam rum. Eles estavam olhando para nós três e apontando para as cartas na mesa. —Jogam ou não?

Axel passou por mim, indo em direção a mesa enquanto eles abriam espero. Kenji tocou de leve a minha mão e abriu um sorriso, me puxando para ir com ele.

—Docinho, sabe jogar? —Um deles falou, me fazendo formar uma careta.

Docinho?

—O docinho ali pode te esfaquear. Tomaria cuidado se fosse você. —Axel se sentou e exibiu uma expressão sarcástica. —Palavra de quem já foi esfaqueado duas vezes por ela.

Revirei os olhos e me sentei ao lado de Kenji, negando o jogo e apenas observando ele jogar. Axel estava de frente pra mim na mesa. E seu olhar afiado na minha direção já estava começando a me irritar.

Eles ficaram jogando, enquanto eu prestava atenção em tudo que estava acontecendo envolta de mim. Henry já não estava mais a vista, provavelmente fazendo algo do interesse do seu navio. Me sobressaltei, assustando todos na mesa, quando senti uma mão tocar meu ombro.

—Ei, tá doida? —Beron fez uma careta, quando eu me virei para encara-lo. Quase com o coração saindo pela boca. —Vamos embora. O jogo acabou.

Olhei para Kenji, vendo ele com a testa franzida olhando para Axel. Minhas bochechas esquentaram e eu apenas segui Beron, sem me dar ao trabalho de ver se os dois estavam vindo atrás. Saímos do bar e seguimos Beron por uma viela lamacenta até uma casa velha. Henry estava escorado perto de uma das janelas, observando a rua vazia.

—Descobriu mais alguma coisa? —Axel foi o primeiro a perguntar, quando Beron fechou a porta atrás de nós. Henry tombou a cabeça para o lado, fazendo suas tranças caírem em ondas sobre seu ombro. Então puxou um papel do bolso e o abriu.

—O caminho até os tesouros do rei dos mares. —Ele jogou o mapa para Axel. —Boa sorte no caminho para a morte rapaz.



Continua...
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Ihhhh só vim contar que acabei de escrever um dos cap mais esperado por vcs. Tô só alegria, pq agora vou começar a matar gente... (brincadeira, mas nem tanto)
Se gostaram das curiosidades e dos quotes, mais pra frente posso postar mais deles aqui. Tenho muita coisa desse livro pra dividir com vocês. (Pra quem lê os outros livros, vai ter curiosidades sobre eles tbm)

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora