Capítulo 55: Rainha das Rainhas.

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Kayla

Vamos lá, Kay. Deixe a espada na posição que eu te ensinei. —Henry mandou e eu ajeitei ela na minha frente, vendo os olhos de Beron se estreitarem. Eu sabia que ele me atacaria a qualquer momento. —Não baixe a guarda e nunca de as costas para o inimigo. Lembre-se, ele nunca vai avisar quando atacará.

—Concentração. —Falei e ele concordou com um aceno de cabeça. Então Beron me atacou e eu ergui a espada, deixando que as lâminas se chocassem. O choque não me fez jogar a espada longe ou andar para trás. Me mantive firme e revirei o ataque, girando a espada para acerta-lo e vê-lo de defender.

—Vamos lá, Kay! —Ouvi Kenji gritar, enquanto eu e Beron não parávamos de nós atacar com as espadas. Ri ao ouvir a animação de Kenji e vi que ele e Axel observavam a luta de longe, com sorrisos no rosto.

—Capitão, acho que vai querer ver isso. —Um dos marujos veio correndo na direção de Henry com um papel na mão. Olhei para a cidade do outro lado do navio. Estávamos atracados na Cidade do Sol, reabastecendo o navio com o que precisávamos para seguir viagem.

Me virei para Henry, vendo ele observar o papel com atenção e então franzir a testa. Ele suspirou, estendendo ele na direção de Axel e Kenji.

—Parece que a cabeça de vocês três está a prêmio. —Zombou e eu arregalei os olhos, indo em direção aos dois, que agora liam o papel também.

—Como? —Indaguei e parei ao lado de Axel. O papel era um aviso sobre nós três. Haviam ilustrações dos nossos rostos. Axel e Kenji estavam sem nomes, já que eles apenas o descreviam como portadores. Mas o meu nome estava ali. Completo para todos verem. —Ah não!

Dei um passo para trás, soltando a espada e deixando que ela se estatelasse no chão. Passei as mãos nos meus cabelos enquanto me virava para ver a cidade. Agora todos sabiam quem eu era.

Ele saberia.

—Ai, Kay, relaxe. —Kenji tocou meu ombro e riu. Me virei para ele completamente confusa.

—Não sei se notou, mas agora todo mundo vai nos querer mortos. —Afirmei, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

—Ja nos queriam mortos antes. —Deu de ombros.

—É, mas antes eram só os reis. Agora é o mundo todo. —Retruquei, exasperada. Qual o problema dele? —Estamos ferrados, Kenji. Eu estou completamente ferrada!

—Tem uma coisa muito, mas muito errada aqui. —Olhamos para Axel e ele virou o papel para nós dois. —O primeiro é que aqui diz que estamos com duas safiras. Bem, nós estamos. Mas parece que nosso amigo Devlon acabou de se tornar um traidor.

—Como é? —Soltei uma risada. Devlon traindo o rei solar? Isso é impossível.

—Aqui diz que roubamos duas safiras. A primeira na Cidade dos Ossos e a segunda na Cidade Marítima. —Axel riu. —Parece que Devlon não entregou ao rei a safira que pegou.

—E ainda está colocando a culpa em nós. —Kenji resmungou. —Que filho da mãe!

—É, só que essa não é a pior parte. —Axel virou o papel para si e começou a ler. —Aqui diz que além de roubarmos a safira, ainda deixamos os guardas loucos, delirando coisas. —Axel riu de novo, como se aquilo fosse uma grande piada. —Puta merda, estamos muito ferrados mesmo.

—Porque? O que mais tem aí? —Questionei e vi Axel engolir em seco.

—Nossa cabeça está a prêmio porque Devlon está dizendo que nós três estamos ligados a ninguém menos, ninguém mais, que a Rainha das Rainhas. —Axel amaçou o papel e olhou pra mim. —Ja ouviu falar das terras esquecidas, Kay?

[...]

—Dizem que a Rainha das Rainhas estava usando magia das trevas para criar novos portadores. Para criar um exército e se tornar a rainha suprema. Todos acreditavam que ela iria matar todos os reis e transformar os reinos em simples cortes e então governar o mundo todo. Como resposta, os reis se uniram e condenaram todos eles, antes que ela ousasse iniciar uma guerra. O Reino Invernal foi esquecido de vez e os que viviam lá, aprisionados pela magia que tanto desejavam. —Kenji girou na cadeira do capitão e suspirou. —Mas isso faz uns quatro séculos? Talvez mais.

—Como sabem sobre isso? —Indaguei, olhando dele para Axel, que estava escorado na porta em silêncio.

—Ouvimos essa história quando estivemos no Mundo Inferior. —Axel respondeu e eu arqueei as sobrancelhas. —Dizem que as terras esquecidas guardam a entrada do Mundo Inferior.

—Então como vocês foram até lá? —Indaguei, curiosa para perguntar como lá era. O portal para outras dimensões. Outros mundos.

—Existem outros meios de sair de uma dimensão para o Mundo Inferior. —Kenji quem respondeu. —Maneiras mais rápidas do que ficar procurando um buraco na terra.

—E como é lá?

—Um lixão. —Axel resmungou. —A questão não é o Mundo Inferior. É que agora estamos sendo caçados. E pra piorar, Devlon parece estar trabalhando pra essa rainha das terras esquecidas, mas está jogando tudo pra cima de nós três.

—Acha que ela quer governar tudo ainda? Digo, fazem séculos. Você mesmo disse, Kenji. —Voltei a olhar para Kenji, que agora encolhia os ombros.

—Aí é que está, Kay. —Axel começou a caminhar até a mesa do capitão e se escorou nela. —Dizem que ela era imortal. Que uma das coisas que ela fez quando começou a usar magia negra foi tornar ela e todo reino eterno.

—Você tá brincando, não está? —Indaguei e Axel negou com a cabeça. —Então Devlon está trabalhado pra uma rainha que quer matar todos os reis e se tornar rainha surpresa? E agora você me diz que ele é imortal? Que todos eles são?

—É exatamente isso. —Deu de ombros. Fechei meus olhos com força, ignorando o quanto os dois pareciam calmos demais. Aquela história era doida pra caramba. Mas tudo que eu conseguia pensar era no meu nome impresso naquele papel. —Kayla?

—O que vocês querem com as safiras? —Me virei para os dois, cruzando os braços na frente do corpo. —O que diabo vocês dois querem com as safiras?

Os dois trocaram olhares.

—Precisamos delas. —Kenji engoliu em seco. —Da magia delas, para ajudar nossa família.

—Como assim? —Questionei de novo e Axel estalou a língua e balançou a cabeça negativamente.

—Olha, Kay, as safiras não servem só pra destruição, está bem? E nós precisamos da magia dela para resolver um problema que afeta nossa família. —Kenji respondeu, ignorando o olhar mortal de Axel.

Abri a boca para questionar mais. Mas simplesmente fiquei em silêncio e cerrei meus punhos, desejando bater em alguém. Virei as costas para os dois e sai em direção a porta, ignorando a voz de Kenji que me chamava. Assim que passei pela porta senti as sombras de Axel me envolverem. Me virei vendo ele bem na minha frente.

—O que foi? —Dei um passo para trás e Axel arqueou as sobrancelhas. —Estamos juntos nessa, Kay. Nós três. —Ele se aproximou, sem tirar os olhos de mim. —Me diz, qual o problema?

Então eu olhei as estrelas presentes nos olhos negros de Axel e esfreguei minhas mãos.


Continua...
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Próximo cap teremos uma pequena volta no tempo. Preparem os lencinhos e o coração de vocês!

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora