Capítulo 30: Safira da Àgua.

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A safira tinha um tom azul muito vivo. Eu não precisava de uma bola de cristal pra saber qual poder ela conjurava. Devlon guardou ela no bolso do casaco e tirou um saquinho de moedas do outro. E pela cara, eram muitas moedas.

—Meu rei fica grato pela sua colaboração. —Devlon agradeceu, deixando o saquinho de moedas com a mulher.

—Foi ótimo fazer negócios com vocês. Ninguém me ofereceu tantas moedas por ela quanto vocês. —A mulher esclareceu. Eu não podia ver o rosto dela já que a mesma estava de costas. —Imagino que vai voltar e entregar a safira ao rei agora.

—Claro. —Devlon abriu um sorriso. —Meu rei precisa muito de todas as quatro safiras. Elas são essenciais para o futuro de nossas terras. Caso encontre as outras, podemos fazer o mesmo acordo. Ou um até melhor. —Afirmou. —Meu rei está disposto a dar muito dinheiro por elas.

—Mas ele não é o único atrás delas, não é? Todos estão. —A mulher murmurou e Devlon assentiu. Dei um passo para trás quando ela se colocou de pé.

—Ei, o que está fazendo aí em cima? —Virei o rosto para a rua e vi um guarda me encarando. —Guardas, ela está aqui! Guardas!

Olhei para as portas de vidro e vi as cortinas serem abertas e os olhos de Devlon caírem sobre mim. Subi no parapeito quando a mulher fez menção de abrir a porta. Escalei até o telhado e comecei a correr, enquanto ouvia os gritos dos guardas.

—Kayla! —Olhei para trás, enquanto saltava se um telhado para o outro e vi Devlon correndo atrás de mim. —Pare!

Pulei por cima de uma rua e meus pés se chocaram com o telhado da casa. Cai no exato momento que o telhado cedeu. Cai sobre uma mesa e ela se quebrou. Gemi de dor ao sentir que algo havia cortado meu braço.

—Porque isso sempre acontece comigo? —Perguntei retoricamente e me coloquei de pé, vendo uma garotinha sentada em um sofá, me encarando de olhos arregalados. Abri um sorriso. —Se sua mãe perguntar, diz que foram os alienígenas.

Ela assentiu com a cabeça e eu soltei uma risada antes de correr até a porta. Passei por ela e me deparei com um corredor cheio de outros portas.

—Me ferrei! —Resmunguei, começando a correr, tentando achar a saída. Cheguei até uma escada e desci os degraus tentando não cair de cara. Parei quando escutei o barulho de uma porta estourando e olhei para baixo, vendo os guardas entrando.

—Ela está ali! —Arregalei os olhos e subi as escadas de novo. Meus pés tropeçavam nos degraus, quase me lavando para o chão. Entrei em um dos corredores e comecei a forçar todas as portas até achar uma que estivesse aberta.

—Kayla! —Ouvi Devlon gritar. Chutei uma das portas e entrei na casa. Corri até a varanda e comecei a escalar até o telhado, sentindo minha respiração desregular. Meus pés escorregaram nas telhas e eu voltei a correr, saltando pelos telhados das casas, tentando me afastar daquilo. Olhei para uma das ruas e vi uma carroça que vinha repleta de tecidos. Olhei para trás ao ouvir o grito de Devlon e percebi que ele estava escalando a varanda para vir atrás de mim.

Peguei um embalo e pulei no momento que a carroça ia passar por onde eu estava. Saltei do telhado e caí sobre os tecidos, rapidamente me cobrindo com eles. Pude ouvir os gritos de Devlon e dos guardas ficarem para trás.

—Que beleza, Kayla. Que beleza! —Resmunguei, sentindo meu braço doer.

[...]

Abri a porta do bar de supetão, não me preocupando se deveria ou não estar ali. Olhei envolta vendo algumas pessoas me encarando com cara de confusão e de poucos amigos. Axel não estava a vista. Mas eu não havia sumido por muito tempo e duvido muito que ele iria embora sem mim.

Comecei a andar entre as mesas e a olhar cada canto daquele bar. Parei ao ver Axel de pé atrás de uma pilastra. Ele parecia estar discutindo com alguém que eu não conseguia ver. Apertei meu braço machucado, sentindo meus dedos úmidos do sangue e caminhei até ele.

—Eu já te falei, não posso voltar agora! —Ouvi Axel resmungar a medida que eu me aproximava. —Kenji, eu não estou nem perto de conseguir as outras.

—Eu sei disso, cara! Só que eles estão me pressionando. —Ouvi a voz do tal Kenji responder de forma irritada. —Acha que eu estou feliz por ter tido que vir até aqui? Essa merda já está me dando nos nervos.

—Relaxa...

—Ei! —Parei ao lado de Axel e ele arregalou os olhos ao me ver. —Temos um problema. —Falei, virando o rosto pra olhar para o rapaz que estava na frente dele. O mesmo tinha cabelos castanhos claros caindo sobre os olhos azuis, muito azuis.

—O que você está fazendo aqui? —Axel questionou. —Eu disse pra esperar lá fora!

—Você não manda em mim! —Retruquei, fazendo uma careta com o tom de voz rude que ele usou. —E eu já disse, temos um problema.

—Quem é você? —O rapaz na frente de Axel questionou confuso.

—Quem é você? —Refiz a pergunta, agora pra ele. No mesmo instante ele abriu um sorriso e estendeu a mão para me cumprimentar.

—Meu nome é Kenji. —Segurei a careta que quis se formar no meu rosto quando vi aquele sorriso animado dele. Apertei sua mão e levei um susto ao sentir uma corrente elétrica passar dele pra mim. —Ah perdão. As vezes é difícil controlar.

—Que? —Olhei para ele de olhos arregalados. Ele havia me dado um choque? —Como fez isso?

—Ah eu controlo...

—Não importa! —Axel cortou, lançando um olhar de alerta a Kenji. —O que aconteceu, Kayla? —Ele desceu os olhos até meu braço. —O que ouve com você? Está sangrando?

—Então você é a famosa Kayla que roubou o príncipe? —Kenji perguntou retoricamente, voltando a sorrir.

—Kenji! —Axel o encarou irritado. —Fala logo, Kayla!

—Eu estava ali fora como você pediu. Mas aí eu vi o Devlon e os guardas do rei. Eu comecei a seguir eles, já que Devlon estava agindo de uma maneira estranha. Eu segui eles até um prédio velho em um beco. Eu subi até o telhado e fui até uma das varandas que vi. Assim que eu desci eu me deparei com uma sala onde tinha uma mulher e o Devlon estava falando com ela. —Expliquei. —Eu não peguei a conversa toda. Mas ele deu moedas a ela e depois ela entregou uma safira a ele. Ou seja, a safira que estávamos procurando agora está com Devlon.

—Que cor era a safira? —Kenji questionou e eu fiz uma careta, tentando me lembrar.

—Azul.

—Safira da Água! —Axel e Kenji falaram juntos, trocando olhares. —Alguém seguiu você? —Axel questionou e eu neguei com a cabeça. —E a safira?

—Esta com o Devlon. Eu tentei pegar. Mas deu a maior confusão. —Afirmei, sentindo meu braço latejar. Olhei para a porta do bar ao ouvir uma certa confusão do lado de fora. Gritos e barulhos de cavalos.

—Você disse que ninguém te seguiu! —Axel correu até uma das janelas laterais e olhou para fora. —Merda, eles estão aqui!





Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now