Capítulo 83: Herdeiro.

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Kayla

Encarei o príncipe, vendo ele se afastar de mim e caminhar por aquela pequena área delimitara pelas cortinas. Não ousei perguntar algo. Não queria saber o que se passava na cabeça dele naquele momento.

—Me pergunto como os homens da Rainha das Rainhas não levaram você com eles. Eles certamente sabiam o que você era. —Afirmou, abrindo um sorriso com o canto dos lábios. —Mas não faz diferença. Eu não pretendo perder a oportunidade que é você.

—Eu não sei conjura-las. Não adianta perder seu tempo comigo. —Afirmei, ignorando o sorriso largo que se abriu no rosto dele.

—Não se preocupe, isso será resolvido no momento que tivermos um herdeiro. —Comentou, me fazendo encara-lo, perplexa.

—Um herdeiro? Eu e você? —Questionei, soltando uma gargalhada logo em seguida, vendo a expressão triunfante no rosto dele. —E o que te faz pensar que irei ter um filho com você?

—O que me faz pensar? —Ele riu, respirando fundo e erguendo o queixo. —Eu sou o príncipe, futuro rei do Reino Solar. Você vai se casar comigo, pela sua vontade ou pela minha. E quando tivermos um filho, farei questão de procurar tudo que estiver ao meu alcance para que ele saiba exercer o controle sobre as safiras.

—Eu não vou me casar com você. —Falei, balançando a cabeça em negação, enquanto sorria. —Você deve estar muito desesperado pra se casar, não é? Sou a sua segunda tentativa em poucos dias.

O sorriso dele morreu, revelando uma expressão de fúria. Engoli em seco quando ele se aproximou da cama, os passos como o de um predador.

—Você deveria ficar feliz. Ainda será rainha. Muito melhor do que viver nas ruas como um rato. —Ele tocou meu rosto, apertando meu queixo e me obrigando a olhá-lo. —E você não é do meu desagrado. Só precisa controlar essa língua e me dar um filho, sem causar problemas. Sua vida será muito boa.

—Prefiro morrer enforcada. —Declarei, vendo ele cerrar os olhos e soltar meu queixo de forma agressiva.

—Estou pouco me importando pro que prefere. —Ele se retirou, me deixando presa naquela cama, com o coração quase saindo pela boca.

[...]

Contei os passos, da porta até a cama com um dossel e cortinas cor de rosa, como os lençóis. O quarto era do tamanho de uma casa. Havia uma varanda imensa com vista para a cidade. Uma penteadeira com um espelho imenso que subia até o teto. Um closet cheio de vestidos rendados e floridos. Suspirei, caminhado até a pequena porta por onde eu podia ver a banheira.

—Está do seu agrado? —A mulher que me acompanhou até o quarto questionou, me fazendo virar para encara-la. Mas eu não conseguia falar. Meus lábios pareciam ter colado um no outro. Ela me encarou por alguns segundos, vendo que eu não pretendia falar. Não queria. —Sua alteza me passou as ordens para mantê-la trancada. Então, passarei a chave na porta.

De novo, não respondi. Eu não conseguia pensar. Não conseguia olhar pra todas aquelas coisas bonitas de princesas de contos de fadas. Não queria pensar em ter que dormir naquela cama com cor rosa e com cheiro de flores. Eu odiava rosa. Odiava o cheiro de flores. Odiava vestidos.

—Deixarei a senhorita a sós. —A mulher se retirou, me deixando ouvir o som da chave sendo passada na porta. Mas eu estava sufocando ali. Estava me sentindo queimar por dentro. Corri até a varanda, empurrando as portas e caindo de joelhos ao sentir o ar gélido da noite tocar meu rosto.

Inspirei fundo, com minha garganta e meus olhos ardendo, até as lágrimas caírem e molharem meu rosto. Puxei o ar com força, sentindo meus pulmões se enchendo. Mas pareciam haver paredes ao meu redor. Diminuindo e me pressionando contra aquele sentimento que estava me matando por dentro.

Me encolhi, com os rosto pressionado contra meus joelhos, o ar se tornando cada vez mais difícil de ser respirável. Meu peito doendo e se contorcendo a cada grito que ficava preso na minha garganta. Deitei no chão, com o corpo tremendo e implorando por qualquer coisa.

Meus olhos encarram o céu escuro. Tão escuro que as únicas coisas que brilhavam lá eram as estrelas. Meu peito se contorceu mais ainda enquanto eu encarava aquelas estrelas que pareciam brilhar cada vez com mais intensidade. Mas aquilo era a única coisa que me fazia ter certeza de que eu estava acordada.

Permiti me perder naquele céu noturno estrelado, que mais pareciam os olhos de Axel, sempre que ele olhava pra mim. Então meu corpo relaxou. Mas não ousei me levantar.



Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin