Capítulo 28: Os Guardiões.

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Trevis

—Isso é uma safira, não é? —Indaguei, me colocando de pé e analisando a pedra que parecia brilhar acizentada na minha mão. Era completamente fascinante.

—Porque diabos tinha uma safira dentro do seu livro? —Cedric indagou e nós dois encaramos Lyra, vendo ela branca como papel. —Fala alguma coisa, caramba!

—Eu... eu não sei. Não faço ideia. Esse foi o livro que Miriam me deu. Ela... ela... —Lyra se colocou de pé e arregalou os olhos. —Ela disse que esse livro me seria mais útil que os outros. —Lyra arrancou a safira da minha mão e a analisou. —Miriam estava com uma safira esse tempo todo.

—E porque ela deixou ela com você? —Questionei. —Pensei que todos queriam essas safiras.

—Parece que nem todos. —Lyra se sentou, ainda analisando a safira. —Miriam não queria elas. Ela escondeu uma e agora entregou a mim. —Ela começou a folhear o livro. Pude notar que metade dele eram páginas falsas, onde havia um suporte para prender a pedra. —Deve ter algo mais nesse livro.

—E o que vamos fazer com essa safira? —Cedric indagou, parecendo nervoso. —Não quero nem pensar no que poderia acontecer com a gente se fôssemos pegos com ela.

—Vamos chegar a Cidade do Porto. Depois pensamos nisso. —Lyra afirmou, voltando a atenção para o livro. Ela ainda segurava a pedra na mão. Tirei dela e a analisei, vendo a cor acinzentada.

—Do que acha que é? —Questionei a Cedric e ele deu de ombros. —Se são 4, então faltam 2 para serem encontradas.

Joguei a pedra para cima, pegando ela com minha mão de novo. Joguei ela de novo, brincando daquilo por alguns segundos. De repente o trem deu um solavanco, fazendo ela voar da minha mão para o chão. Me segurei no banco e arregalei os olhos quando ela bateu no chão e emitiu um brilho intenso, antes de explodir em uma onda de ar que fez nós três voarmos e batermos com a cara no teto. Cai sobre as pernas de Cedric e Lyra em cima de mim, com os livros caindo sobre nossas cabeças.

—O que foi isso? —Lyra se levantou rapidamente, me puxando para cima e deixando Cedric se levantar, catando a safira do chão. —Isso foi ela?

—Ar! —Cedric exclamou, girando a safira entre os dedos. —Acabados de encontrar a safira do ar.

—Isso é incrível! —Afirmei, tentando pegar a safira dele. Cedric ergueu a mão para o alto e negou com a cabeça. —O que que foi?

—Incrível e perigosa. Vamos deixá-la guardada para não arrumarmos confusão. —Ele jogou a pedra para Lyra e ela guardou dentro da mochila. Suspirei frustrado e comecei a catar os livros que haviam voado para o chão.

[...]

—Achou alguma coisa? —Cedric questionou, folheando o livro que Lyra havia lhe entregado. —Olha só, tem uma parada nesse livro. Mas não pode estar certo.

—Que parada? —Eu e Lyra questionamos juntos e Cedric fez uma careta.

Os cinco reinos da Dimensão Nascente: Reino Solar, Reino Cinzento, Reino Oceânico, Reino Lunar e... —Cedric abaixou o livro e nos encarou. —Reino Invernal? Isso não existe.

Reino Invernal? —Lyra questionou e Cedric  assentiu, fazendo uma careta. —Fala alguma coisa sobre esse reino ai?

—Fala que... —Cedric voltou a folhear o livro. —O Reino Invernal fica na parte mais afastada do continente. Em uma ilha coberta de neve o ano todo. Conhecido por seu fascínio por magia das trevas e por ser a entrada do famoso Mundo Inferior, portal para as outras dimensões. A muitos anos foi julgado por sua utilização inapropriada de magia, quando a rainha invernal tentou criar novos portadores, usando magia negra. Mas seu desejo acabou se tornando sua maldição. As terras se tornaram sombrias e a magia desapareceu. Hoje, essas terras são inexploradas. Vivendo sobre a escuridão, seus residentes viraram fantasmas e foram esquecidos, assim como tudo relacionado a eles.

Terras esquecidas... —Lyra murmurou, como se estivesse pensando longe. —Devlon falou que os guardar enforcados estavam delirando. Que haviam sido contaminados com alguma magia sombria enquanto procuraram pelas safiras.

—Ele acha que a magia que contaminou eles veio dessas terras? —Indaguei e ela assentiu. —Então, temos cinco reinos atrás das safiras? E um deles é...

—Ligado as trevas. —Cedric completou e eu fiz uma careta. Aquilo não estava me agradando nem um pouco.

—Bem, é o que parece, não é? —Lyra comentou, voltando a erguer o livro onde a safira estava escondida. —Certo, temos bastante informações. E até agora nada está fazendo sentindo. Mas achei outra coisa aqui. Provavelmente o motivo para Miriam ter me entregue a safira.

—Qual? —Eu e Cedric perguntando juntos e Lyra suspirou.

As safiras foram criadas a muitos milênios, por seres portadores das quatro magias originais, fogo, terra, água e ar. Cada uma delas com a intenção de guardar o poder deles. De conjura-los quando fosse desejado. —Lyra virou a página, enquanto a encarrávamos. —Eles tinham a intenção de usá-las para um bem maior. Para proteger o reino e seus moradores. Mas quando todos em terra souberam da existência delas, uma guerra foi travada pela posse de cada uma das quatro safiras. Vendo o que estava acontecendo, os quatro seres se juntaram e decidiram que precisavam proteger as safiras. Juntos, eles criaram um grupo conhecido como Os Guardiões. Quatro seres imortais que dariam a vida para proteger o poder das safiras. Ano após ano. Década após década. Eles juraram protegê-las.

Lyra fechou o livro e encarou nós dois com a testa franzida e uma expressão confusa. Pela cara dela e de Cedric, nenhum dos dois havia ouvido falar desses tais guardiões. E eu muito menos.

—Isso não está fazendo sentido. Se esses guardiões deveriam proteger as safiras. Porque agora temos todas elas dando as caras por aí? —Cedric questionou. —E onde diabos estão esses guardiões?

—Talvez a resposta esteja aqui. —Lyra tombou a cabeça para o lado e puxou um mapa que havia escondido dentro do livro. Ela abriu o mapa e o estendeu no chão. Apontei para uma ilha ao sul, repleta de neve.

—Reino Invernal. —Cedric comentou. —Essa ilha não aparece nos outros mapas. Pelo menos eu nunca vi.

—Eles foram apagados da existência, praticamente. —Lyra completou e então analisou o mapa, apontando para um ponto em uma floresta. Um símbolo que parecia um quatro. —Quatro? Quatro guardiões. —Ela ergueu os olhos até nós. —Acho que já sei pra onde vamos.



Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora