Uma Conjuração de Magia / Vol. 1

Capítulo 58: Livro das Revelações.

Fiquei parada ao lado de Axel, enquanto Kenji caminhava lentamente e se sentava em uma cadeira de frente para a mesa em que uma mulher de cabelos vermelhos estava sentada. Nós estávamos em um escritório. Havia um sofá no canto, e várias estantes de livros e outros objetos estranhos, como armas.

—A que devo a honra dessa visita. —Ela cantarolou, olhando para Kenji com um sorriso falso. —Faz muito tempo desde a última vez.

—Estamos ocupados, sabe muito bem disso. —Kenji respondeu, batucando a mão na mesa. —Vamos deixar a bajulação de lado, Astrid. Estamos procurando as safiras. Quero saber onde estão as outras.

—Outras? Então é verdade, vocês já possuem duas delas. —Ela puxou um papel da mesa, revelando o prêmio pelas nossas cabeças. — 2 mil moedas de ouro. Achei que alguém como você valia mais.

—O que Devlon andou espalhando é mentira. Ele ficou com uma das safiras. Mas pelo visto não a entregou para o rei soltar. —Kenji esclareceu e os olhos de Astrid brilharam.

—Um traidor... Interessante. —Murmurou, com algo cintilando em seus olhos. —Então, que safira está procurando agora?

—Do ar. É a única que está desaparecida ainda e que não tivemos notícias. —Kenji se escorou na mesa e sorriu pra ela. —Sei que você pode descobrir onde ela está.

—Posso, mas sabe que tem um preço, não é? —O sorriso dela se tornou maior.

—Ouro não é problema pra mim. —Kenji respondeu e eu revirei os olhos. Ele e Axel me deixavam confusos com tantas moedas de ouro.

—Quem é ela? —Sussurrei para Axel e ele respondeu sem me olhar.

—Mago. —Eu olhei para a mulher de cabelos vermelhos, que se colocava de pé. A mesma deu a volta na mesa e caminhou até o canto da sala, aonde havia uma estante de livros.

—Kenji, você sempre foi meu favorito, sabia? —Ela puxou um dos livros e eu escutei um estalo. A estante de livros começou a se mover para o lado, revelando uma escada que dava para uma sala secreta. —Axel, você está famoso.

—Estou roubando a sua popularidade. —Axel respondeu e ela riu, apontando para que entrássemos na sala atrás dela. Segui Axel e Kenji, vendo que a sala parecia uma casa antiga de bruxa. Haviam frascos com ervas e insetos. Animais mortos por todo lado. As paredes eram repletas de livros e alguns objetos. Engoli em seco, sentindo um cheiro forte invadindo minhas narinas.

—Vamos ver, vocês querem a localização da safira do ar. —Ela cantarolou, andando por aquela sala. Observei Astrid pegar um livro e o abrir em uma mesa. As letras eram em uma letra antiga que eu não conhecia.

—O que é isso? —Questionei e ela ergueu os olhos até mim. Astrid me avaliou, olhando para Axel no segundo seguinte.

—Quanto tempo faz desde a última vez, Axel? Você é sempre rápido. —Murmurou, como uma provocação, me deixando confusa. —O livro das revelações. Uma das relíquias das dimensões. —Respondeu, voltando a olhar para o livro. Agarrei o braço de Axel quando ela começou a ditar as palavras em voz alta. Uma magia roxa começou a sair dela, criando letras e desenhos. —Interessante.

—O que é interessante? —Kenji questionou e ela sorriu, estalando os dedos e fazendo a magia sumir.

—Reino Lunar, Cidade das Estrelas. —Astrid fechou o livro, batucando os dedos na capa. —E ela já esta em jogo.

[...]

Lá estava eu, no meio daquelas pessoas que fediam a álcool e pareciam estar fora da realidade. Depois de conversar com Astrid, Axel e Kenji resolveram passar a noite aqui e como eu estou com eles, tive que me misturar a isso.

—Porque precisamos ficar aqui mesmo? —Indaguei Axel, vendo ele virar um copo com um líquido estranho na boca.

—Você alguma vez se divertiu na vida, Kay? —Kenji questionou, se colocando ao meu lado no bar. —Beber, dançar, relaxar...

—Se divertir. —Axel completou e eu revirei os olhos, negando com a cabeça.

—Gente como eu não tem tempo pra se divertir. Além disso, nossas cabeças estão a prêmio, esqueceu? —Empurrei o ombro de Kenji e ele riu, mostrando que aquilo não o importava nem um pouco.

Pra ele e Axel era fácil. Os dois tinham poderes e podiam se defender facilmente. Mas eu era só uma moradora de rua com uma espada pesada em mãos e o azar como companheiro. Encarei Kenji confusa, quando ele segurou minha mão e apontou para a pista de dança.

—Ficou maluco? —Balancei a cabeça negativamente, enquanto ele me puxava até lá. —Kenji, eu não sei dançar!

—Você já dançou comigo, esqueceu? —Ele me puxou para o meio de todo aquele caos. Pessoas, criaturas, música alta e luzes piscando sem parar. Quando eu vi já estava lá, com Kenji com as mãos na minha cintura ditando meus movimentos. Sorri ao ver que ele estava completamente animado e nada bêbado. A música começou a ficar mais animada e as luzes a piscarem mais, deixando o ambiente com uma atmosfera diferente. As vezes eu mal conseguia ver as pessoas envolta de nós, pela escuridão da pista. E outras só via suas silhuetas balançando com o ditar da música.

Me encolhi quando outra mão tocou minha cintura, fazendo Kenji se afastar. Meu corpo ficou tenso, até eu sentir as sombras de Axel deslizarem pelo meu pescoço. Kenji sorriu na minha frente, se virando para dançar com uma daquelas fadas de cabelo rosa, super atiradas. Mas era pra isso que elas estavam ali.

—Resolveu se divertir, Kay? —A respiração de Axel bateu no meu pescoço, me fazendo sentir um calafrio na espinha. Minha boca secou as sentir suas mãos percorrendo minha cintura. Ele girou meu corpo, me fazendo ficar de frente pra ele, com nossos corpos colados um no outro e nossos narizes se tocando. —Por favor, tente não me machucar por isso.

Então a boca dele cobriu a minha, com os lábios se abrindo para explorar os meus. Axel soltou um gemido quando abri meus lábios pra ele e nossas línguas se encontraram. Agarrei sua jaqueta, me segurando a ele, quando uma de suas mãos infiltrou nos meus cabelos, onde ele puxou sem cuidado algum. Mordi seu lábio como resposta o que o fez se afastar de mim, me encarando com uma intensidade que me fez estremecer.

—Você está tornando as coisas muitos difíceis pra mim, Kay. —Afirmou, grudando os lábios nos meus de novo.

Continua...