Capítulo 63: Uma Conjuração de Magia.

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Diana

Agarrei o braço de Lyra, vendo a coisa flutuar no ar como magia e sorrir para nós quatro, mostrando dentes brancos e muito, muito afiados.

—Quem é você? —Cedric questionou, se aproximando de Trevis, que parecia estar à beira de um colapso.

—Um mero observador. —A coisa respondeu, com uma voz que dava calafrios. —Vim recebê-los e levá-los até o... mestre. —Ele completou, com certo desgosto. —Fizeram uma longa viagem. Devem estar cansados e com fome.

—Quem é seu mestre? —Lyra questionou. —Um mago?

—Mago? —A coisa riu, exibindo mais os dentes. —Cuidado com as histórias que ouvem, crianças. Nem sempre são verdadeiras.

—O que quer dizer? —Dessa vez foi eu quem perguntei, vendo os olhos da criatura se voltarem para mim. Ele sorriu.

—Muitas perguntas, princesa. E uma história maior ainda. —Ele se virou, desaparecendo na escuridão da caverna. —Me acompanhem, se quiserem as respostas.

Trocamos olhares, tentando decidir qual a melhor coisa a fazer. Mas tínhamos ido até ali. Não podíamos simplesmente ir embora sem respostas. Então, como não tivemos outra alternativa, o seguimos.

[...]

Quanto mais fundo íamos na caverna, mais a escuridão tomou conta de nós. A coisa que nos levava ficava sempre escondida nas sombras. Engoli em seco, sentindo algo acariciar meus braços. Me aproximei mais de Lyra, levando a mão até a dela. Ela virou o rosto pra mim. Me encarando surpresa, com os olhos violetas arregalados.

—Por aqui. —A voz da criatura soou de novo. Uma claridade mostrou que havia um tipo de passagem ali, para uma cômodo. —O mestre os espera.

A criatura sumiu na escuridão, nos deixando sozinhos ali. Mordi o interior da bochecha, apertando os dedos de Lyra entre os meus. Se eu a estava machucando, ela não reclamou. Cedric empurrou o que parecia ser uma porta. Fechei os olhos quando a claridade envolveu meus olhos. Assim que eu os abri, aos poucos, tentando me acostumar com a claridade, pude ver que era uma sala.

Havia um par de sofás velhos. Uma lareira acessa. Uma pequena mesa, perto do que parecia ser uma cozinha. As paredes eram de pedra, em um formato meio circular. Havia uma porta de madeira e ao lado, uma escada também de pedra.

Cedric foi o primeiro a entrar. Seguido por Trevis, Lyra e por último eu. A porta se fechou atrás de mim, fazendo o baque assustar nos quarto. Viramos o rosto para a porta fechada e assim que voltamos a olhar pra sala, havia um homem no final da escada. Ele parecia ter uns 30 anos. A pele pálida. O nariz e as bochechas finas. Longos cílios que escondiam olhos esmeraldas. E os cabelos, negros como asas de corvos.

—Olá, crianças. —Comentou, com certa naturalidade. Seus passos vieram em direção a nós, e ele parou a alguns metros. —Lyra, Trevis, Cedric e a recém incorporada na equipe, princesa Diana.

—Como sabe nossos nomes? —Questionei. Eu jamais havia revelado meu nome a ninguém. A não ser as três pessoas ao meu lado. Um ato de confiança. Já que pelas tradições, os nomes dos membros da realeza devem ser guardados a sete chaves.

—A coisa lá fora me disse. —Ele se virou em direção a cozinha, pegando um pequeno caldeirão e o enchendo de água. —Um Lusion, se preferem a denominação correta. Uma das espécies que faz parte das Criaturas das Sombras.

—Dotado de sabedoria. —Lyra comentou, enquanto seguíamos o homem com os olhos. Ele levou o caldeirão para cima das chamas da lareira. —Não pode ver o futuro. Mas sabe de tudo que já aconteceu no passado e que está acontecendo no presente.

—Exato! —Ele se virou, com um sorriso de concordância. —Alex, é um prazer conhecer vocês, finalmente.

—Finalmente? —Cedric olhou pra nós, antes de voltar a atenção pra ele de novo. —O Lusion disse que estávamos vindo até aqui?

—Ele me disse muitas coisas. —Alex comentou, se colocando de frente pra nós de novo. —Sei porque estão aqui. Sei que tem perguntas e principalmente, estão atrás dos famosos Guardiões.

—Sabe onde eles estão? —Lyra questionou, dando um passo à frente. —Todos estão atrás delas. Os Guardiões foram criados pra proteger as safiras. Eles tem a obrigação de protegê-las. Onde eles estão? Você sabe?

—Lyra! —Cedric chamou, como um alerta pra que ela parasse de falar. Alex estava encarando ela com um sorriso mínimo do rosto, como se entendesse o desespero das suas perguntas.

—Proteger as safiras? —Alex balançou a cabeça negativamente. —A história que você leu naqueles livros está errada, Lyra. Os Guardiões nunca foram criados para proteger as safiras. Eles foram criados pra proteger o mundo de outra coisa.

—Que coisa? —Questionou de novo. —Os magos...

—Não existem magos. Magos não podem criar um ser imortal como os Guardiões. Eles tem um vasto conhecimento de magia, sim. Podem criar magias e dita-las com uma facilidade impressionante. Podem sentir a magia dos portadores. Mas eles não fazem parte disso. —Ele negou com a cabeça. —Os magos foram uma adição falsa a história. Para esconder a verdade de tolos inocentes.

—O que quer dizer? —Foi Cedric quem questionou, parecendo ficar mais curioso que Lyra.

—Eu estou querendo dizer, que as histórias contadas e lidas estão erradas. —Ele voltou a andar, olhando pra nós quatro com um sorriso. —Os Guardiões foram criados por uma raça a muito tempo extinta. Criados para proteger nosso mundo do mal.

—Quem? Que raça criou eles? —Lyra perguntou de novo.

—Conjuradores. —Os olhos dele pareceram brilhar com magia. —Os percursores do mundo como ele existe hoje. Donos dos quatro elementos da natureza. Os criadores das safiras e dos Guardiões. —A voz dele ficou mais baixa, como se ele tivesse medo de ditar as palavras e voz alta. —Os únicos capazes de realizar uma conjuração de magia.


Continua...

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Where stories live. Discover now