Capítulo 18: Navio.

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—Eu te dou dez moedas de outro para levar eu e a garota no seu navio. —Axel soltou o montinho de moedas em cima da mesa, na frente do elfo com cara de poucos amigos. Ele encarou as moedas e depois Axel.

Nós havíamos visto ele desembarcando mais cedo do seu navio. E quando questionamos um dos marujos, eles explicaram que ele era o capitão.

—Meu navio não transporta pessoas. Só mercadorias. —Falou simplesmente. Olhei para Axel e vi ele enfiar as mãos no bolso da jaqueta e puxar mais moedas de ouro, as soltando ao lado das outras.

—Eu posso simplesmente obrigá-lo a isso. Mas estou sendo generoso e te dando 20 moedas de ouro agora. —Axel falou, com a voz mais afiada do que lâminas.

—50 moedas de ouro, já que está disposto a aumentar. —O elfo propôs e Axel soltou uma risada irônica, antes de negar com a cabeça.

—20 moedas. —Axel prosseguiu e lançou um olhar mortal a ele. Meu corpo estremeceu, mesmo que aquilo não tivesse sido dirigido a mim. O elfo engoliu em seco e pegou as moedas. —Foi bom fazer negócio com você.

Axel se virou e saiu andando em direção ao navio. Olhei para o elfo, vendo ele seguir Axel com os olhos. Engoli em seco e me virei para seguir ele. Suas sombras ainda estavam escondidas, mas ele amedrontou o elfo com apenas um olhar.

Segui Axel até ele ir em direção a rampa para subir no navio. Ninguém disse absolutamente nada quando ele entrou. Eu percebi que todos olhavam para onde o capitão estava, como se perguntassem se aquilo era permitido. Não ousei olhar para trás e encontrar o olhar de descontentamento do elfo. Mas com 2o moedas de ouro eu já estava feliz da vida.

Olhei uma última vez pra Cidade do Porto. Aquele era o lugar que eu gostaria de morar. Mas agora que estou aqui preciso ir para outro lugar. Isso é praticamente um pesadelo. Ainda estou tentando entender como consegui vir parar nessa confusão toda.

—Escuta. —Parei na frente de Axel, interceptando ele quando já estávamos a bordo. Ele arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços na frente do corpo. —A próxima está na Cidade Marítima. Mas ainda vão faltar duas. Você sabe onde elas estão também?

—Não sei. —Afirmou, me circulando e indo até a ponta do barco para olhar o mar. Axel puxou a touca da jaqueta e colocou sobre a cabeça. —Mas vamos dar um jeito de achá-las também.

—Como? —Indaguei, parando ao lado dele e o mesmo revirou os olhos. —Custa responder?

—Vamos dar um jeito. Apenas isso. —Afirmou e virou o rosto para o outro lado. Bufei e pude jurar que ouvi ele rir.

[...]

Uma hora depois, quando o sol estava no topo do céu, o navio já havia entrado em alto mar. Suspirei um pouco frustrada, olhando para a imensidão azul. Eu queria ser pirata, não isso. Axel estava entocado em algum lugar. Ele mal respondia qualquer coisa que eu ousava perguntar.

—Ei, gracinha, o que faz aí sozinha? —Ouvi a voz de uma mulher perguntar e não me dei ao trabalho de olhar para trás. Continuei escorada na lateral do barco, com o queixo tocando a madeira. —Estou falando com você!

Me sobressaltei quando ela tocou meu braço. A mulher estava a centímetros de mim. Tinha longos cabelos loiros e olhos azuis. Me encolhi e fiz uma careta.

—O que foi? —Indaguei, talvez um pouco rude demais. A mulher fez uma careta parecendo ofendida e cruzou os braços.

—Eu estava falando com você. —Esclareceu, como se fosse óbvio.

—Pode falar sem me tocar. —Retruquei, me virando para olhar o mar de novo. —Só estou pegando uma carona. Nada demais.

—Entendi. —Ela murmurou e eu virei o rosto quando ela se aproximou de novo. Prendi o ar quando senti Axel do meu lado, o que fez a mulher parar de andar.

—Eu pensei ter ouvido ela dizer que não queria ser tocada. —Murmurou e a mulher piscou. —Mas pareceu que você iria fazer isso de novo, mesmo sem o consentimento dela.

—N-Não. Eu só... —Ela parou de falar e deu um passo para trás. —Só estava curiosa.

—Ja matou sua curiosidade. Agora pode ir. —Axel retrucou e ela abriu um sorriso nervoso, antes de virar as costas e sair andando para o outro lado do barco.

—Não precisava ter feito isso. Eu sei me cuidar sozinha. —Me afastei dele e voltei a olhar para o mar.

—É, já tive prova disso. —Axel afirmou em um tom totalmente debochado, que me fez revirar os olhos. —Você tem a estranha mania de revirar os olhos.

—E você de estalar a língua sempre que eu pergunto algo. —Rebati e ele estalou a língua como uma provocação. Então eu revirei os olhos em resposta.

—Você é sempre curiosa? —Questionou, se escorando no barco e olhando para o mar.

—Só com idiotas que ficam em florestas assustando os outros. —Afirmei e ele soltou uma risadinha, como se aquilo fosse algo há se gabar.

—Eu precisava de algo para me divertir naquela cidade estranha. Tudo lá é... —Axel fez uma careta. —A tantos de você pelas ruas. Mas o rei parece não ver nada disso. Além do mais, todos que idolatram ele só pensam nas merdas das moedas que vão ganhar com isso. É completamente ridículo.

—Bem vindo a realidade. —Zombei e ele bufou.

—Isso não é a realidade, Kayla. As coisas ficaram assim porque vocês deixaram chegar a esse ponto. —Afirmou e eu soltei uma gargalhada.

—Nos deixamos chegar a esse ponto? Em que mundo você vive, Axel? O que pessoas como eu poderiam fazer? Não sei se sabe, mas basta erguer um dedo para retrucar o rei que nós ganhamos uma corda para passar no pescoço. —Declarei, um pouco irritada. —Vocês, que possuem dinheiro, é que podiam fazer algo e não fazem.

—Eu estou fazendo a minha parte. —Axel murmurou e eu arqueei as sobrancelhas.

—Encontrando todas as safiras? Estou realmente curiosa pra saber o que diabos você quer com elas. —Afirmei e ele estalou a língua de novo.

Maldito gesto!

—Não estou pagando você para fazer perguntas. —Afirmou e eu balancei a cabeça descrente.

—Você não está me pagando pra nada por enquanto! —Retruquei e ele virou o rosto para me observar. Suspirei com o olhar sério dele e virei as costas para me afastar. Nós dois ainda vamos nós matar até o final dessa viagem.




Continua...
....
Próximo cap é narrado pela nossa fadinha.

Uma Conjuração de Magia / Vol. 1Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon