Capítulo 11

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TH narrando

Chegamos na casa e ela estava impecável, mais uma vez eu me via agradecendo. A morena observava cada detalhe com curiosidade.

- Vou tomar um banho, fique a vontade. Se quiser banhar, há banheiros lá em cima e toalhas limpas nos armários, pode pegar alguma roupa minha caso queira, é o último quarto -Anitta apenas consentiu e eu me pus a subir os degraus da escada-

A água gelada escorria rapidamente pelo meu corpo. Queria que meus pensamentos descessem pelo ralo junto com ela. Após alguns minutos ali debaixo, ouvi um barulho. Conclui que era Anitta pegando alguma camisa ou algo do tipo.
Sai do banheiro depois de um longo tempo, com uma toalha enrolada na cintura fui procurar uma roupa para vestir.
Me limitei em vestir a cueca e uma calça tactel preta, estendi a toalha no banheiro e desci as escadas a procura da morena.

Não a vi na sala e nem ao redor, comecei a ouvir burburinhos vindos da cozinha e andei depressa até lá. Quando cheguei na porta parei de uma vez não acreditando que eu pensei que Antônia pudesse ser alguém que estava atrás de mim ou de Anitta. Sorri observando as duas tagarelas e minha presença então foi percebida.

- Ah meu rapaz, como você está forte- Antônia disse vindo em minha direção-
- Cresci um pouquinho -sorri a abraçando e beijando sua testa-
- Não sabia que traria a namorada, eu vim fazer comida para você, sei que você não o faria -disse me observando-
- Ah, você é a melhor pessoa desse mundo Antônia, mas ela -apontei com a cabeça para Anitta- Não é minha namorada.
- Como não? -perguntou e eu sorri-
- Ela é uma amiga -disse me sentando de frente para Ane que apenas concordou com a cabeça- Vejo que já se conheceram
- Claro, ela é uma moça especial -sorriu- Estávamos falando de você
- Estavam? -perguntei olhando para Anitta-
- Sim, achei que nunca mais fosse sair do banho. Ela me contou como você é um cara incrível e trabalhador.
- É mesmo Anitta? -perguntei rindo, ela nunca assumiria isso pra mim-

Vi seus olhos se revirarem e ela me deu um leve tapa no braço.

- E como andam as coisas por aqui? -olhei para Antônia-
- Ah meu filho, a mesma coisa de sempre, mas teve movimentação há umas duas semanas. Eram homens com roupas padrões e botas pretas, todos muito sérios. Você não fez nada de errado ne?
- Não Antônia, eram conhecidos do meu pai.
- Entendi -sorriu- Eu fiz aquele macarrão que você tanto gosta, mas agora preciso voltar para minha pequena Lili
- Tudo bem, quer que eu te leve?
- Não, vá comer, Anitta estava esperando você, devem estar com fome. Bom apetite -sorriu e me deu um beijo na bochecha repetindo o gesto com Ane-
- Obrigada pelo macarrão Antônia -eu e a morena dissemos juntos-

- Desde quando se conhecem? -Anitta perguntou voltando seu olhar pra mim-
- Desde pequeno. Vamos comer?

Ela apenas assentiu e nós comemos em silêncio, depois subi e escovei os dentes. Quando desci vi a morena apenas com minha camisa, e parte da sua bunda a mostra pois um de seus braços estava levantado na intenção de pegar o controle no painel da tv.
Queria não focar naquela cena mas a cada degrau que eu descia mais atento eu ficava.

- Deixa que eu pego pra você -eu disse perto de seu corpo enquanto abaixava o braço dela de leve, seus olhos vieram de encontro aos meus- Tem que tomar cuidado com sua roupa -tentei não ser indiscreto-
- Desculpa- abaixou o braço rapidamente e suas bochechas ficaram coradas-

Sorri instantaneamente quando percebi que ela havia ficado com verhonha, isso era quase um milagre.

- Para de rir de mim -voltou a pose séria e eu sorri mais-
- Toma -entreguei o controle- Eu tenho bermudas também -disse zombeteiro e fui rumo ao sofá-
- Só não tem que serve em mim ne -ela revirou os olhos e se sentou por perto-
- Tem razão, você é muito pequena- soltei a bomba e esperei a fúria-
- Você é um cretino, eu tenho uma ótima estatura se você quer saber.
- Claro que sim -disse e ri-
Anitta me atirou uma almofada e bufou.

Depois que o silêncio se fez presente, eu apenas esperei pelo interrogatório, e não demorou muito para começar.

- Quam eram aquelas pessoas? -Anitta perguntou tirando sua atenção da tv e voltando para mim-
- Eram conhecidos do meu pai, trabalharam juntos.
- Não sabia que seu pai era da CIA
- Ele entrou novo, passou a maior parte da vida dele fazendo isso, pra no fim... -parei de falar-
- Pra no fim?
- Ele morreu em uma das missões, mas não foi pela mão de ninguém fora da CIA, eles deviam fazer um policiamento maior. Aquele que meu pai acreditava ser o amigo mais próximo dele o traiu, foi comprado por um criminoso que está solto até hoje.
- Eu sinto muito Th -ela disse baixo-
- Já passou -disse tentando convencer a mim mesmo que de fato, tinha passado-
- Não passou não, você sente ainda, eu sei. Você não me engana com esse teatro mal feito de quem deu um tiro no pé e saiu andando como se não estivesse doendo. Perder o pai é pesado pra qualquer um, você não tem que fingir que não sente.
- Eu senti por muito tempo Ane, senti tanto que me dilacerava. Eu aprendi a esconder porque de nada adianta eu sofrer agora. Ele já se foi, não tem volta.

Anitta se sentou do meu lado com as pernas cruzadas e segurou no meu rosto, olhou no fundo dos meus olhos.

- Tudo bem, ele se foi mas você tem muitas pessoas que se importam com você aqui, sabe disso ne? -sorriu carinhosa-
- Eu sei -a encarei- Me desculpe por hoje, você ficou aflita e não tinha nada a ver contigo. Meus problemas devem afetar somente a mim e não a você, sinto muito.
- Está sendo frio e profissional, não haja assim comigo depois de ter me contado o que contou.

Seus olhos castanhos eram hipnotizantes, desviei o olhar para sua boca rosada e antes que eu fizesse alguma besteira fechei meus olhos e apertei-os respirando fundo.
Eu não podia me envolver. Não podia.

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora