Capítulo 42

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Th narrando

Eu sempre me surpreenderia com Anitta, não tinha uma só parte da sua vida que não me fascinava ou me deixava no mínimo tenso.
Nesse exato momento eu observava suas mãos deslizando pelas suas pernas enquanto espalhava creme. Quando ela se virou me pegou no flagra.

- Fica me observando assim sempre? -perguntou enquanto vestia seu vestido e puxava com facilidade o zíper em suas costas-
- Gosto de observar você, é um problema? -ela negou com a cabeça- Maldita facilidade que você tem pra fechar essas roupas hein -ouvi sua risada-
- Qual o problema?
- Eu não reclamaria se tivesse que fechar todas elas pra admirar essa bela bunda que você tem -ouvi ela rindo mais e sorri-
- Não quero que me ajude a vestir Th, quero que tire -disse provocante e saiu do quarto-
- Aaaah, volta aqui Anitta -chamei já me levantando sabendo que ela não voltaria-

Cheguei a cozinha e encostei meu corpo no batente da porta a olhando beber água.

Assim que terminou ela direcionou o olhar para mim e deu um sorrisinho de lado.
- Gosta de me provocar ne? -perguntei cruzando os braços e sorri-
- É bom ver você perdendo a linha, não acontece com frequência, gosto de desafios -disse me encarando-
- Se aparecer um cara mais controlador e desafiante do que eu então... -ela me interrompeu rindo e vindo em minha direção-

Assim que chegou bem perto de mim, apoiou uma de suas mãos na minha barriga e aproximou sua boca do meu ouvido

- Acontece que eu te amo loirinho, não da pra te trocar

Dito isso ela simplesmente se afastou, abriu a porta atrás de mim e saiu a fechando sem que eu conseguisse a impedir.
Maldição, eu não sabia se parava pra analisar o que ela disse ou se corria pra vestir a merda de uma roupa e ir atrás dela porque só de cueca não ia rolar.
Resolvi ligar para João

- Alô
- Anitta está saindo, cuide dela e me passe todas as informações, logo estarei indo atrás dela
- Pode deixar

Desliguei a chamada e fui tomar um banho. Essa mulher ia me enlouquecer.
Depois de estar devidamente limpo e vestido me informei da localização de Anitta e fui atrás da mesma.

Mesmo que eu negasse prontamente o quanto ouvir ela dizer que me ama me deixava feliz, o sorriso no meu rosto não negaria tal fato. Eu estava perdido por Anitta e a cada dia que passava eu só queria me perder mais e mais.

Eu a encontrei no banco no meio da praça. Aquela praça.
Não havia muitas pessoas por ali, mas havia alguns carros transitando nas ruas envolta.
Quando eu estava próximo o suficiente ela ergueu o olhar e me encarou por alguns segundos. Me sentei do seu lado e sem dizer uma palavra esperei que ela se pronunciasse.

- Eu só precisava de um tempo comigo, me desculpe
- Podia ter pedido
- Eu gosto da sua companhia, mas é que antes de estar contigo eu preciso pegar um ar puro pra não perder todo meu fôlego e acabar na sua cama -disse e sorriu me olhando-

Eu estreitei meus olhos e acariciei seu rosto.

- Eu amo você -disse sem deixar de olhá-la e ela permaneceu calada-
- Acha que isso vai dar certo? -voltou a olhar para frente-
- O que?
- Nós dois
- E por que acha que não?
- Não foi o que eu disse -corrigiu-me rapidamente- Eu quero que dê certo, mas a gente não tem o controle de tudo nas mãos
- Mas podemos tentar

Ela ficou em silêncio por um momento.

- Ele já foi meu namorado -disse do nada e não precisou citar nome pra eu saber que era do Marcelo que ela falava-

Não ousei perguntar nada porque se ela nunca tinha tocado nesse assunto é porque algo a machucava, então apenas esperei ela falar quando se sentisse a vontade pra isso.

- Ele pretendia entrar pro exército, mas não podia pois tinha uma filha pequena e não confiava em deixar ela com ninguém. A gente se amava, e eu me propus a cuidar dela enquanto ele realizava seu sonho. Nós sempre nos víamos quando dava e a menina ia crescendo e nós duas nos tornando grandes parceirinhas a medida que o tempo ia passando. Alice tinha dois anos quando quatro homens invadiram a casa em que estávamos. Eu tentei evitar que levassem ela, mas não comseguia lidar com quatro brutamontes -respirou fundo e passou as mãos no rosto- Levaram ela Th, nós fomos atrás deles mas a única coisa que encontramos foi a pequena Alice morta, ensopada com seu próprio sangue -as lágrimas começaram a descer com mais rapidez e eu segurei sua mão- Eu prometi que protegeria e cuidaria de Alice -a abracei forte dando um beijo no topo de sua cabeça-
- Não tem como prever esse tipo de coisa Anitta, não foi culpa sua, não tem nada a ver com você
- Eram de uma facção, não conseguimos descobrir de qual ou qual era o objetivo deles, eles acabaram com a vida do Marcelo e a princípio com a minha
- Ele não te culpa por isso, ninguém faria isso
- Eu faria

Ouvir aquilo me quebrou no meio, eu não sabia o que falar pra convencer ela de que estava tudo bem, aquilo não era do controle dela, foi uma tragédia sim, mas não havia o que fazer naquele momento.

- Ei, olhe pra mim -a soltei e segurei seu rosto- Assim como nós não temos controle sobre nós dois, você não tinha controle sobre aquilo, não dava pra evitar porque não havia como você medir forças com quatro homens treinados
- Eu sei, mas a sensação é tão devastadora, é como se ela tivesse morrido em minhas mãos e eu não pude fazer nada -seus olhos cheios de lágrimas eram com certeza meu ponto mais fraco- Depois disso eu entrei em depressão profunda, sumi da vida de Marcelo e meus irmãos se encarregaram de não deixar com que ele chegasse até mim. Foi a pior época da minha vida, minha família tentava a todo custo me trazer para a realidade de novo e eu me sentia cada vez pior por ter que fazer eles passarem por essa situação. Até que começou a dar certo, eu sou a pessoa mais sortuda desse mundo, por ter a família que tenho e por ter encontrado você que também me deu um choque de realidade e firmou meus pés no chão.
- Eu nunca deixaria você afundar -disse a olhando e a puxei de novo envolvendo meus braços em volta do seu corpo-

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora