Capítulo 77

613 76 1
                                    

Anitta narrando

Acordei com uma dor de cabeça terrível, semelhante a que senti nos dias que passei no hospital.
Levantei meio zonza e me apoiei na parede esperando que minha visão focasse de novo e eu pudesse voltar a andar.

O quarto estava consideravelmente escuro, apesar disso consegui me guiar com um pouco de dificuldade e cheguei ao banheiro.

Acendi a luz sentindo meus olhos arderem e os fechei instantaneamente.
Tinha algo errado. Aquela dor de cabeça podia ser considerada a pior de todas facilmente, só de movimentar a cabeça em ritmo normal ela doía mais.
Apoiei na pedra da pia e me olhei no espelho tentando assimilar o que havia acontecido ontem, talvez a dor de cabeça cortante fosse fruto de algum acontecimento do dia anterior.

Uma pontada de dor surgiu do lado esquerdo da cabeça e eu involuntariamente levei a mão no lugar mordendo a boca para evitar o grito de dor.

Uma cena me atingiu em cheio

- Eu não disse que quero ser considerado, isso me tira alguns privilégios -Th disse para mim na cozinha-
- Que privilégios?
- Esses -o loiro pronunciou antes de me beijar-

Ouvi o bip do celular e olhei para trás. Parte do quarto agora era iluminado pela luz do banheiro. Vi a telinha brilhar e me movimentei devagar para ver do que se tratava.

As mãos na cabeça evidenciavam o nível de dor e eu me perguntava o que tinha sido aquilo. Será que eu me lembrara de algo? Me animei com a hipótese e olhei para a tela do celular que quase gritava o nome de Th.

- Oi -pronunciei fraco-
- Tudo bem? -Th percebia as mudanças até no meu tom de voz-
- Eu não sei, acordei com uma dor de cabeça terrível
- Quer que eu leve algum remédio? Pode ser que ajude
- Ta, claro. Pode ser -falei sem pensar muito-
- Muitas afirmações pra uma só pergunta, está sentada? Tentou comer algo?
- Th, me conta de novo como foi nosso primeiro beijo -pedi sem responder suas perguntas-
- Ane, eu posso te contar uma outra hora se quiser
- Não, eu quero agora -ele ficou em silêncio por alguns segundos-
- Resumidamente eu te segui até a cozinha e te beijei -anunciou- Pode me dizer se comeu algo?
- Falamos algo sobre você ser considerado da família?

O silêncio novamente se fez presente

- Como sabe disso? -a pergunta soou mais intensa e eu sorri de leve-
- Ouvi algo a respeito -murmurei não tendo total certeza do que acontecia ali e sem querer criar expectativas falhas nele-
- O que? -indagou num súbito-
- Está vindo para cá? -desconversei-
- Agora mesmo, se achar que deve ir ao hospital se arrume e eu te levo

Sentei na beira da cama tentando entender o que se passava pela milésima vez hoje e outra cena se formou.
Nessa eu via Marcelo, estávamos em algum tipo de festa.

Sacudi a cabeça de leve, podia estar ficando doida. Me levantei e retornei para o banheiro a fim de tomar um banho.
Não demorei muito, saí do banho, me arrumei e abri a porta do quarto concluindo que não era bom ficar sozinha com essa dor de cabeça esquisita. Assim que olhei para a escada meus olhos alcançaram os dele e meu coração acelerou.
Eu tinha certeza absoluta que a presença dele havia me causado rebuliço dessa vez.

Respirei fundo tentando conter as sensações e o vi se aproximar com preocupação no olhar

- Como está se sentindo? -pousou a mão na minha testa checando a temperatura-
- Ainda não parou de doer, é como se eu tivesse acabado de sofrer o acidente, as dores na cabeça são tão semelhantes, talvez essa doa mais -assumi sentindo seus olhos nos meus-
- Eu trouxe o remédio, mas é melhor voltarmos ao hospital. Está com seus documentos aí?
- Não, estão na escrivaninha -disse me virando para ir pegar, mas Th me impediu-
- Deixa que eu pego, me espere aqui

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora