Caprichos do coração

Capítulo 80

Anitta narrando

Seu olhar era tão intenso que era como se eu sentisse minha pele arder enquanto ele me observava.

Th se pôs de pé e se aproximou me puxando para um abraço.

- Estava preocupado com você -assumiu só para que eu escutasse enquanto afagava meus cabelos-

Eu o apertei mais recebendo um beijo terno no topo da cabeça antes que ele se afastasse para me olhar.

- Como está?

Eu não sabia muito bem como responder aquilo. Não tinha uma definição que explicasse como era relembrar de tantas coisas e ainda me sentir um pouco deslocada.

Respirei fundo antes de voltar a falar.

- Acho que estou me sentindo como uma pessoa deveria se sentir depois desses acontecimentos -assumi sem saber explicar- Então, acho que tudo dentro do padrão de normalidade -dei de ombros-

Os olhos claros de Th se estreitaram pra mim e eu sabia que não era isso que ele queria, mas não estava pronta para falar de tudo ainda.

- Estou com fome, você vem com a gente? -desconversei e ele entendeu concordando levemente com a cabeça-

Me virei dando espaço para que minha mãe saísse do quarto

- Bom dia Dona Jô -o loirinho sorriu a cumprimentando-
- Bom dia meu querido -falou carinhosa- Como você está?
- Bem mais tranquilo agora -assumiu dando um sorriso de canto-
- Eu disse que poderia ir pra casa descansar que eu te daria informações sobre ela, menino teimoso
- Eu sei que sim, mas eu não aguentaria. Saí apenas para tomar banho e retornei
- Não deveria se preocupar tanto -eu disparei e senti os dois pares de olhos claros em mim- Quer dizer, eu só estava me lembrando -disse num murmuro por saber que eles interpretariam de forma errada e me arrependi de abrir a boca- Esquece, vamos comer
- Vamos -o loiro se pronunciou quebrando o clima estranho que eu havia criado-

Minha mãe passou na minha frente como se nos guiasse e bem, ela realmente estava guiando a mim.
Depois do abraço eu não toquei nenhum dedo em Thiago, nem olhei em sua direção. Estava receosa dos seus pensamentos depois do que eu tinha dito.

Tentei controlar minha respiração e agir com naturalidade, foi quando dobramos um dos corredores e demos de cara com Mary, a médica ruiva que praticamente se atirou pra cima do meu namorado.

Os olhos dela passaram dele pra mim como se estivesse surpresa em me ver

- Achei que tivesse recebido alta -exclamou com um sorriso torto na cara-
- E recebi -me limitei a dizer vendo ela dar de ombros e olhar para Th-

Ela não teve vergonha em fazer um check up nele e eu instantaneamente me senti incomodada.
Senti os dedos do loiro se entrelaçar com os meus e olhei para nossas mãos me lembrando das tantas vezes que tínhamos feito aquele simples gesto, mas que já fazia eu me sentir confortável.

- Bom, eu espero que não tenha acontecido nada a você -voltei meu olhar estreitando para a ruiva que falava claramente com Th e não comigo-

Sorri com deboche involuntariamente e então ela me olhou

- Thiago é comprometido, se você puder se colocar em seu lugar e respeitar o relacionamento dos outros  talvez ache um pra você -senti os olhos de minha mãe em mim e o aperto de Th na minha mão-
- Vem amor, não vale a pena -ele declarou me puxando para o outro lado e desviando de Mary-

- Então Anitta voltou com tudo? -ouvi de minha mãe e voltei a realidade em que eu infelizmente não debruçava Mary no tapa-
- O que?
- O que foi isso? -perguntou rindo e eu senti minhas bochechas queimarem de vergonha-
- Essa... -respirei fundo apertando os olhos- Descarada -murmurei me lembrando dela e ouvi a risada dos dois ao meu lado- Não tem graça -pronunciei como uma menina emburrada-
- Ta certo Ane

Enquanto comíamos meu pai apareceu junto de meus irmãos que me cumprimentaram com um abraço apertado.
A minha família era maravilhosa e eu não poderia negar isso de forma alguma.

Parei para observar eles conversando e rindo, todos ali juntos. Eu não tinha do que reclamar. Sabia que havia passado por muitas coisas nessa vida e que grande parte destas foram ruins, mas eu havia superado cada afundada com ajuda deles.
Cada um deles compunham quem eu era nesse momento.

Eles por mim e eu por eles, sempre foi assim e continuaria.

Sorri sentindo os braços de Th me envolverem por trás enquanto ele depositava um beijo na minha bochecha.

- No que está pensando?
- Em tudo -assumi e rodei meu corpo ficando de frente pra ele- Eu me lembrei muito de nós -ele sorriu-

Podia ser coisa de mulher apaixonada? Podia sim, mas aquele sorriso era o mais lindo que eu já tinha visto.
Sorri de volta e logo senti os lábios dele nos meus.
Ele apenas depositou um selinho e se afastou novamente.

- Isso quer dizer que se lembrou de como sou um idiota? -perguntou me fazendo rir-
- E de como é o amor da minha vida -falei tendo plena certeza daquilo-

Th me olhou por alguns segundos como se não acreditasse em minhas palavras e então sorriu abertamente dessa vez me puxando para um beijo.
Eu não relutei, apesar de que sentiria vergonha se minha família estivesse vendo aquele episódio, mas sabia que estavam todos distraídos conversando.

Assim que nos desvencilhamos eu tentei regular minha respiração e ouvi o toque do celular de Thiago.
Este enfiou a mão no bolso a procura do aparelho e o atendeu logo que viu quem era.

- Fala João -disse firme e eu observei a mudança de postura- Só era o que me faltava mesmo -bufou em descontentamento- Não o deixe entrar -avisou e desligou a chamada-
- Algum problema -indaguei chamando a atenção dele para mim-
- Não, nada com que deva se preocupar
- Thiago -repreendi por não me dizer do que se tratava-

Seus olhos saíram de mim e foram parar em algo atrás de mim, me virei para ver o que era e vi Ian

- Marcelo está aí -o loiro me olhou rapidamente e voltou seu olhar para meu irmão como se quisesse certeza de que ele também ouviu e o moreno confirmou de leve com a cabeça-

Esses dois ainda iam me matar.

- Quando foi a última vez que viu ele? -voltou-se para mim-
- Eu não sei, foi antes do dia que apareceu lá em casa e me contou sobre o que aconteceu, depois disso ele sumiu -o loirinho respirou fundo olhando em volta-
- E agora quer aparecer de novo? Me poupa -falou baixo como se conversasse com ele mesmo- As pessoas gostam de foder com as outras ne, não é possível -continuou-
- Ei -alcancei seu rosto com as palmas de minhas mãos o fazendo me olhar- O que está acontecendo aqui?
- Eu não sei Ane. A única coisa que sei é que sempre surge um filho da puta para nos atrapalhar
- E quem disse que vai? -seus olhos estagnaram nos meus- Eu amo você Thiago, não surte por causa de pouca coisa. Isso não afeta a gente, ta bem? -seu semblante sério foi substituído por um sorriso agora-
- Eu te amo morena