Capítulo 84

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Bônus Thomas

Desde a recuperação das memórias de Anitta os dias praticamente voaram. Já fazia cerca de dois meses que ela havia começado a se lembrar.

Nossas vidas se seguiram tranquilas até o dado momento, sem nenhuma "emoção" inesperada nem nada do tipo, o que era até um pouco preocupante visto que sempre estávamos passando por algum apuro.

Era através desses altos e baixos que eu sempre repeti pra mim mesmo "dinheiro realmente não é tudo".
Nossa família sempre teve uma estabilidade financeira exorbitante, mas nossa criação foi ainda mais alta que as cédulas. Acima de tudo nossos pais haviam nos ensinado a moldar um caráter respeitável e invejável.
Não que nossos focos fossem causar inveja, mas se isso acontecesse era porque estávamos no caminho certo.

Tivemos muitas lições vindas de nossos pais e eu podia afirmar com veemência que aprendemos com cada uma delas. Foi assim que nos tornamos quem somos hoje e sinceramente eu tenho orgulho disso.

Estava na casa de nossos pais juntamente com minha mulher e filhos.
Ian também estava lá com sua família, no geral só faltava TH que chegaria mais tarde por conta de um problema inesperado na sua empresa.

As crianças brincavam na sala e as mulheres estavam reunidas na cozinha fofocando e cozinhando.

Eu, Ian e meu pai até tentamos adentrar o local, mas quase levamos um grande pé na bunda para dar o fora dali.

Estava jogando conversa fora quando vi Anitta atravessar a sala correndo e ir rumo ao banheiro que havia no andar de baixo.
Minha mulher apareceu logo atrás me olhando com semblante preocupado e eu me levantei indo em sua direção.

- O que houve com ela?
- Eu não sei, ela disse que o cheiro da comida estava embrulhando seu estômago e logo em seguida saiu correndo com a mão na boca -disse enquanto íamos para o banheiro-

A porta estava fechada, tentei abrir, mas estava trancada também então só me restou bater na mesma.

- Anitta, abra a porta -pronunciei alto para que ela pudesse escutar, mas não obtive resposta- Por Deus -bufei- Abre essa porta menina

Alguns segundos depois ela girou a chave e abriu a porta se escorando nela
Anitta estava pálida e parecia um pouco fraca. A puxei apoiando em mim e a coloquei sentada num puff da sala logo ao lado

- O que aconteceu? -indaguei conferindo sua temperatura com a mão-
- Eu não sei, só -fez uma pausa respirando fundo- Me senti enjoada e um pouco fraca
- Vamos ao médico -exclamei pronto para apoia-la em mim novamente, mas ela me afastou-
- Não tem necessidade Thomas, deve ter sido algo que eu comi que não caiu bem, logo passa -afirmou com a voz relativamente baixa-
- Independente, não pode ficar assim
- Larga de bobeira, estou falando que logo passa -me olhou tentando soar convincente- Pode pegar um copo de água pra mim?
- Claro, já volto

Ela apenas concordou com a cabeça.

Me virei olhando para Lorena e com um olhar ela já entendeu meu pedido se colocando ao lado de Anitta para não deixa-la sozinha.

Busquei a água e levei até a moreninha de meus olhos e quando cheguei lá ela estava no banheiro novamente vomitando.

Olhei para Lorena assim que uma ideia atingiu minha cabeça.
Aquele tipo de reação era típico de mulher grávida.

Me recordei na mesma hora do dia em que Anitta comentou que não queria ter filhos, meu coração errou uma batida.
Não queria nem pensar que gravidez era uma possível opção porque não sabia como ela reagiria a isso.
Não era possível. Era?

Neguei rapidamente com a cabeça sentindo os olhos cor de mel em mim e sabia que minha mulher tinha chegado a mesma conclusão.

Assim que minha irmã saiu do banheiro veio direto em minha direção pegando o copo de água e tomando.

- Não tome tanta, pode querer vomitar mais -avisei-

Anitta respirou fundo como se recuperasse o fôlego perdido e eu a observei em silêncio. Meus olhos involuntariamente desceram para sua barriga procurando por alguma diferença, mas mesmo que tivesse a blusa soltinha não me deixaria ver.

Inferno!

- Nós definitivamente vamos ao médico, pode pegar seus documentos -pronunciei e dessa vez não teve luta, ela apenas concordou e foi fazer o que eu disse-

Anitta não demorou mais que cinco minutos para retornar com uma bolsa de ombro e eu a guiei até o carro avisando que ia a levar ao hospital e que logo voltariamos.

Cerca de vinte minutos e lá estávamos nós, fizemos a ficha médica dela e esperamos poucos minutos até que ela fosse atendida.

Anitta relatou o que sentia para o médico e logo em seguida retirou sangue para que fizesse alguns exames.

Esperamos bons minutos até que tivéssemos o resultado.
O médico adentrou a sala e passou algumas folhas analisando o que estava escrito.
Minha apreensão só não era maior do que no dia do parto dos meus filhos.

- Bom, não foi nada que você comeu -ele concluiu por fim sem deixar de olhar os papéis-
- Então o que tem de errado? -Anitta indagou-
- Você está grávida -falou finalmente subindo o olhar para ela- De um mês e meio

Eu não ouvi a voz dela por alguns minutos, nem consegui me virar para ver sua reação.

- Bom... é -pareceu pensar, mas nada mais saiu de sua boca-

Percebendo a situação o médico disse que ia nos deixar a sós por um momento e saiu.
Assim que a porta se fechou eu me virei para Anitta que encarava sua própria barriga agora com a blusa levantada.

Seus olhos marejados alcançaram os meus e eu senti uma pontada com aquele olhar

- Eu não sei o que dizer -deu um sorriso meio sem jeito-

Busquei uma cadeira no lugar com meus olhos e assim que vi a peguei colocando do lado de Anitta e me sentando.

Segurei suas mãos e a olhei nos olhos antes de me pronunciar.

- Eu não sei se você havia mudado de opinião desde a última vez que falamos disso, não sei também porque você não queria ter filhos, mas está acontecendo Anitta, já aconteceu -as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto- Me diz, como se sente?

Ela respirou fundo

- Eu não sei -pareceu analisar a situação- Sempre tive medo de não ser uma boa mãe ou de passar por coisas que nossos pais tiveram que passar comigo e não conseguir lidar com tudo -assumiu-
- Anitta não, por favor não pense assim. Você vê seus sobrinhos? -ela concordou com a cabeça- Pois bem, pense que ter um filho vai ser como ter um sobrinho só que esse vai ser seu. Você cuida como ninguém dos meus filhos e dos de Ian também, vai ser uma mãe excelente. Além do mais, você é forte e vai saber lidar com qualquer adversidade que tiver de enfrentar. De qualquer forma sempre vamos estar aqui pra você.
- Eu e Thiago conversamos sobre isso uma vez -começou- ele me fez prometer que eu pensaria na possibilidade de ser mãe e que no fim das contas se eu realmente não quisesse, que fosse por qualquer coisa que não o medo -sorriu de leve- Vocês me mantém firme, obrigada por isso -sorriu me puxando para um abraço-

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora