Capítulo 39

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Th narrando

Depois das palavras que ouvi da boca de Ane eu saí da loja planejando algo que a fizesse me perdoar pela maneira como agi. Eu não tinha o direito, e ela estava com toda razão do mundo.
Se eu era um grande babaca? Sim, eu com certeza era o primeiro da lista de piores mancadas possíveis.

Até hoje eu não consigo entender como Anitta me laçou assim. Eu poderia ter várias mulheres, eu poderia estar por aí curtindo uma por dia, ou com um intervalo de horas em horas, mas eu tava aqui quebrando minha cabeça pra me desculpar com uma única mulher.

Esses pensamentos me fizeram sorrir e lembrar de como ela sempre me provocava e brincava com fogo no começo. Talvez seja todo esse jogo de cintura que ela tem que acabou me deixando apaixonado.
Lembrar de seu corpo, seu cheiro, seu beijo, seu toque, me deixa tenso porque sei onde meus pensamentos vão parar.

Eu queria poder estar com minha morena agora, agarrando-a pela cintura e colando seu corpo no meu.

Merda

Balanço a cabeça tentando afastar os pensamentos impuros que me dominavam

Eu precisava muito dessa mulher.

Me direcionei para a chácara, eu prepararia uma noite maravilhosa pra nós dois, pediria para João trazê-la para cá assim que terminasse seu trabalho na loja, pedi Cherry para que pegasse algumas roupas e coisas que Ane provavelmente precisaria e entregasse para Diego trazer para mim.
Organizei as coisas conforme o gosto de Anitta e após tomar um banho demorado e me arrumar, esperei a chegada de minha morena.

Ela estava atrasada, eu resolvi esperar mais um pouco, talvez fosse só um imprevisto no trânsito.
Não demorou muito mais para que João me ligasse.

- Fala, onde estão?
- Bom, é que ela ainda não saiu da loja, nem Luck, acho que estão conversando ou organizando alguma coisa
- Inferno, isso lá é hora de organizar loja -reclamei- Eu preciso que traga ela para cá e preciso que isso aconteça pra ontem
- Th -disse diferente-
- Diga
- Tem um carro estacionando aqui
- O que? Que raios de carro João?
- É um homem -disse sem responder minha pergunta- Tem porte físico

Rapidamente me lembrei do tal Marcelo

- Me dê características precisas -pedi sério enquanto pegava a chave da minha moto e saía da casa-
- Alto, pele clara, cabelo escuro
- Olhe o carro, parece o tipo de carro que um militar teria condições de comprar tranquilamente?
- Sim
- Desgraçado, não o deixe entrar
- Ele está analisando a porta, parece estar tudo apagado, mas o reflexo da luz do salão de entrada está visível -deu uma parada- Você está dirigindo?
- Não é hora de me repreender João, quero que fique de olho nele, se tentar entrar desça do carro e o impeça, eu não demoro chegar -disse e desliguei-

Se eu já tiver chegado tão rápido em um lugar com distância no mínimo parecida da minha chácara até a loja de Ane como eu cheguei hoje eu menti.

O tal do cara ainda estava lá, estacionei e desci da moto sem nenhum pudor, ouvir as batidas dele na porta de vidro da loja e ouvi a voz de Anitta perguntando se era João.

Antes que eu pudesse falar algo, o homem a minha frente se virou percebendo minha presença

- Desculpe, quem é você?
- A pergunta aqui é quem é você -disse o encarando-

As luzes de fora estavam apagadas e a única coisa que trazia pouca claridade pro local era a iluminação dos postes das ruas, mas mesmo assim eu sabia que era ele. A fisionomia me remetia lembranças exatas da foto que vi na lista de clientes de Anitta.

- João? -ouvi Ane chamar pelo microfone da campainha-
- Não abra a porta -ordenei sério-
- O que está acontecendo Thiago?

Aquilo me pegou desprevenido, eu sei que era coisa boba, mas ela nunca me chamava de Thiago e isso deixava claro que as coisas estavam bem erradas e fodidas entre nós. Tentei não pensar nisso no momento.

- Anitta -Marcelo chamou-

Achei que ela não tivesse ouvido até ouvir sua voz bem mais baixa que o normal

- Marcelo -foi a única coisa que disse por um momento- O que está fazendo aqui?
- Eu só quero conversar

Fez-se silêncio de novo por alguns minutos, ouvi Anitta respirar fundo e logo a porta foi destrancada.

Anitta estava com fisionomia abalada, tinha chorado, alguma coisa aconteceu antes de eu aparecer. Luck se encontrava logo atrás dela, o olhei tentando descobrir o que estava acontecendo afinal de contas, mas o mesmo não sustentou meu olhar, simplesmente acariciou os ombros de minha morena.

Marcelo estava em total silêncio observando Anitta e isso estava me tirando do sério, não demorou muito para que ele a puxasse pra um abraço e eu como um idiota nem fui percebido ali

- Eu não deveria estar a par de alguma coisa? -perguntei chamando a atenção de Ane que se mantinha estática-
- E quem é você mesmo? -Marcelo se virou pra mim de novo-

Olhei para Anitta antes de responder e retornei meu olhar para ele
- Segurança pessoal de Anitta
- Então pode ficar tranquilo e abaixar a guarda, eu e Anitta nos conhecemos a muito tempo e eu só quero conversar com ela
- Eu não quero -ela disse ainda baixo e nós a olhamos-
- O que? -o indivíduo do meu lado perguntou parecendo confuso- Achei que tinha abrido a porta para que pudéssemos conversar
- Eu preciso ir embora, eu... -ela me olhou como se suplicasse para tirá-la dali-
- Venha -peguei em sua mão a trazendo para perto de mim-

Passei meu braço pela sua cintura e virei a mesma oara conduzi-la até o carro

- Anitta, por favor, eu tenho te procurado a tanto tempo, sempre dava errado, sempre tinha algo que me atrapalhava. Nós precisamos conversar, você sabe que sim, eu preciso de você

Não tinha palavras que definissem minha raiva com a última coisa que ele falou "eu preciso de você". Precisa o caralho ô filha da puta.

Meu corpo ficou tenso de raiva e parecia que meu sangue tinha começado a ferver, fechei minha mão pronto para virar e socar a cara dele, foi quando senti Anitta me abraçar

Não foi a primeira vez que eu havia me surpreendido com ela nesse dia, e eu sentia que não era a última. Seus braços apertaram mais em volta do meu corpo e eu ouvi ela pedir baixinho

-Vamos sair daqui, por favor, eu não quero ver isso, por favor

Eu já tinha visto Ane abalada, mas nunca como agora, parecia mais uma criança que precisa da proteção dos pais. Eu a envolvi com meus braços assim que fiz sinal para João sair do carro e cuidar do problema que tínhamos agora.

- Ei, -chamei tentando manter a serenidade- Tudo bem, eu vou te tirar daqui ta? -a apertei em meus braços-

Ela levantou o rosto e me olhou, parecia me analisar a fundo e ver seu semblante abalado me quebrava.
Acariciei a lateral de seu rosto a fazendo fechar os olhos e depositei um beijo em sua testa, logo em seguida a tirei dali em silêncio.

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora