Capítulo 38

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Primeiramente eu quero pedir desculpas a todos os leitores pela minha ausência por aqui, em consequência pelo interrompimento na história de Th e Anitta. Final de ano é sempre mais corrido, muitas coisas pra fazer e eu acabo não tendo tempo para prosseguir com a história visto que também preciso descansar para conseguir lidar com as responsabilidades do dia seguinte e assim por diante. Peço a compreensão de todos vocês. Eu juro que vou tentar adiantar a história a partir da semana que vem pois vou estar mais tranquila em relação as minhas obrigações. Espero que curtam o capítulo, qualquer dúvida esclarecerei assim que ver, beijos 😘

Anitta narrando

Eu tentei não me focar na raiva que eu estava de Th e no quão idiota ele havia sido, porque eu precisava terminar meu trabalho. E foi assim que abri a porta da minha sala com um sorriso.

- Mil desculpas pela confusão -disse envergonhada chamando a atenção da cliente-
- Que isso, coisas assim acontecem -sorriu simpática- Vocês são um casal?

Essa pergunta me pegou de surpresa e eu tirei os olhos dos desenhos dos vestidos sob a mesa para encara-la.

- Desculpe, fui indiscreta -foi a vez dela sorrir envergonhada e eu ri divertida vendo a cena-
- Por que acha isso?
- Vocês ficam bonitos juntos, não sei, parece que há uma sincronia sabe?

Eu não tinha o que falar, Th chegou aqui quase arrancando a porta e com a maior carranca do mundo e minha cliente diz que parece que temos sincronia. Fico imaginando se ela visse nós dois em um momento natural.

- Talvez eu seja louca também, todo mundo diz que acredito demais nessa coisa de encaixe com a pessoa certa. Olha, eu tô falando demais ne? Desculpe -eu retornei a rir-
- Nós estamos juntos sim, fico feliz que parecemos nos encaixar -sorri recebendo um sorriso de volta- Bom, vamos voltar aos vestidos?
- Claro, eu acho que esse creme com vermelho seria ideal. Não é um vestido branco, não vai ser como se eu fosse uma noiva ne?
- Eu acho que pode ser uma ótima escolha, vem comigo, eu vou te mostrar alguns modelos das duas cores, você experimenta e decide qual acha melhor
- Tudo bem

...

O resto do meu dia se passou dessa maneira, atendendo clientes e volta e meia pensando no Loirinho. Mas eu precisava tirar ele da cabeça então o quanto mais eu me ocupasse, menos pensava nele. Foi o que decidir fazer. No fim do expediente organizei minhas coisas e finalmente saí da sala, parei na bancada de Luck e o mesmo me olhou sorrindo.

- Cansada chefinha?
- É Luck, hoje o dia foi daqueles.
- Você pegou clientes que não tinham horário marcado com você, o que houve?

Eu sorri de lado percebendo o quanto Luck era valioso pra mim, me conhecia tão bem e se preocupava.

- Vamos, pode ir dizendo -ele insistiu saindo de trás da bancada e me guiando até o sofá-
- Th agiu feito um idiota hoje e me tirou do sério, mas eu não parei de pensar nele durante o dia
- E foi por isso que tentou se ocupar o dia inteiro?
- Ele nem apareceu na minha sala mais
- Ele não voltou aqui mais -Luck disse devagar me olhando-
- O que?
- Ele saiu, concluí agora que foi logo após vocês conversarem, depois disso ele não retornou para a loja. Mas eu ouvi o João atualizando as informações para ele numa ligação.
- Que diabos esse homem ta achando que é? Aaah -bufei- Eu sou uma idiota Luck, uma grande idiota
- Ei, ei -disse segurando meu rosto delicadamente me fazendo olhar pra ele- Respira. Ele deve ter tido algum imprevisto e foi resolver, não se deixa levar pela raiva
- Imprevisto? Ele está é me evitando. Ele simplesmente chegou na minha sala como se fosse Deus, e me arrastou de lá até o fim do corredor pelo braço como se eu fosse uma criança mal criada.
- Anitta, ele perdeu a cabeça
- Por que está defendendo ele?
- Não estou, eu também acho errado a forma como ele agiu com você e tu tem todo o direito de ficar brava com isso, mas veja bem, ele foi conferir a sua lista de clientes e achou um ex militar no meio

Parei de pensar em quantas maneiras diferentes eu podia matar Th e voltei minha atenção para o Luck

- Ele te perguntou sobre isso?
- Ele me perguntou se eu conhecia -deu de ombros-
- O que disse?
- Eu conheço? -entendi o ponto- Eu não sei nada da sua vida até o momento que me inseri nela, e da forma como as coisas aconteceram eu comecei a ficar pertubado com essa história. Olha, você não precisa me contar quem é esse cara, só me diz se ele representa risco na sua vida

Olhei para ele e respirei fundo desviando o olhar

- Marcelo. A gente teve um caso alguns anos atrás.
- Anitta
- Shii, eu nunca falei disso com ninguém, minha família são os únicos que sabem, eu quero te contar
- Tudo bem -pegou a minha mão e apertou me passando confiança-
- Ele não era militar na época em que nos conhecemos, ele tinha largado seus sonhos pra cuidar da sua filhinha, Alice. A mãe da menina era uma desgovernada, aprontava tanto que o Marcelo conseguiu tirar a guarda dela e proibir ela de ver a filha. Foi aí que a gente começou a se conhecer e as coisas acabaram acontecendo. Ele tinha o sonho de virar militar, mas não o faria por causa de Alice que era muito pequena e não tinha ninguém de confiança pra ficar com ela. Foi aí que decidi que poderia ajudar, eu amava ele Luck, e eu quis fazer aquilo.

Respirei fundo antes de continuar

- Convenci ele a se alistar, com muito custo. Disse que eu conseguiria me virar com Alice e que conforme ela fosse crescendo íamos nos tornar grandes amigas, ele ria em imaginar e agradecia todo meu amor em forma de amor também. Éramos felizes. Tempos depois eu já me sentia como se fosse mãe de Alice, sempre que ele podia ter contato, ligava para nós por vídeo chamada e conversávamos até o último minuto que ele podia. E esperávamos ansiosos pelo próximo dia que poderíamos nos ver.
Alice tinha dois anos quando aconteceu. Marcelo estava em uma missão perigosa, e nós duas em casa, estávamos em perigo sem ao menos saber.
- Meu Deus, o que aconteceu Anitta?

Olhei para Luck tentando não desabar em lágrimas, se tinha uma coisa na vida que poderia me afundar totalmente, era isso.

- Invadiram a casa, eram quatro homens, descobrimos um tempo depois que faziam parte de uma facção, mas não conseguimos chegar no x da questão. Eu prometi proteger Alice, disse que me daria bem com ela e que seríamos melhores amigas a medida que ela fosse crescendo, mas eu não tive a chance
- Anitta... -apertou mais minha mão já entendendo onde acabou-
- Eles levaram ela, eu não pude fazer nada, tentei brigar, mas quatro homens não era bem uma quantidade balanceada pra eu lidar. Nós fomos atrás, utilizamos todos os nossos recursos pra achar os desgraçados, mas a única pessoa que encontramos foi Alice, morta numa poça de sangue, em um galpão abandonado numa cidadezinha do interior.
- Isso não foi sua culpa -ele disse sentido-
- Eu prometi
- Você não tinha o controle da situação
- Ela era como uma filha pra mim -ele se calou- filha que não saiu de dentro de mim mas eu amava como se fosse. Eu amava os dois, e por minha falta de segurança ele perdeu a coisa mais preciosa que ele tinha na vida
- Ele te culpou por isso?
- Nunca -disse baixo-
- Então por que você se tortura assim?
- Luck, se você tivesse uma filha, amasse ela mais que tudo no mundo e ela fosse assassinada enquanto estava sendo supostamente protegida por alguém em quem você depositou sua confiança total, como se sentiria? -ele ficou calado- Exatamente, eu me senti devastada, ele podia nunca ter me culpado pelo que aconteceu, mas eu me culpava, eu me sentia fraca, tosca, inútil, entrei em depressão crônica e dei um trabalhão pra minha família e por isso me sentia pior ainda. Eu fiz coisas que você não vai querer saber, e eu ainda sinto a dor, o peso da morte da pequena Alice, eu queria poder voltar no tempo pra fazer tudo diferente. Eu sou grata por ter consguido sair da depressão, achei por muitas vezes que era um caminho sem volta e pra muita gente parece ser. Não existe palavra que defina o quão terrível é estar em uma situação dessa, mas eu tive minha família comigo em todos os momentos e eu sou eternamente grata a eles por tudo.

Luck não disse não, só se levantou me puxando e me abraçando forte. Eu permaneci ali, calada, sentindo as lágrimas escorrerem sem o meu controle e sentindo um aperto no coração por lembrar de Alice.

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora