Capítulo 20

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Th narrando

- Bom, você ja conhece tudo -George parou dando um sorriso cínico e juntando as mãos a frente de seu corpo-
- Há uma sala no terceiro andar da qual você pulou, o que tem la? -perguntei sério cruzando os braços-
- Essa informação não interfere no seu serviço Thiago
- É Th, e sim, interfere. Mas se você não quer me apresentar, pode deixar que eu mesmo dou meus pulos -disse virando as costas e saindo-

Eu tinha estudado toda a corporação e todos os ambientes que George havia me apresentado eu sabia de cor, exceto aquela maldita sala no terceiro andar. Era a mais vigiada e mesmo manipulando as câmeras, eu nunca via ninguém entrar la.
Inerte em meus pensamentos acabei esbarrando em uma mulher.
Ela parece ter travado ao me ver e rapidamente abaixou pra pegar suas coisas. Fiz o mesmo para ajuda-lá e ao voltarmos a nossa postura normal ela retornou a me olhar intrigada.

- Perdão, eu estava distraído -disse a encarando minunciosamente-
- Ah, não, não, tudo bem -respondeu meio atrapalhada e ia saindo mas eu a segurei com leveza-
- Nos conhecemos? -estreitei os olhos e vi por um instante um receio em seu olhar-
- Não, provavelmente não -disse e se soltando de mim saiu andando com rapidez-

A observei por um segundo e continuei meu trajeto.
Meredith, era o nome no crachá. Não havia nenhum sobrenome nem nada mais que eu pudesse me apegar para descobrir o que de fato aconteceu ali. Mas eu acharia.

No elevador encontrei o superior de todos ali e sorri cinicamente me posicionando ao seu lado.

- George te apresentou a corporação?
- Sim, mas faltou algo -disse ja sabendo que ele entenderia-
- A sala do terceiro andar é privada, ninguém entra, são regras.
- Ninguém mesmo? -joguei com ele-
- O que está querendo Thiago? -se virou pra mim-
- É Th -me virei pra ele também- Pode até ser que ninguém entre lá, mas você sabe o que tem la dentro, e eu quero saber o que é
- Isso é só curiosidade de principiante, logo você aprende que regras devem ser seguidas
- Se trata de confiança Antônio, se eu não conhecer esse lugar e as pessoas que por aqui circulam, como vou confiar minha vida a vocês?
- Não estou aqui para brincadeiras Alvarez -disse sério enquanto pronunciava meu sobrenome-
- Claro que não

A porta do elevador se abriu e eu sai antes que cometesse alguma besteira e colocasse tudo a perder.

Essa provavelmente seria a coisa mais difícil e terrível que eu faria. Enganar a corporação exigia uma tática infalível e eu pretendia ter essa tática.
Eu sei bem que vingança não é la a coisa mais sensata do mundo e nem foi o que aprendi durante minha juventude. Mas eu sentia a necessidade de vingar a morte do meu pai, não era justo que por alguém que se julgava amigo dele, ele tenha morrido.

Fui para o meu quarto a fim de tomar um banho gelado enquanto tentava incansavelmente esfriar a cabeça.
Eu precisaria mudar um pouco meu foco, mas sempre que pensava em outra coisa, era de Ane que eu me lembrava.
E a vontade de voltar e tê-la nos braços era quase irresistível, mas eu sei bem que essa missão ia ficar indo e voltando na minha mente, como quem veio pra foder a vida da pessoa. Eu não conseguiria ficar em paz com Anitta se não resolvesse os meus problemas.

A água fria me fez bem de certa forma. Claro que não fez milagre mas ajudou.
Sai do banheiro com a toalha enrolada em meu quadril e dei de cara com Meredith em frente a porta do meu banheiro.

- Eu deveria perguntar o que faz aqui? -olhei sério para ela que me analisou de cima em baixo-
- Desculpe, eu não deveria ter entrado, vim entregar seu cartão de entrada na corporação e você não atendeu a porta então resolvi me certificar de que estava tudo bem.
Eu ri debochado.
- Não se pode tomar um banho mais e as pessoas ja pensam que você morreu -disse estendendo a mão para ela e pegando o cartão- Obrigado.
- Eu vou indo -disse enquanto se virava para sair dali-
- Espera

Meredith parou e permaneceu de costas para mim por alguns segundos antes de perguntar se poderia ajudar em alguma coisa.

- Pode me dizer de onde nos conhecemos -eu falei tentanto arrancar dela alguma Informação-
- Não nos conhecemos.
- Não mesmo? Porque eu poderia jurar que lembro de você de algum lugar -dei passos em sua direção e vi ela ficar tensa-
- Está enganado Alvarez
- Th -cheguei mais perto dela que deu um passo grande pra trás se afastando- Me diga, de onde você é?
- Sou daqui
- Não, não é. Seus traços desmentem tal informação. Se não nos conhecemos, o que te custa me dizer? É de Portugal? Espanha? Vai, diz. -voltei a ficar próximo dela não a dando saída pois a parede estava logo atrás de seu corpo-
- Por que quer saber sobre mim?
- Porque sei que está mentindo -passei a mão pelo teu rosto acariciando e senti seu corpo ficar mais tenso-
- Não estou e mesmo que estivesse eu não tenho a obrigação de te falar nada -olhou firme nos meus olhos e eu sorri aproximando meu rosto do dela e chegando perto de seu ouvido-
- Não preciso te obrigar a nada Meredith -pousei minha mão em sua cintura e sua respiração ficou mais profunda-

Voltei a olhar seu rosto e a prendi contra a parede e meu corpo. Ela fechou os olhos e respirou fundo.
- Abra os olhos -a encarei esperando que o fizesse- Vamos, abra os olhos Meredith -falei firme e apertei minhas mãos em sua cintura-
- O que quer de mim?
- A verdade. Já fomos pra cama juntos?
Ela me olhou e permaneceu calada.
- Vamos, me responda de uma vez.
- Sim

Olhei para ela que aparentemente dizia a verdade e a soltei me virando e passando as mãos no cabelo.

- Quando aconteceu?
- Há dois anos
- Onde te conheci?
- Num bar
- George's Buffirmen -disse me recordando- Você dança bem
- Eu sei, disse isso muitas vezes aquela noite
- Dançou pra mim
- Sim eu o fiz, mas você não me deixou terminar, me levou pra cama e transamos
- Durante a noite toda
- Exato, posso ir agora?
- Estava lá por que a corporação te mandou?
- O que? Acha que eu transaria com alguém porque a corporação mandou? Sério?
- Então quer me dizer que foi um acaso?
- Não, apenas disse que não foi pela corporação. Ja havia te visto antes, fui atrás pra saber quem era e fiz acontecer por conta própria.
- Me procurou pra transar? -olhei pra ela surpreso-
- Bom, vamos dizer que os boatos são verdadeiros.
- O que? Quem te falou de mim?
- Ah, por favor ne Th, sejamos sinceros, um homem feito você que faz o que você faz entre quatro paredes, acha mesmo que quem ja teve a sorte de curtir esse teu corpo ia ficar calada? Me poupa, eu tenho trabalho a fazer.

Dito isso ela se virou, abriu a porta e saiu. Sentei na cama e lembrei de Ane.
Eu sou um fodido da porra, se esses boatos chegarem nos ouvidos de minha morena ela literalmente nunca mais vai querer olhar na minha cara.

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora